ROTEIRO HISTÓRICO DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO AMAZONAS
ROBÉRIO BRAGA
HISTÓRICO GERAL
1868. Fala-se, pela primeira vez na idéia da criação de uma Biblioteca Pública. Trata-se de sugestão do Deputado Gustavo Adolpho Ramos Ferreira, na Assembléia Legislativa.
1870. Ramos Ferreira na presidência do Legislativo sugeriu ao Presidente da Província João Wilkens de Mattos. Como se Chefe do Executivo, na abertura dos trabalhos legislativos, a 25 de março “faz o seguinte pronunciamento. “O vosso digno Presidente manifestou-me a idéia de estabelecer em uma sala do Lyceu para os alunos e para a comunidade de um modo geral uma Biblioteca”. Pede donativos de obras impressas de um modo consignação de 300$00 réis “para a compra de acervo.
O projeto de lei foi apresentado ao Poder Legislativo pelo Deputado Aprígio Martins de Menezes em 30 de abril de 1870. a 14 de maio do mesmo ano, o Deputado Irênio Porfírio da Costa, requer que fosse discutido de imediato. A 17 de maio o Presidente da Província, Clementino José Pereira Guimarães, Deputado à Assembléia Legislativa Provincial, major comandante da 1ª secção do batalhão de artilharia do município da capital, 3ª vice-presidente da província do Amazonas.
Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Legislativa Provincial decretou e eu sancionei a lei seguinte:
Art. 1º – Fica desde já creada, no edifício quem que funciona o Lyceu, uma sala de leitura, que servirá de núcleo a Biblioteca Pública da Província.
Art. 2º – O presidente da província fica autorizado a confeccionar o respectivo regulamento.
Art. 3º – Regogão-se as disposições em contrário. Mando portanto a todas as autoridades à quem o conhecimento e a execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como n’ella se contem.
O secretário da província a faça cumprir, publicar e ocorrer.
Dado no palácio da presidência da província do Amazonas, em Manáos, aos 17 dias do mez de maio de 1870, 49º da independência e do Império.
Clementino José Pereira Guimarães.
1871. Em janeiro, Ramos Ferreira, era Diretor da Instrução Pública, e em relatório apresentado ao Presidente da Província afirmava: “Compraram-se alguns objectos pertencentes à mobília; chegaram parte dos livros que se haviam ecommendado; está se organizando o respectivo catálogo; e eu espero em breve submetter à approvação de V.Exª, o regimento interno. Como fui o iniciador da idéia da sua execução, desculpe-me V.Exª, o dizer que é muito insignificante a verba concedida pela Assembléia para uma instituição tão importante, e que pode ter excelente resultados”.
– Em 19 de março , as 11 horas, na presença de várias autoridades, dentre as quais: o Coronel José de Miranda da Silva Reis, então Presidente da Província, foi instalada solenemente a Sala de Leitura, “em uma das salas do pavimento superior de velho sobrado à Travessa da Imperatriz, arrematado pelo Governo, no Juízo de Órfãos, para nele funcionar o Lyceu.
1 – “Apresentar-se decentemente vestido”.
2 – “Não fumar, não conversar nem perturbar de forma alguma o silêncio e a tranqüilidade na sala”. Papel, pena e tinta eram fornecidos aos leitores que quisessem, tomar algum apontamento.
1871. Neste biênio a Sala de Leitura ficou sob a responsabilidade do Secretário da Diretoria da Instrução Pública, José Ferreira Fleury, “sob a imediata direção do titular da Instrução Pública”, atendendo determinação do próprio Presidente da Província.
– O quadro do pessoal era composto por, um Bibliotecário (com a gratificação de quatrocentos mil réis) e de um Porteiro (recendo trezentos mil réis).
– O orçamento do biênio, consignava a quantia de “um conto de réis para a Compra, preparo e encadernação de livros e utensílios para a Biblioteca”.
– Seu acervo bibliográfico inicial era estimado “em cerca de 1.200 volumes, constituindo-se: “dos livros arrecadados pela comissão nomeada por Clementino Guimarães; da parte, já recebida, da encomenda que fora feita aos livreiros da Corte; e de algumas coleções já existentes nas estantes do Liceu”.
1874. Em março deste ano, o Doutor Domingos Monteiro Peixoto, Presidente da Província do Amazonas, diz que “acha-se concluído este próprio provincial” (atual quartel da Polícia Militar à Praça Heliodoro Balbi) e “atualmente já nele funcionam o Liceu, a Biblioteca Pública, a Assembléia Provincial, e a Repartição das Obras Públicas”.
– O Presidente da Província, Domingos Monteiro Peixoto, entregou ao Engenheiro Joseph Gaune, que se encontrava na Europa, a quantia de dois contos de réis para a escolha e compra de bons livros para este estabelecimento”. Tal compra, no entanto, até março de 1876 não havia sido executada.
1876. Em relatório, o Presidente da Província, Antônio dos Passos Miranda, comunica que a biblioteca” funciona na mesma sala da diretoria da instrução pública. Apesar da pouca freqüência dos visitadores, o catálogo dos livros existentes é ainda assaz incompleto e conviria mesmo provê-lo de algumas obras de utilidade geral”.
– Este, segundo Genesiano Braga (1957), “a última notícia encontrada em documentos oficiais sobre a Sala de Leitura, afirmando, mais tarde, Bento Aranha, que “desaparecera do Liceu, sem se saber como e quando, fato que só foi constatado em 1882, ao se tratar da organização da nova Biblioteca Pública Provincial”…
1880. A mensagem apresentada pelo Presidente da Província, Sátiro de Oliveira Dias em outubro deste ano diz que “a biblioteca, que se diz haver sido fundada, existe apenas no nome”…
1882. A 27 de maio, “A Biblioteca do Estado foi criada por disposição da lei nº 582”.
– “Paranaguá não encontrara, juntamente com a antiga Sala de Leitura, dotação alguma que se referisse à Biblioteca. Então, na proposta orçamentária que apresentara ao Poder Legislativo convertida depois na lei nº 582, para o exercício de 1882-83, mandara incluir a verba de seis contos de réis consignada a “Pessoal da Biblioteca Provincial, expediente e compras de utensílios”.
– Á esta época era Presidente da Província do Amazonas, o Doutor José Lustosa da Cunha Paranaguá que “mandara vir diretamente da Europa, preferencialmente dos editores parisienses, obras valiosíssimas, importantes coleções, selecionadas e indicadas pelo erudito Barão de Ramiz Galvão, que dirigia a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Encarregara-se de fiscalizar essas compras, na Cidade-Luz, o Visconde de Nioac, – Manuel Antônio da Rocha Freire que ali residia, com a sua comenda da Legião de Honra e a sua paixão pela bibliofilia. Mais de mil volumes foram de Paris remetidos, via Havre, para Manaus, chegando pelo vapor “Paraense”, isentos de despesas e de direitos alfandegários. Sete contos de réis custaram ao erário provincial, quantia entregue, ao Barão de Ramiz Galvão.
Paranaguá, determinava a organização de uma seção constituída exclusivamente da bibliografia amazônica, solicitando do escritor Franklin Dória, na Capital do Império, a indicação das obras para possível aquisição.
No livreiro B. L. Garnier, foram adquiridas, em conjunto com outras sobre o Brasil, num total de oitenta e dois volumes, pelo custo de dois contos cento e quatro mil e duzentos réis.
Em Manaus e no interior da Província, enquanto demoravam as encomendas dos livros feitas na Europa e Rio de Janeiro, processou-se animadora campanha para a aquisição de donativos em dinheiro e ofertas de obras, numa bela prova de colaboração particular à iniciativa oficial de Paranaguá”. Em função disso, várias pessoas, políticos influentes e gente do povo iniciaram campanha, na capital e no interior, para angariar verba. Paralelamente, “exemplares avulsos eram presenteados por particulares. D. Maria Nazaré Brígido dos Santos ofereceu treze volumes de literatura e o engenheiro Joaquim Leovegildo de Souza Coelho, por sua vez, doou duas cópias das cartas do Juruá, Maué-Açu e Abacaxis, levantadas pelo geógrafo inglês William Chandles. “Das repartições públicas vieram ofertas. O Ministério da Marinha ofereceu vários mapas, dentre os quais se destacam as preciosas cartas hidrográficas do Rio Juruá, em 10 folhas, e o Mapa do Amazonas. O Ministério dos Negócios da Fazenda ofertou uma coleção da legislação brasileira e outras publicações da Tipografia Nacional; e a nossa Assembléia Legislativa Provincial ofereceu a coleção completa dos seus anais desde o ano de 1852 em que se inaugurara a Província e se constituirá o nosso Poder Legislativo”.
1883. A 3 de março, “é nomeado o primeiro bibliotecário, o senhor Lourenço Pessoa”.
Nessa época, “os livros da antiga biblioteca do Liceu, quase todos castigados e os da Diretoria da Instrução Pública, depois de convenientemente inventariados, passaram para o consistório do lado oriental da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição”.
A 8 de março, “José Paranaguá havia dado um regulamento. Por ele a Biblioteca ficava aberta das 17 às 21 horas, executando-se os dias santos e feriados, os de semana santa e os de carnaval, quando permanecia fechada.
Os seus livros preciosos e aqueles outros enriquecidos de belas estampas ficavam numa mesa especial. As obras reservadas só seriam fraqueadas com a máxima discrição e a cópia dos seus manuscritos dependia de autorização presidencial e só seria facultada às pessoas de notório saber. Os menores de quatorze anos estavam proibidos de freqüentá-la e os menores de 21 não tinham o livre alcance das obras que ofendessem a Moral e a Religião”.
A 25 de março “sob a autorização diocesana de Dom Macedo Costa, finalmente se instalou a Biblioteca”.
“Situada numa pequena elevação, o presidente Paranaguá mandou construir uma pequena escada de pedra que facilitasse o acesso ao consistório da igreja”.
A data de sua inauguração foi escolhida em função do aniversário da Constituição Política do Império.
“A solenidade decorreu com extraordinária pompa, tendo a ela comparecido, além do presidente Paranaguá e demais autoridades públicas e militares, o preclaro bispo Dom Antônio de Macedo Costa”.
“Estava fundada a Biblioteca Pública Provincial”. Seu acervo era constituído de “mais de três mil volumes e vários mapas geográficos estavam expostos”.
A 27 de março do mesmo ano, “foi fraqueada ao público de Manaus. Em quatro dias apenas registrou-se uma freqüência de 122 pessoas. O encardenador João Manuel Fortunato, animado com o que se realizara, se ofereceu a trabalhar gratuitamente, durante o período de um ano em seu benefício, fornecendo o material necessário às encadernações”.
A 29 de março, “o Deputado Antônio José Barbosa apresentou aos seus pares um projeto de lei autorizando o presidente a despende até a quantia de sessenta contos de réis para custear a construção desse edifício. A autorização do dispêndio, neste contida, fixava realmente a quantia de sessenta contos de réis, mas, convertida em lei, estabelecia esta somente quarenta contos de réis, (lei nº 608, de 4 de junho de 1883)”.
“Em agosto de 1883 foi registrada uma freqüência de 244 pessoas, de ambos os sexos, número esse bastante elevado em vista das condições intelectuais de Manaus que contava ao tempo com uma população calculada em 10.000 almas”.
“Agora a maior preocupação era dotar a Biblioteca com um edifício apropriado. Nesse sentido já se manifestara o presidente Paranaguá em relatório lido a Assembléia, no início dos trabalhos legislativos de 1883”.
1883/1884. O orçamento deste biênio, “elevava de seis para sete contos de réis a referida verba, e na consignação obras públicas”, incluía os quarenta contos de réis, para a construção de um edifício para a Biblioteca, inclusive a indenização da planta aceita.
1884. Em janeiro deste ano, o acervo bibliográfico somava “cerca de 5.000 volumes e o registro de freqüência acusava 192 leitores, que haviam consultado 45 obras científicas e 83 literárias”.
No mês de fevereiro, assume provisoriamente, o Governo da Província, o comendador Guilherme Moreira na qualidade de seu 1º Vice-Presidente e que, num gesto heróico e de grande desprendimento, recebida seus horonários e “imediatamente mandava recolher, aos cofres do Tesouro Provincial em benefício da Biblioteca Pública”. Procedendo desta forma enquanto permanecer à frente do Governo.
Neste mesmo mês, “o bibliotecário Lourenço Pessoa deixou o cargo para ocupar a cátedra de Pedagogia da Escola Normal. Substitui-o o bacharel Antônio Manuel de Souza Oliveira, que também pouco se demorou na chefia dos serviços da Biblioteca”.
A 16 de maio, “a lei nº 640, autorizava o Presidente da Província a mandar concluir as obras do edifício do Liceu Provincial, para nele funcionar, inclusive a biblioteca provincial”.
1885. O bibliotecário era o “professor Carlos Pereira de Pinho”, coube a ele “levar a termo a feitura do Catálogo”. Os trabalhadores de Catalogação dos livros da Biblioteca ficaram concluídos em fins de 1886, sendo levados a imprimir, em janeiro de 1887 na Tipografia de Antônio Fernandes Bugalho.
1885/1886. “Com a saída de Paranaguá da Presidência da Província”, o orçamento deste biênio já “não consignava mais a dotação para a construção de edifício, não obstante já terem sido elaboradas e aprovadas as respectivas plantas”.
Figurava apenas a verba de cinco contos e oitocentos mil réis, para pessoal e expediente”.
1887. Em maio deste ano o “Catálogo da Biblioteca Pública do Amazonas” estava concluído. “De boa feição material, formato in-8º com 226 páginas e distribuídos segundo “os conhecimentos humanos, constantes dos livros que a Biblioteca possuía”, seguindo o sistema, muito em voga na época, de classificação de Jacques – Charles Brunet no seu “Manuel du Libraire et de 18 amateur de livros”, obedecendo a seguinte divisão: “1ª Classe – Teologia”, subdividido em cinco títulos; 2ª Classe – Jurisprudência”, subdividido também em cinco títulos; 3ª Classe – Ciências e Artes”, subdividido em seis títulos; 4ª Classe – Belas Artes”, subdividido em nove títulos; 4ª Classe – Belas Artes, subdivido e nove títulos; 5ª Classe – História e Geografia (Introdução e tratados gerais)”. O trabalho concluído primou pela organização, podendo ser colocado a nível de trabalhos similares realizados na Europa. “De valia inestimável podem-se considerar as obras que figuram no Catálogo”.
Permanecia a Biblioteca Provincial funcionando no Consistório da Matriz e subordinada à Diretoria da Instrução Pública. Neste ano, durante o Governo do Coronel de engenheiros Conrado Jacob de Niemeyer é que finalmente vem a Biblioteca “tomar posição hierárquica de relevo, no corpo da administração provincial: na estrutura da lei nº 780, de 25 de junho, aparece tabelada como Diretoria, constituído o seu quadro de pessoal de: 1 Diretor; 1 Amanuense e 1 Porteiro. Em virtude dessa lei, o Bibliotecário Carlos Pereira Pinho ascendeu às funções de Diretor, desaparecendo o cargo de Bibliotecário”.
1888. A 9 de julho deste ano, Carlos Pereira Pinho, com pouco mais de um ano à frente da Biblioteca, foi exonerado e passou a ocupar a cadeira de “Matemática da Escola Normal”. Nomeado em Portaria da mesma data, assumiu a direção da Biblioteca o Bacharel Jorge Augusto de Brito Inglês.
Nesse mesmo ano (14 de março), o Liceu (atual Colégio Amazonense D. Pedro II) havia sido inaugurado, o cônego Raimundo Amâncio de Miranda, 3º Vice-Presidente da Província, ao assumir o exercício da Presidência (2 a 12 de julho) determinou que fosse a Biblioteca transferida “para um dos compartimentos Consistório da Igreja Matriz de N. S. da Conceição”. A 11 de dezembro, ao assumir novamente a Presidência da Província, “nomeou uma comissão, constituída do bacharel João Brígido dos Santos Júnior, Júlio Pinto de Almeida e Gorgônio dos Santos, para examinar o estado da Biblioteca Provincial, ficando arbitrada a gratificação de 800$000 a cada um”.
1889. Em março deste ano, a comissão encarregada de “examinar o estado da Biblioteca” apresenta relatório destacando que além da “boa conservação os livros “os serviços prestados” em seu novo domicílio, nada sofrendo, em seus pertences, com a mudança para o edifício do Liceu”.
Com o advento da República, 15 de novembro, mudaram os Governantes e face as dificuldades naturais, nada pode ser feito de imediato, ficando a Biblioteca relegada “à condição de um incômodo fardo de livros, atirando várias vezes de um para outro lugar, sem funcionários, sem estantes, sem catálogos, sem conservação; ora entregue à guarda de algum serviços inteiramente diversos e sem correlação. Seus livros eram desviados para as coleções particulares e sos empréstimos por uns dias se efetuavam como transferência de domínio”.
1892. A 23 de julho do ano em curso, assume o Governo do novo Estado Federal do Amazonas, Eduardo Gonçalves Ribeiro e dois meses após, em setembro, decreta “a extinção da Diretoria da Biblioteca. Fê-lo por intermédio do Art. 15, nas Disposições Permanentes, do decreto orçamentário nº 80, de 28 de janeiro de 1891. O dispositivo mandou anexar a Biblioteca à Diretoria da Instrução Pública, sob a guarda de um zelador”.
Em função disso, o acervo da Biblioteca permaneceu durante quatro longos anos, esquecido entre as quatro paredes de uma das salas do Liceu.
1894. 01 de março, o Governador Eduardo Gonçalves Ribeiro, autorizava no Ofício nº 274, a compra do terreno.
11 de maio, foi adquirido à firma Marques Valente & Cia, conforme escritura lavrada em notas do tabelião Bernardo José de Bessa, pela quantia de 45.000$000 (o livro nº …..109, diz ter sido comprado ao senhor Marques Valente Maria, sucessor de Francisco Joaquim Pereira Maria).
1895. Na fase final do “florescente quadriênio” de seu governo é que Eduardo Ribeiro “lembra-se de dar séria atenção à Biblioteca Pública; desta vez, felizmente, para arrancá-la do olvido da inoperância a que relegara um ato de sua efêmera gestão anterior”.
Buscando “dar-lhe uma situação adequada as suas altas finalidades, pediu e obteve, do Congresso, no corpo das lei 134, de 7 de outubro de 1895”, autorização para sua reorganização “como julgasse conveniente (artigo 6º das Disposições Permanentes)”. Em conseqüência, a 17 de outubro, baixou o Decreto nº 86, “com o qual criava a Diretoria da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas, constituindo-a com o seguinte quadro de pessoal: 1 Diretor, 1 Secretário, 1 Porteiro e 1 Contínuo. O regulamento com o Decreto baixado, rezava em seu Art. 1º: a Bibliotheca Pública do Amazonas, creada por disposição da lei 582 …. é destinada a cooperar para o progresso da instrução pública do Estado. Outros dispositivos determinavam: o horário de funcionamento (das 11 às 14 e das 18 às 20 horas); a admissão à freqüência somente de pessoas maiores de 14 anos, decentemente vestidas e o não empréstimo de livros”.
Para dirigi-la foi nomeado o Bacharel Pedro Epifânio Regalado Batista, que teve a incumbência de transferir seu acervo de Gymnasio Amazonense (atual, 1983, Colégio Amazonense D. Pedro II), “para uma casa de aluguel à Praça da Constituição com a rua Guilherme Moreira”.
1896. 1º de março, Eduardo Ribeiro em um pronunciamento feito ao Congresso, diz que “não possuindo o Estado um edifício apropriado para o serviço da Bibliotheca e não havendo mesmo nesta capital um próprio em condições de servir, lancei mão dos acanhados cômodos de um armazém situado à Praça da Constituição” (atual Praça Heliodoro Balbi, 1983).”e para ele mandei transferir os restos da antiga Biblioteca Pública que se achava em uma sala do Gymnasio Amazonense”. Mais adiante, referindo-se ao acervo ainda existente, diz: “Cumpro o dever de declarar-vos que grande parte do material que pertenceu à antiga Bibliotheca não foi encontrada por se ter extraviado desde a primeira mudança feita. Dos livros restantes, uma grande parte acha-se completamente mutilada, havendo além disso várias obras importantes incompletas de modo a tornarem-se imprestáveis. Conclui justificando-se sobre a escolha que fizera para a direção do estabelecimento, referindo-se ao escolhido como “o ilustrado jurisconsulto Dr. Pedro Epiphano Regalado Baptista, que, a uma longa prática, alia conhecimentos científicos variados, confio que a Biblioteca Pública do Estado dentro de pouco tempo estará inteiramente transformada, ficando em condições de prestar os importantes serviços a que está destinada”.
A esperança de prosperidade vaticinada por Eduardo Ribeiro resultara no entanto em completa frustração, voltando ao estado de declínio em que fora encontrada.
1897. A 30 de janeiro, em relatório apresentado ao Governador do Estado, Dr. Fileto Pires Ferreira, e assinado pelo Chefe do Departamento do Interior, Major Pedro Freire e pelo Diretor da Biblioteca Justiniano Serpa, consta a reivindicação de que a mesma seja tirada de onde está (“o prédio em que ela funciona é situada em uma praça muito movimentada, próximo ao Quartel da Força Militar de Segurança”) para um edifício próprio. Neste mesmo relatório, solicita que seja expedida uma verba extra para a assinatura de jornais e revistas, nacionais e estrangeiras. Seu orçamento para a Bibliotheca Pública do Amazonas durante o exercício de 1897 a 1898.
Nºs Cargos Vencimentos Total
1 Diretor 7:200$000 $
1 Secretario 4:800$000 $
1 Bibliothecário 4:800$000 $
1 Porteiro 2:520$000 $
1 Servente 1:800$00 $
1 Contínuo 2:400$00 $
– Auxiliares 11:100$00 $
– Aluguel/casa $ 34:620$000
– Expediente $ 6:000$000
– Compras de livros $ 40:000$000
Soma 82:620$000
Bibliotheca Pública do Amazonas em Manáos, 23 de janeiro de 1897 – o Director, Justiniano Serpa.
Em março deste ano o Governador Fileto Pires, em mensagem ao Congresso dos Representantes assim se pronunciava: “Pelo Relatório do Diretor desta Repartição, para o qual chamo a vossa especial atenção, vereis o estado de desmoronamento, de aniquilamento em que se acha a Bibliotheca Pública. Desprovida de quase todos os elementos necessários e encontrando os poucos existentes em verdadeira ruína, só trabalha novo, metódico e regular poderá levantar o estabelecimento a um grão de prosperidade capaz de preencher os seus elevados e patrióticos fins”. Em um outro trecho: “Sem obras de certo valor, trucadas as melhores que existem, sem revistas científicas e literárias, nenhum interesse desperta e nenhuma freqüência pode ter a Bibliotheca. Relativamente ao movimento, são desanimadores os dados fornecidos pelo Diretor, pois dá-nos uma freqüência de 3 leitores diários”.
Em dezembro deste ano, nove meses após seu pronunciamento aos congressistas, Fileto Pires extinguia a Biblioteca “considerando que, com a permanência dessa Repartição, continua o Estado sobrecarregado de despesas sem que daí resulte vantagem alguma para o Estado e seus habitantes”. Em função disso, baixou o Decreto nº 208, de 8 de dezembro, no qual determinava que o acervo daquela Instituição ficasse a cargo da recém instalada Repartição de Estatística, devido a incapacidade do prédio onde funcionava, sem acomodaçÕes indispensáveis como seja: luz insuficiente na sala de leitura, as obras em grande parte estragadas e a falta de livros modernos. Data desta época o pedido de dotar-se a Capital com uma Biblioteca bem organizada que fique como “Monumento de inestimável valor, para atestar aos vindouros o elevado grau de interesse que os poderes constituídos desta opulentíssima circunstancia do extremo norte consagravam ao levantamento do nível moral e intelectual da população”. Além desses dados, fez a denúncia de que, devido a falta de acomodações necessárias, os leitores assíduos que eram em número elevado, foram afugentados.
Com este Decreto, mais uma vez o acervo da Biblioteca é encaixotado e transportado para outro local.
1898. Em 1º de janeiro, efetiva-se a instalação solene das “Repartições de Estatística, Archivo Público e Bibliotheca a rua do Progresso” (atual Monsenhor Coutinho).
Na época, a Repartição de Estatística era dirigida pelo Coronel Manuel Francisco da Cunha Júnior e a Biblioteca ficou a cargo do Bibliotecário Wilson Silveira Coelho.
Tempos depois, o Governador, em mensagem, na tentativa de se justificar pela providência tomada, disse assim se expressando: “Desanimado de colher um resultado que cobrisse os gastos empregados, tirei à Bibliotheca o caracter de repartição pública, isolada para constituir unicamente e por enquanto, uma secção na estatística, penso em construir um prédio para instalar definitivamente a Bibliotheca”.
Em abril deste ano, assume o Governo o Coronel José Cardoso Ramalho Júnior (Vice-Governador) no lugar de Fileto Pires, e desde o momento em que assume, passa a dispensar cuidados especiais a Biblioteca. Objetivando situá-la em posição de prestígio e proporcionar-lhe condições para o desempenho de suas finalidades, dirige-se ao Congresso dos Representantes, indicando as necessidades de um reforma e expondo seu pensamento sobre o valor e a importância de uma Biblioteca, dizendo o seguinte: “A Bibliotheca Pública precisa de reforma começando por ser desligada a sua administração da Estatística, com a qual nenhuma relação de dependência lógica possui. Não é apropriado o edifício em que funciona, o local não é dos melhores para lhe atrair leitores. Além disso, precisa de uma regulamentação diversa, de abrir a horas diferentes, especialmente à noite, sem que muitos, a quem o trabalho priva da leitura durante o dia a podem freqüentar. As bibliothecas públicas não são feitas para os ricos, únicos que podem dispôr de todo o seu tempo: elas miram os sábios, os estudiosos, os pobres, todos aqueles que não possuem os recursos precisos para terem em casa os livros de que necessitam. Nas primeiras horas da noite, o operário que terminar a tarefa do dia, o empregado de comércio cujo estabelecimento se fechou, o funcionário público que se acha liberto da faina da repartição, o professor que não mais é reclamado pelas lides da aula, poderão, freqüentar a Bibliotheca, entregar o espírito a uma leitura que, não só os instrua, como os suavise das agruras do trabalho cotidiano. Uma das maiores causas do desenvolvimento da União Norte-Americana está no grande número de bibliothecas que ali existem”. Termina seu pronunciamento pedindo que “Aproveitemos esta lição e façamos o possível para que a Bibliotheca Pública derrame seus benefícios entre nós”.
1899. 09 de agosto, sai a lei 254, que concede ao Governador Ramalho, autorização para reorganizar a Biblioteca. Nessa lei encontravam-se expressas “as bases da reorganização: desligamento da Repartição de Estatística; instalação em edifício construído especialmente construído para esse fim e com todas as precisas condições para ser colocada ao nível das melhores do Brasil; quadro do pessoal constituído de: 1 Diretor, e Sub-Diretor, 5 Amanuenses, 1 Porteiro, 1 Contínuo, 4 Serventes; aproveitamento dos livros que estivessem ainda em estado de serem bastantes para ampliar de novos, em quantidade e qualidades bastantes para ampliar as coleções; estabelecimento de uma secção de manuscritos e mapas sobre a História e a Geografia do Amazonas; organização de um catálogo sistemático; publicação do Anuário da Biblioteca e de memórias e monografias de estudos amazonenses, de autores idôneos e capazes, subordinados ao título “Publicação da Biblioteca Pública do Amazonas”.
1900. 03 de janeiro, pelo Decreto 375-B, a Biblioteca foi desanexada da Repartição de Estatística” e passou a constituir uma Diretoria autônoma.
Para dirigi-la foi convidado Raul de Azevedo.
17 de janeiro, um outro decreto, “abria o crédito extraordinário de seiscentos e quinze contos de réis para aquisição do prédio onde tem que funcionar a Biblioteca Pública do Estado, compra de móveis e utensílios para a mesma”.
10 de fevereiro, o Decreto nº 398, era baixado, aprovando o regulamento da Diretoria da Biblioteca e “abrindo o crédito, no orçamento vigente, de cento e dezenove contos e quatrocentos mil réis para os eu aparelhamento”.
Tais recursos possibilitariam o regimento da Biblioteca. Mas nada ou quase nada havia sido feito para tirá-la do estágio de decadência em que se encontrava.
Em julho deste ano ao findar o Governo de Ramalho Júnior, o Secretário de Estado, Francisco Púbio Ribeiro Bittencourt, em relatório dizia o seguinte: A Biblioteca, “ainda não fio instalada, porque destino ao seu funcionamento o pavimento térreo do edifício da Secretaria a meu cargo e que ainda está ocupado pela Repartição Postal”. Num outro trecho: “A nossa Biblioteca, não há negar, está abatida “e mais adiante diz: Do que foi a Bibliotheca de Manáos, só resta hoje um simulacro”.
1900/1904. Em seu quadriênio de governo, Silvério José Nery, manteve a organização proposta na Lei 254, dada pelo seu antecessor Ramalho Júnior. Mas, apesar de a Biblioteca se constituir numa repartição isolada, continuava a ocupar a sala da sede da repartição de Estatística, à rua do Progresso (Monsenhor Coutinho), com todo seu aparatoso e bem estruturado quadro de pessoal e seus poucos livros.
1902/1904. Em julho, numa mensagem ao Legislativo, o Governador Silvério Nery dava informações sobre o estado desolador em que se encontrava a Biblioteca dizendo o seguinte: “Sinto dizer-vos que é lastimável o estado em que se encontra esta outrare lorescente estabelecimento. O vandalismo político e o pouco caso das passadas administrações saltearam a Biblioteca do Amazonas furtando-se umas obras, trucando-se outras, baralhando-se todas”.
1904. Em julho, assume o Governo Antônio Constantino Nery, uma de suas primeiras providências é mandar construir a sede, definitiva da biblioteca.
Em outubro, extingue a Diretoria e manda anexar “a Biblioteca, como secção, à Diretoria de Estatística, Arquivo e Biblioteca dando à repartição novo regulamento”. A seguir, determina seja, uma vez mais, mudada da rua do Progresso (Monsenhor Coutinho) para a Av. Eduardo Ribeiro. Esta mudança foi procedida por uma comissão nomeada pelo Governador, a qual se desincumbi da tarefa, apresentando um relatório em que se pronunciava sobre o mau estado dos livros”.
1905. 10 de junho, em mensagem ao Congresso dos Representantes, faz o seguinte pronunciamento: “Em razão da deficiência das obas, muitas das quais acham-se truncadas, e da falta de um edifício apropriado, eram nulos os serviços ultimamente prestados. A isso atendendo, autorizei a anexação provisória desta Instituição à Repartição de Estatística, até que seja determinada a construção do edifício, que já foi iniciada no terreno de propriedade do Estado, situado entre as ruas Municipal (atual, 1983, Av. 7 de setembro), Barroso e Henrique Martins, obedecendo em seu plano as exigências do objetivo”. Num trecho, referente ao capítulo obras públicas, diz: “A Biblioteca Pública não tem uma instalação conveniente, por falta de prédio que lhe seja adequado. De acordo com os poderes que me concedeste, já dei início a construção de um edifico a ela destinado, em um terreno situado ao lado da Imprensa Oficial”.
1906. 10 de julho, em mensagem oficial assim se expressava: “Entre as obras em andamento e em vias de conclusão, conta-se a Biblioteca, um dos nossos mais importantes edifícios, que, a par de sua beleza arquitetônica, reúne as melhores condições de solidez, e, adiantada como está, aguardando a cobertura metálica, é provável que seja concluída antes de terminar o corrente ano”.
As obras, no entanto, não lograram ficar prontas ainda nesse ano.
1906/1907. “Na lei de meios para 1906, foi consignada a verba de duzentos contos de réis sob a rubrica “Construção da Biblioteca”, dotação essa novamente atribuída, com igual importância, no orçamento de 1907. Constantino ativava a construção do edifício com um entusiasmo notório”.
1907. 10 de julho, numa mensagem, o Governador assim se pronunciava: “A Biblioteca é que maiores defeitos mostra devido unicamente a se achar mal instalada. Este estado de cousas porém tende a desaparecer quando se efetuar a sua translação para o prédio que se dá construindo à Rua Barroso, edifício apropriado, adrede dividido para o prefeito funcionamento”.
Para enriquecer o já tão destruído acervo da Biblioteca, o Governador adquirira a biblioteca particular do Dr. Fernando Castro, que se constituída num total de “606 volumes de obras raríssimas”, que foram guardadas, com as demais, no depósito à Avenida Eduardo Ribeiro, a instalação no novo edifício. Além desta compra, adquirira ainda, ao escritor Alberto Rangel, “uma coleção de livros constituída de 768 volumes, que foram imediatamente entregues ao bibliotecário Manuel Dias Barroso”.
Em novembro do mesmo ano, por motivo de saúde, Constantino Nery se vê obrigado a renunciar o seu mandato e desta forma, não pode realizar o sonho de ver a Biblioteca instalada em prédio próprio.
Assume o Governo, o Presidente do Congresso, Coronel Afonso de Carvalho.
10 de julho, em mensagem diz: “visto como não está de todo concluído o andar superior… infelizmente não me foi possível fazer outro tanto com a Biblioteca, não só a falta de espaço adequado no novo edifício, como por que a sua instalação importaria em despesas que não me era dado fazer”. Isto porque já havia instalado no novo prédio, no andar térreo, o Arquivo e a Estatística.
Desta forma, permaneceu a Biblioteca, no depósito da Av. Eduardo Ribeiro por mais dois anos, aguardando o que seria a última de suas mudanças”.
1908. 23 de julho, assume o Governo, Coronel Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt que, apesar de assumir um Estado endividado, não deixou de olhar com atenção a Biblioteca e, as obras de acabamento que estavam paralisadas por falta de verbas, foi reativada tendo, o Governador, a preocupação de mandar atender as mais prementes, dispondo dos porcos níqueis que lhe sobravam dos pagamentos de contas”.
Nomeou, a seguir, uma comissão para catalogar os livros da Biblioteca, sob a presidência de Manuel Francisco da Cunha Júnior.
15 de setembro, pela Lei nº 573, “deu nova organização ao agrupamento de repartições a que se achava ela integrada. Por essa lei, ficaram Estatística, Biblioteca, Imprensa Oficial e Numismática sobordinadas a uma Diretoria”.
22 de outubro, foi baixado o Decreto nº 884 regulamento que à Biblioteca e a Numismática constituir-se-iam numa seção a cargo de um Bibliotecário, de um Porteiro e de um Servente.
Numa mensagem ao Congresso, Antônio Bittencourt dizia o seguinte: “A Biblioteca é, em toda parte, o grande manancial fraqueado aos espíritos ávidos de conhecimento. Aqui, por muito tempo, de portas abertas, que não davam entrada senão aos respectivos serventuários, deixou de corresponder a tão altos fins. Nesse abandono desolado, obras importantes e raras desapareceram, sob a ação da minha dos imsectos, e outras foram inutilizadas pela perversidade humana, que a desfalcou de alguns volumes. O acervo da Biblioteca, que constava de mais de uma dezena de mil obras, ficou por essa forma reduzido a 6.311. Sei o valor que ali está representado e que também que se não compreende uma cidade de algum vulto e de desenvolvimento moral, intelectual e físico notável, sem a sua fonte de consultas exposta à visitação pública. Trabalho pois esse desideratum e, apesar de todos os incovenientes, que apontei, o que resta da antiga Biblioteca, organizada como está sendo por uma comissão de homens competentes, pode, com vantagem para o público, ser freqüentada à consulta e ao estudo. Embora não tenhamos estantes apropriadas, nem mesas convenientes para o mister da leitura, pretendo em breve reabri-la. E, logo que isso tenha de ser feito, em horas do dia e da noite, é claro que se faz preciso maior número de empregados. Já dispomos de um edifício próprio para essa instalação. É conveniente também que, tenhamos estantes e mesas, que melhor servim ao mister”.
19/10/1912. 26 de julho de 1910, Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha, jornalista e historiador, assume o cargo de diretor do agrupamento (Estatística, Biblioteca, Imprensa Oficial e Numismática), tendo o Governador Antônio Bittencourt, confiado-lhe a importante missão de remover a Biblioteca do prédio da Av. Eduardo Ribeiro para “instalá-la no edifício que para ela fora construído”. A providencia de remoção do espólio, que no dizer do Diretor, não passava de “um precioso montão de lixo, digno de lástima”, fio imediatamente executada.
“Transportados os livros e estantes (“todas as suas velhíssimas estantes arrebentadas, quase inúteis”) para o novo edifício, foram procedidos os trabalhos de seleção do material aproveitável, ordenando-se, relacionando-se e colocando-se, em seguida, os livros nas estantes, devidamente catalogados”.
Nesta tarefa, Bento Aranha contou com a colaboração dedicada do Bibliotecário Floro Osório Ferreira Pinto que trabalhava na Biblioteca desde os idos de 1900 na execução deste trabalho, foram gastos quarenta e um dias, ao fim do serviço, foram aproveitados cerca de três mil obras e, segundo Floro Osório “se acham catalogadas nas estantes 1 a 14 atualmente em número de obras catalogadas 2.832 com 6.257 volumes, restando ainda as estantes 15 a 16 que tem em obras encadernadas relativas a literatura, direito, leis, decretos, regulamentos, relatórios, jornais, revistas, mensagens, anais, etc”.
5 de setembro, a Biblioteca Pública do Estado foi finalmente reinaugurada mas agora, em um prédio construído especialmente para ela. À solenidade de inauguração, estiveram presentes as principais autoridades constituídas no Estado, notadamente o Governador Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt, o Presidente do Congresso Legislativo, Antônio Francisco Monteiro e o Inspetor da Região Militar, Coronel Joaquim Pantaleão Teles de Queiroz.
6 de setembro, estava a Biblioteca de portas abertas, finalmente franqueada ao público. Mas nem por isso Bento Aranha deu por terminada a sua tarefa. Deu prosseguimento a catalogação dos livros restantes e paralelamente ia providenciando outras medidas objetivando tornar a Biblioteca um corpo ativo de fato e de direito. Nesse sentido, participou a sua reinauguração ao Presidente da República, a todos os governadores dos demais Estados, as repartições de estatística, as bibliotecas federais, estaduais e municipais, as instituições públicas e oferecendo permuta de livros, o “Diário Oficial” e as duplicatas e publicações oficiais existentes em quantidade na Biblioteca. Além disso elaborou um projeto de regulamento e obteve, do Governador a consignação de verba no valor de cem contos de réis, nos orçamentos do biênio 1910 e 1911, destinados ao “Mobiliário para a Biblioteca”. Em sua exposição para o Governador do Estado, escreveu ele: “Ufano-me de ter levantado do cisco desta Repartição, embora ainda em estado de organização, uma Biblioteca com valiosíssimas e raras obras enciclopédicas e bons livros de autores clássicos antigos e modernos, nacionais e estrangeiros, sobre ciências, artes e letras”.
22 de novembro, o plano de reorganização elaborada por Bento Aranha para as repartições integrantes do agrupamento, era convertido na Lei nº 647 que dividia o grupo em duas diretorias, uma da Imprensa Oficial e a outra constituída pelas repartições de Estatística, Arquivo, Biblioteca e Numismática.
1912. Fevereiro, até o fim de seu mandato Bento Aranha prosseguiu em sua dedicação idealista de completar e organizar a Biblioteca, para tanto, contribuiu para o enriquecimento do patrimônio bibliográfico quando adquiriu a valiosa biblioteca, particular, do Dr. Paes Barreto, constituída de aproximadamente dois mil volumes de “bons e bem encadernados livros”.
1912/1913. Em fevereiro de 1912, Benjamin Lima assume o cargo de Diretor da Repartição, sucedendo a Bento Aranha. Três meses após assumir, em maio, num trecho de um relatório enviado ao Governador, prometia que “dentro de dois ou três meses, estariam concluídas os dois catálogos, cujo plano organizara e explicava o sistema de catalogação escolhido e adotado: “Um deles o catálogo metódico ou racional – apresentará o inventário dos livros componentes científicos, e servirá para elucidar qualquer pessoa a respeito das obras existentes sobre determinada matéria. A organização de um catálogo metódico não importa absolutamente na aproximação material das obras afins. Consoante a lição dos melhores tratadistas, a arrumação dos livros deve subordinar-se ao critério aparentemente grosseiro dos tamanho e não ao adaptado para os catálogos científicos, já porque assim se aproveitam mais os espaços, e se consegue dar livros separados por matéria, a agregação e numeração dos recém adquiridos se tornam extremamente difíceis, forçando ao emprego, sempre embaraçosos anarchisante, de séries”. Prossegue dizendo que apesar de ter recebido algumas críticas quanto a organização dos livros, preferiu conservá-los na disposição dada por seu antecessor pois, em vez de refazer um trabalho já realizado, poderia dedicar seu tempo iniciando outros trabalhos necessários. Quanto a elaboração do outro catálogo, diz não estar tendo problema. Na execução desta espinhosa tarefa, Benjamin Lima teve a colaboração de José Chevalier Carneiro de Almeida, que era funcionário de outra repartição e foi mandado, a disposição servir a Biblioteca, em março de 1912, para auxiliar e agilizar os trabalhos de catalogação.
1913. Antônio Bittencourt ao fim do seu governo (primeiros dias de janeiro de 1913), deixou a “Biblioteca em excelentes condições de organização e com um acervo de mais de 9.000 volumes catalogados. Com ele, se afastara, por sua vez da Chefia da Repartição, o Dr. Benjamin Lima, que não chegara a levar o termo o seu propósito de estender os serviços da Biblioteca ao andar superior do edifício, onde pretendia também instalar a Diretoria e a Secretaria da Repartição”.
1913. Em janeiro de 1913, assume o Governo do Estado o Dr. Jonathas de Freitas Pedrosa e uma de suas primeiras providencias foi nomear o Dr. Heitor Beltrão para o cargo de Diretor da Repartição de Estatística, Biblioteca, Arquivo e Numismática.
1914. Em janeiro, um ano após ter assumido o cargo, quando preparava-se para executar o plano de expansão de seu antecessor, e, ao ocupar o pavimento superior da Biblioteca, Heitor Beltrão viu suas esperanças frustradas quando ali se instalou, em caráter “provisório” (lá ficando até 1964, aproximadamente), a Assembléia Legislativa.
7 de outubro, coube ao Governador Jonathas Pedrosa, elaborar mais uma organização dos departamentos e esta veio através da lei nº 761 na qual, Arquivo, Biblioteca, Imprensa Pública, Estatística e Numismática voltaram a se constituir numa única Repartição, sob a denominação de Diretoria do Arquivo, Biblioteca e Imprensa Pública. Para dirigi-la foi escolhido o Bacharel José Duarte Sobrinho e a Chefia da Biblioteca Pública ficou a cargo de José Chevalier Carneiro de Almeida, este último, no entender de Genesino Braga foi em verdade “o primeiro Bibliotecário que exerceu o cargo com exata noção de sua importância no seio da comunidade, operoso e eficiente, revelando-se o mais dedicado e o mais erudito dos bibliotecários que por ali passaram. Dera ao desempenho da função e austereza de um sacerdócio, mantendo sempre acesa uma envolvente paixão pela bibliofilia. Sua longa permanência na Chefia da Biblioteca – guardião severo de seus livros, zelosíssimo na conversação destes, fê-la atravessar os naos em perfeita correspondência com a sua finalidade educativa, muito embora sempre em luta com a exigüidade das dotações orçamentárias e a indiferença dos governos aos seus freqüentes apelos. “O próprio Chevalier ao se referir a Biblioteca, em um dos relatórios ao Governador, dizia: “Sempre foi meu cuidado não considerar a Biblioteca Pública um cárcere de livros, empenhando o melhor dos meus esforços a fim de que não me seja lançada a pecha, glosada por Voltaire ao se referir a Bibliotecários que consideram os livros entidades sagradas veneráveis dentro das estantes”.
Uma de suas primeiras providências como Bibliotecário foi, por não estar contente com o sistema de catalogação de Benjamin Lima bem como a disposição dos livros nas estantes, dada por Bento Aranha, procurar um sistema, dentre os conhecidos e em uso, que já tivesse dado provas de eficiência. O sistema escolhido foi o proposto por James Duff Brown que determinava a classificação bibliográfica por assuntos, com o uso de decimais.
“A medida que progredia nos trabalhos do catálogo, José Chevalier ia providenciando a sua publicação, em pequenas partes, quase diariamente, no Diário Oficial, o que compreendia uma divulgação das obras existentes, já catalogadas. E isso, sem descuidar das demais obrigações também de natureza biblioteconômica; ampliava a área destinada aos leitores; estimulava a freqüência de consulentes, por meio de publicações nos jornais e o prolongamento dos honorários de franquia; auxiliava os leitores em suas pesquisas, e mantinha ativa correspondência com instituições científicas e literárias, empresas editoras, solicitando remessas de publicações. Seus relatórios ao Governo reclamavam sempre melhores atenções com a Biblioteca, pedindo recursos para aquisição de livros e de estantes, aumento de pessoal e outras necessidades mais. Logo no seu primeiro ano de administração (1914-1915) conseguiu uma freqüência diária em média de 33,9 leitores, média essa que, em 1918, era já de 46,3”.
1916. 14 de junho, pelo Decreto nº 1.160, foi dado novo regulamento à Biblioteca com base num trabalho elaborado por José Chevalier.
10 de julho, no dizer do Governador Jonathas Pedrosa, numa mensagem, a Biblioteca Pública “continua dirigida pelo ilustríssimo senhor Dr. José Chevalier a quem sobram competência e decidida vontade para melhorar esse estabelecimento”.
1917. A 1º de janeiro, assume o Governo do Estado, o médico baiano, Dr. Pedra D’Alcântara Bacellar, que teve uma gestão de inúmeras “realizações no campo das letras, das artes e das ciências”, destacando-se as da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas que “floresceu” em muitas atividades.
A 10 de março deste ano, em mensagem oficial, o Chefe do Executivo, referindo-se a biblioteca, dizia que “se encontra em situação elogiável, mantendo ativa correspondência com os centros bibliotecnicos nacionais e estrangeiros. Devido aos esforços do Sr. Dr. José Chevalier Carneiro de Almeida, atual Bibliotecário, está quase ultimada a publicação do catálogo, por autores, feita a remodelação pelos assuntos, alfabeticamente, consoantes e sistema de James Brown, da Biblioteca Pública de Clerkwell, de Londres. Ressente-se também a Biblioteca da falta de estantes, sendo agradável mencionar que é considerável o aumento de freqüência no ano fluente. A sala de leitura foi ampliada, recebendo a Biblioteca valiosas ofertas”.
1918. “Bacellar não ocultava o interesse de seu governo por tudo que dissesse respeito ao desenvolvimento da Biblioteca. Nunca se furtava a retransmitir os apelos de Chevalier quanto a verbas para a aquisição de livros, para crescimento das coleções”.
A 17 de janeiro, no Salão Nobre do pavimento superior da Biblioteca, é criada a A Sociedade Amazonense de Homens de Letras.
A 10 de julho, num pronunciamento sobre a Biblioteca, frente ao Legislativo, assim se expressava: “Na Biblioteca Pública, a freqüência de visitantes aumentou extraordinariamente, elevando-se a 13.115 o número daqueles. A coleção de livros foi aumentada de 325 volumes, doados por diversas pessoas, instituições e redações, tendo sido por ordem deste Governo, ofertadas 173 exemplares de obras em duplicata, muitas das quais servirão de subsidio à elaboração da história continental da América, geral do Brasil e especial do Amazonas. Solicita o Sr. Dr. Chevalier uma dotação orçamentária de 5:000$000 para a aquisição de livros, cuja falta é assaz sensível”.
1919. Num outro pronunciamento, o Governador Bacellar demonstrando o orgulho que sentia da biblioteca, dizia o seguinte: “Da Biblioteca Pública tenha a dizer-vos que é um dos justos motivos de orgulho do nosso Estado, que se pode gabar de possuir, no gênero, uma das melhores livrarias do país, pois, à exceção da Biblioteca Nacional e comparativamente às do Pará, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Espírito-Santo, Rio e São Paulo, nenhuma se avantaja à nossa, quer na instalação, quer na organização interna”.
1920. 29 de março, em solenidade realizada no Salão Nobre do pavimento superior da Biblioteca (na sala de sessões da Assembléia Legislativa), os membros da Sociedade Amazonense dos Homens de Letras mudam esta denominação para Academia Amazonense de Letras.
1921. A 1º de janeiro, Pedro D’Alcântara Bacellar, deixa o Governo do Estado não sem antes reafirmar seus altos propósitos com relação a Biblioteca expressos em sua última mensagem ao Congresso. “A Biblioteca Pública deveria, se as possibilidades econômicas do Estado o permitissem, construir departamento independente e autônomo da Imprensa Pública, com um Diretor especial, que seria de nomeação e confiança do Governador. Infelizmente assim não pode ser, pelo menos enquanto perdurar a precariedade da situação atual, sendo, entretanto, este assunto de todo o ponto de vista da esclarecida atenção dos que, como vós, se interessam pelo maior progresso do Amazonas”.
Ainda neste ano, já sob a égide governamental de César do Rego Monteiro que assim se pronuncia frente ao Legislativo “esse departamento do serviço público tem sido uma freqüência que prova a sua utilidade”.
A 24 de outubro, tem efeito uma nova reorganização na Repartição do Arquivo, Biblioteca e Imprensa Pública, através do Decreto nº 1.418 porém sem nada alterar os serviços da Biblioteca.
1925. 30 de janeiro, nova reforma dos serviços ligados ao agrupamento das repartições visando, muito mais, a parte referente a Imprensa Pública.
Março deste ano, “o Bibliotecário José Chevalier estabeleceu o expediente noturno. O Salão de Leitura passou, então, a ser franqueado ao público em três horários: das 8 às 11, das 14 às 17 e das 19 às 21 horas. Logo nesse mês houve um aumento, na freqüência mensal, de 200 leitores.
Nos meses seguintes, o registro passou a acusar, regulamente, no horário noturno, a presença de leitores em número superior a 400”. Apesar da freqüência haver aumentado, o acervo mantinha-se quase inalterado, a não ser pela doação de alguns particulares e do recebimento dos jornais, revistas e publicações oficiais. E esse estado de coisas se mantinha pela falta de dotação orçamentária específica, desde 1914, quando foram suspensas.
Nesta época, 1925, encontrava-se a frente do Governo do Estado, o Interventor Alfredo Sá que assim se pronunciava com respeito as verbas: “As verbas orçamentárias da repartição, exíguas para tares serviços perfeitamente distintos reunidos num só departamento, como são os do Arquivo, Biblioteca e Imprensa Pública, não permitiram ao meu governo aumentasse o patrimônio da Biblioteca, adquirindo com freqüência novos livros”.
1927. Somente neste ano é que, com a permissão do Governador Antônio Monteiro de Souza, foram adquiridas “vinte obras” para a Biblioteca. Por essa época, o Governador, em mensagem oficial solicitava verbas para a aquisição de livros, assim se pronunciando: “A diretoria insiste na dotação de meios que a habilitem a adquirir obras modernas, o que é de indiscutível necessidade a fim de evitar o quase estacionamento a que há alguns anos está relegado o acervo da nossa Biblioteca, a mercê, como se encontra, de meras doações”.
Em dezembro deste ano, “o Bibliotecário José Chevalier foi designado para dirigir a Repartição do Arquivo, Biblioteca e Imprensa Oficial”. Antes, porém, quando dirigia somente a Biblioteca, José Chevalier tentara introduzir, na catalogação dos livros, o sistema decimal proposto por Dewwy mas, só conseguira não mais que uma simples ordenação para mapas estatísticos.
1928. O Governador Ephigênio Ferreira de Salles, autoriza a compra de livros para a Biblioteca através do seguinte pronunciamento: “Não tendo permitido a situação financeira do Estado verbas orçamentárias para a aquisição de livros novos, destinados a atualizar as suas valiosas coleções, pode entretanto, o governo, economizando nas verbas de custeio da repartição adquirir cerca de 200 volumes das obras mais reclamadas, entre as quais os 65 volumes da notável enciclopédia “Espasa”, de fama hoje universal.
1929. Os dados estatísticos, de visitação à Biblioteca, somaram neste ano, 4.095 leitores, assim distribuídos: 755 pessoas consultaram obras literárias e científicas e o restante, 3.340, leram jornais.
1930. Encontra a Biblioteca Pública do Estado num marasmo desolador com seus 15.000 volumes sem, praticamente serem consultados.
Neste ano, Chevalier, volta novamente a ocupar o cargo de Bibliotecário.
1930/1935. “Os Interventores Federais, que se sucederam no Governo do Estado, de outubro de 1930 a fevereiro de 1935, não foram pródigos em cuidados com a Biblioteca, que assim, à margem das agitações políticas e das reformas administrativas ditadas pelo novo espírito revolucionário, atravessou o qüinqüênio entregue ao seu próprio destino, aquietada na mesma situação de lento caminhar em que se vinha conduzindo pelo último decênio da chamada “República Velha”.
1934. “A um capitão de altivos brios, mãos honradas e enérgico espírito de comandante e governante – Nelson de Melo coube levar ao fim esse período de governos discricionários (1930-1935), no Estado, entregando o poder ao Governador constitucionalmente investido no cargo, após dezesseis meses de uma gestão que será sempre recordada como autêntico modelo de moralidade administrativa e absoluta seriedade da função pública. Um dos ângulos de muita luminosidade da gestão mandou equipar de bons livros a Biblioteca Pública do Amazonas, determinando, ainda, a melhoria de suas instalações, para o conforto dos leitores”.
No Governo de Nelson de Melo, teve início um amplo movimento de renovação das atividades da Biblioteca Pública do Estado.
1935. 4 de fevereiro, Nelson de Melo deixa o Governo do Amazonas.
A essa época, dirigia a Repartição de Arquivo, Biblioteca e Imprensa Pública, o Dr. Marcionillo Lessa.
3 de maio, assume constitucionalmente para governar o Estado do Amazonas, Álvaro Botelho Maia que numa de suas primeiras mensagens à Assembléia Legislativa, assim se pronunciava: “Em relação à população da Manáos, a freqüência da Biblioteca Pública apresenta admirável proporção de estudiosos, magnífica média de interessados pelos trabalhos de cultura. Bastante significativo é o número de pessoas que visitaram nosso salão de leitura pública; 14.091 estudiosos, manusearam livros, consultaram obras, extraíram notas. Para o seu patrimônio foram adquiridos as seguintes obras: 38 por compra, 8 por permuta e 40 por doação. Impressos recebidos: 12.616 jornais e 2.312 revistas nacionais e estrangeiras. Encadernação: 84 volumes. Sob a denominação de “Estante Tenreiro Aranha”, está sendo organizada uma coleção de livros referentes a assuntos amazônicos, que já conta com 204 volumes encadernados”.
1936. Abandona a vida pública, por aposentadoria, José Chevalier Carneiro de Almeida que desde 1912 no Governo de Antônio Bittencourt, vinha colaborando com a Biblioteca Pública. À esta época, funcionário de outra repartição do Estado, foi para catalogação. Nos anos seguintes dividiu suas atividades entre a Biblioteca e dela se afastando para dirigir a Repartição de Arquivo, Biblioteca e Imprensa Oficial. Nos vinte e dois anos em que ficou a frente de uma ou da outra, nunca deixou de lutar em prol do engrandecimento da Biblioteca.
Ao se aposentar, “cheio de desenganos e de sonhos fenecidos, por lhe não ter sido possível, dada a constante penúria de recursos materiais, colocar a Biblioteca Pública do Amazonas à altura dos seus anelos, equipada de servidores competentes, engrandecida em seu acervo bibliográfico e em suas instalações, suficientemente organizada para, de modo infalível, desempenhar a função que verdadeiramente lhe cumpria no aprimoramento cultural do povo amazonense fez muito, não obstante. Fez tudo o que dependia de sua operosidade, de sua dedicação, de sua consciência de pedagogo emérito, de seu espírito arejado, de seu caráter reto, de sua bem alicerçada cultura”.
Bibliotecário, dignificou a profissão, amando os livros, encaminhando os leitores, difundindo no máximo os conhecimentos humanos que, em volumes preciosos, estavam confiados à sua guarda. Bem credenciado está o seu nome para figurar entre o dos grandes percusores da biblioteconomia no Brasil”.
Com Álvaro Maia no Governo, a Biblioteca se firmou num magnífico surto de prosperidade, passando a crescer consideravelmente os registros de freqüências de leitores, em razão de uma intensa, campanha de publicidade feita pelo novo Bibliotecário – Chefe “Genesino Braga, nomeado por ato do Governador Álvaro Maia”.
1936. “Exerce com influência e bom senso as funções de Diretor do Arquivo, Biblioteca e Imprensa Pública o Dr. Washington Mello que em seu relatório, incluso na mensagem do Governador Álvaro Maia à Assembléia Legislativa em 3 de maio de 1937, diz o seguinte: “A biblioteca pública acusa o recebimento de 1.258 revistas, 4.023 jornais e 41 livros, de diferentes procedências, todos doados gratuitamente. Foram expedidos 412 pedidos de remessas de jornais e revistas a diversas casas editoras e 355 circulares de agradecimentos de livros, revistas e jornais ofertados à biblioteca.
Várias publicações oficiais foram, outrossim, recebidas por ofertas da Imprensa Nacional, além de 139 volumes da Smithsonian Institution, de Washington, por intermédio da Biblioteca Nacional.
Obedecidas as formalidades regulamentares, verificou-se apenas uma operação de permuta de 8 obras com 1 que se achava catalogada em triplicata na Biblioteca.
Pela verba orçamentária destinada à aquisição de obras para a Biblioteca foram adquiridas: a coleção “Brasiliana” com 48 volumes; 2 volumes suplementares da “Enciclopédia Universal Ilustrada”, e 4 obras sobre assuntos amazônicos para a coleção de obras da Amazônia, em organização.
Sob os cuidados desta Diretoria foram ditos volumes convenientemente encadernados nas oficinas do “Diário Oficial” e, em seguida, entregues a secção competente.
O Salão de Leitura da Biblioteca foi freqüentado por 11.908 pessoas tendo sido consultados 3.415 jornais, revistas e avulsos e 8.493 obras constantes do catálogo.
Para obviar, em parte, essas dificuldades (refere-se as condições da Oficina desprovida de elementos para produzir), no que diz respeito ao aparelhamento material, esta Diretoria, devidamente autorizada, fez ao representante, nesta cidade, as encomendas de peças para linotipo, e a de artigo papelaria.
O movimento da receita e despesa da Repartição, no período que vai de 1 de março de 1936 a 20 de março de 1937, é o que se verifica do quadro demonstrativo que a este acompanha. Se não foi possível, neste lapso de tempo, conseguir maior renda, entendida, aliás, como renda a arrecadação feita à boca do cofre e a proveniente de trabalho executados, assinaturas, publicações para as Repartições estaduais e tanto não permitiam, acrescida essa circunstancias do fato de para isso concorrer a maioria dos departamentos públicos que desvia para casas particulares os serviços de confecção e impressão que quase sempre bem poderiam ser executados a contento nas oficinas da Imprensa”.
1939. Álvaro Maia, já Interventor Federal desde novembro de 1937, informava sobre a Biblioteca ao Presidente da República: “Opulentou-se o catálogo da Biblioteca, que é inegavelmente preciosa em livros antigos, com a compra de cento e oito obras moderna, às quais se juntaram sessenta e seis, espontaneamente oferecidas por particulares. Com anteriores aquisições, pode a Biblioteca apresentar agora em seus catálogos trezentas e três obras de autores contemporâneos sobre vários assuntos”.
1939/1940. À essa época, ocorria intenso movimento biblioteconômico em São Paulo e na capital da República no sentido de dotar as Bibliotecas brasileiras de pessoal técnico especializado e dar as mesmas, novos métodos de organização. “Em São Paulo é criada a Escola de Biblioteconomia, do Departamento de Cultura da Prefeitura, a qual, em 1940, se transforma na Escola de Biblioteconomia anexa à Escola Livre de Sociologia Política. No Rio, o DASP organiza a carreira de Bibliotecário do serviço público federal e funda um curso de Biblioteconomia, intensivo, para a formação de bibliotecários especializados”.
Passa por uma grande reforma o curso de Biblioteconomia da Biblioteca Nacional e se organiza, nesta, a Seção de Referência. É criado, pelo Governo Federal, o Instituto Nacional do Livro, que institui o serviço de registro das bibliotecas brasileiras e estabelece as instruções para a sua organização. Inaugura-se a Biblioteca Modelo do DASP, que dá o padrão dos novos métodos de serviço.
1941. O Governo do Amazonas “sentindo a necessidade de atualizar os serviços da Biblioteca Pública” designa Genesino Braga, Bibliotecário-Chefe, “para fazer o curso de Biblioteconomia do DASP, a fim de poder entrosar a biblioteca no ritmo renovador que já se vinha processando em todo o país”.
1942/1944. A 31 de março de 1943, ocorre mais uma reforma quando é criado o Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda, ficando a Imprensa Pública a ele subordinada. Em conseqüência, é extinta a Diretoria do Arquivo, Biblioteca e Imprensa Pública, e através do Decreto-Lei nº 988 é criada a Diretoria do Arquivo e Biblioteca Pública.
A esta época, após 30 anos, volta a Biblioteca Pública do Amazonas a receber, novamente, doações orçamentárias para a aquisição de livros.
Em função da nova organização, com a criação da Diretoria do Arquivo e Biblioteca Pública, houve reformulação no quadro de funcionários passando Genesino Braga ao cargo de Diretor, tendo como auxiliares o seguinte quadro: 1 Bibliotecário-Chefe, 3 Bibliotecários e 1 Datológrafo
“Com essa reorganização dos quadros e dotações de verbas próprias, uma nova orientação foi possível imprimir-se nos serviços da Biblioteca, inaugurando-se outras, inclusive a Biblioteca Infantil”.
Em relatório enviado ao Governador referente ao triênio 1942 a 1944, o Diretor do Arquivo e Biblioteca, Genesino Braga assim se pronunciava: “A secção de literatura infantil é, sem dúvida a mais freqüentada. A Biblioteca dispõe presentemente de 254 volumes de livros para as crianças, destacando-se o “Tesouro da Juventude” e a coleção “Anchieta”. Além desses, inúmeras revistas infantis são postas à disposição dos pequenos leitores, aos quais uma bibliotecária, destacada especialmente presta assistência, orientando-os na leitura, indicando-lhes as obras recreativas e instrutivas.
Por meio da uma campanha intensiva, os operários estão sendo convocados a freqüentar as coleções da Biblioteca. Cartazes pelas usinas e fábricas, publicações nos jornais e no rádio indicam-lhe os caminhos do livro e da leitura, enquanto as coleções da Biblioteca se abastecem de obras de assuntos especializados, de manuais técnicos, interessando todas as profissões, todas as artes, todas as ciências.
O Serviço de Referência organiza relações de obras de interesse para esta ou aquela classe, esta ou aquela profissão, e as remete às associações, aos institutos, às escolas, a fim de que todas conheçam os livros de que ela dispõe para seus estudos e consultas.
Mensalmente, um “Boletim de Informações” é distribuído para os jornais e bibliotecas nacionais e do estrangeiro, dizendo do movimento da Biblioteca Pública do Amazonas, suas realizações no campo da Biblioteconomia, a freqüência nos seus diversos ângulos, a natureza das consultas, os autores mais procurados, as doações, as obras novas entradas, classificadas e catalogadas.
O “Boletim de Informações” já mereceu a atenção do Diretor da Biblioteca Modelo do DASP, que, em carta a esta Diretoria, enviou “sinceras felicitações pelo seu explêndido trabalho na Biblioteca Pública do Amazonas”.
A freqüência aos salões de leitura teve um aumento extraordinário sendo que, de junho de 1943 a maio de 1944, acusou a presença de 34.500 pessoas que fizeram 35.856 requisições de consultas.
Em julho de 1944, o Inteventor Álvaro Maia em exposição ao Presidente da República relatava o seguinte: “Os 25.000 volumes da nossa Biblioteca vem tendo uma grande consulta ”de junho de 1943 a maio de 1944, entraram para as suas estantes 6.982 obras novas; eleva-se a 1.1944 o número de livros modernos, adquiridos por compra ou oferta.
Graças à renovação da Biblioteca, os seus salões de leitura recebem a visita de pessoas de todas as classes sociais, desde o estudante primário até o magistrado, desde o aprendiz de artífice até o professor, desde o operário até o militar e o sacerdote. Elevado número de senhoras consultam as obras de enfermagem, artes domésticas, trabalhos de escritórios e literatura em geral.
A comparação dos quadros atinentes a este capítulo representa um elogio para o nosso povo, que dia a dia, aprimora a sua cultura, numa região ainda nova e numa época em que todas as atenções convergem para a produção de matérias-primas. É interessante o número avultado de estudantes, professores, comerciários, que procuram os salões da Biblioteca.
Neste ano registrou-se, na Biblioteca, a freqüência de 37.038 leitoras e que, por sua vez, fizeram 39.168 requisições. Através de meios vários, foram recebidos 856 livros, 217 folhetos, 3.036 jornais e 1.876 revistas.
1945. Neste ano, o acervo da Biblioteca Pública somava 30.000 livros.
A 22 de agosto deste ano, durante a madrugada, violenta incêndio irrompe no prédio da Biblioteca, destruindo toda a sala direita, do teto até o chão, com todo o acervo e os móveis que nela se encontravam. O incêndio tomou proporções em virtude da inexistência de funcionários a essa hora da noite e somente ao raiar da manhã do dia 23, quando o assoalho ruiu, provocando enorme estrondo, foi que as pessoas alertadas pelo ruído correram ao local e ao deparar-se com o espetáculo dantesco, das labaredas consumindo o majestoso prédio, deram então o alarme.
Toda a sala direita veio ao chão, do teto até o porão e do acervo bibliográfico, somente uns “60 volumes escaparam ao sinistro; e isso porque se achavam em um stand que a direção da Biblioteca organizara, a título de propaganda do livro e da leitura, em uma Exposição-Feira que havia sido inaugurada, dias antes”, num terreno pertencente a Capitania dos Portos. Entre os livros que estavam na referida exposição, “figuram: um missal manuscrito e iluminado a cores em pergaminho, obras supostas dos copistas do mosteiro de Monte Cassino; e os três tomos do in-fóliode Debret: “Voyage Pittoresque et Historique au Brésil”. Paris, 1934. Firmin Didot Fréres, imprimeurs de L’Institut de France”.
Manaus encontrava-se, de novo, sem Biblioteca. “Dois dias após o incêndio, diretor e funcionários, ainda de coração a sangrar pelo brutal desaparecimento do tesouro que custodiavam, deram início às árduas tarefas da formação do novo acervo”.
A 23 de agosto, Álvaro Maia baixa o seguinte Decreto:
“O Interventor Federal do Estado do Amazonas, atendendo à necessidade de se reinstalar imediatamente a Biblioteca Pública do Amazonas, destruída pelo terrível incêndio de ontem; e
Considerando que uma Biblioteca é sempre fonte perene de sabedoria e educação de um povo e atestado de cultura e grandeza do Estado,
DECRETA:
Art. 1º – Fica cedido, provisoriamente, a Biblioteca Pública do Estado, a ser reinstalada a 5 de setembro próximo vindouro, o andar superior do novo prédio do Departamento das Municipalidades.
Art. 2º – Serão incorporadas a esta instituição pública, que visa o benefício das populações de todo o Estado, as bibliotecas do Colégio Estadual, da Faculdade de Direito, do Departamento estadual de Estatística, do Juizado Tutelar de Menores, do Departamento de Educação e Cultura e de outras repartições públicas, excluídos os livros técnicos e didáticos indispensáveis aos respectivos serviços de cada uma delas.
Art. 3º – As bibliotecas a que se refere o artigo anterior, assim como as que existirem em outras repartições estaduais, serão conduzidas, juntamente com as estantes em que estão organizadas, para o local indicado no art. 1º, devendo a Diretoria da Biblioteca Pública providenciar, imediatamente, nesse sentido.
Art. 4º – O Governo do Estado abrirá, oportunidades, crédito para atender à compra de livros.
Art. 5º – Fica criada e nomeada uma Comissão composta dos Senhores Desembargador André Araújo, Escritores Péricles Morais e João Leda, Professores Agnello Biitencourt, Vivaldo Lima, Themístocles Pinheiro Gadelha, Júlio Benevides Uchoa e Doutor Djalma da Cunha Batista, para, sob a presidência do Diretor efetivo da Biblioteca Pública, orientar e desenvolver um movimento de restauração daquele patrimônio de cultura do Estado.
Art. 6º – O presente Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário”.
Apesar das determinações constantes no Decreto, quase nada chegou a ser cumprido. Com relação a instalação da Biblioteca no Departamento das Municipalidades (Avenida Eduardo Ribeiro com rua. José Clemente), optou-se por mantê-la no próprio prédio, no pavimento Superior, na ala esquerda, que não havia sido destruída no sinistro incêndio. Quanto ao acervo, somente o Departamento de Educação e Cultura, e o Departamento estadual de Estatística (alguns exemplares( e a Diretoria dos Serviços Técnicos, cumpriram com o estipulado dendo que o total de livros enviados somou cerca de quatrocentos volumes. As demais Instituições não tomaram conhecimento das determinações do Governo. Com relação a Comissão criada no Art. 5º, ficou somente no papel e não se reuniu “nem mesmo para efeito das formalidades de instalação”.
Além dos 60 volumes da Biblioteca que escaparam ao incêndio e dos 400 livros enviados pelas Repartições acima citadas, o Governador, Dr. Álvaro Maia, doou, 2.500 volumes de sua biblioteca particular. Paralelamente, alunos da Faculdade de Direito e do Colégio Estadual, numa campanha espontânea de “porta em porta”, conseguiram arrecadar cerca de 2.000 livros, alcançando com isso, colaborar magnanimamente com o aumento patrimonial da Biblioteca. Afora essas providencias, a direção das Bibliotecas, as empresas editoras e as instituições bibliográficas do País e do Estrangeiro”, comunicando o ocorrido e solicitando contribuição “para a formação de um novo acervo”. Todos responderam magnificamente ao apelo. As bibliotecas brasileiras, sem exceção, enviaram as duplicatas que possuíam. O Instituto Nacional do Livro – INL, doou 2.500 livros volumes, atendendo determinação de seu Diretor, o escritor Augusto Mayer, Contribuíram, ainda, com o envio de publicações, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Conselho Nacional de Geografia, os Ministérios do Governo Federal, o DASP e outros órgãos federais. Além destas instituições nacionais, a American Library Association, de Washington, doou cerca de 900 livros de autores norte-americanos, orçados em, aproximadamente, mil dólares, quantia esta arbitrada na seleção dos livros em todas as editoras dos Estados Unidos. Do estrangeiro, ainda, solidarizados com a Biblioteca do Amazonas, vieram doações particulares como a do Secretário Nacional de Propaganda de Portugal, do British Museum de Londres, da Library of Congress e da American Library Association de Washington, da Alliance Française e algumas outras instituições da Bélgica, da Rússia, do Uruguai, do Peru, da Colômbia, da República do Salvador, do México e da Argentina.
1945/1947. paralelamente a execução do registro e catalogação do novo acervo, procedia-se a transferência do Arquivo Público, que funcionava na ala esquerda do piso interior do prédio recém sinistrado, para a Praça D. Pedro II, num prédio recém-restaurado. Após ser efetivada a transferência do Arquivo e a conclusão dos trabalhos de registros e catalogação do novo acervo da Biblioteca, procedeu-se a arrumação dos livros nas novas estantes, mesas e cadeiras confeccionadas de acordo com o modelo padrão do DASP e, complementando o mobiliário, um fichário com cento e quarenta gavetas além do balcão de atendimento. O acervo e o mobiliário foi colocado nos dois salões de baixo e no “hall” de entrada.
1947. A 21 de novembro, dois anos e três meses após o incêndio, a Biblioteca foi reinaugurada no prédio que havia sido construído com a finalidade precípua de abrigá-la.
1948. A 15 de março, o Governador Leopoldo Amorim da Silva Neves, apresentou à Assembléia Legislativa uma mensagem na qual registra a ocorrência: “Decorridos dois anos e três meses do incêndio que, a 22 de agosto de 1945, destruiu totalmente o patrimônio bibliográfico da Biblioteca Pública do Amazonas, foi esta reaberta à serventia pública, no dia 21 de novembro de 1947, com um total de 45.000 volumes impressos, incluindo livros, folhetos e periódicos”.
A freqüência à Biblioteca, ao findar deste ano, foi de 25.582 leitores.
1949. Em fevereiro deste ano, foi inaugurada a Biblioteca Infantil com o acervo inicial de 715 livros de literatura condizente com o público leitor, tendo, também, um mobiliário moderno em consonância com este mesmo público.
Aos poucos a Biblioteca foi retornando as suas atividades normais e retomando seu lugar de importância no contexto cultural do Estado. De fevereiro de 49, data um depoimento abalizado sobre a Biblioteca, prestado, em entrevista ao Jornal do Comércio, pela Bibliotecária Maria Luiza Monteiro da Cunha, que fez corso de especialização a nível de Pró-Graduação nos Estados Unidos e à época exercia o cargo de Diretora da Biblioteca Municipal de São Paulo, além de ser Professora de Classificação e Catalogação da Escola de Biblioteconomia de São Paulo, que encontrava-se em Manaus, participando de uma viagem de turismo promovida pelo Touring Club do Brasil e assim se expressou: “Todos nós sabíamos que viríamos encontrar, em Manaus, um dos melhores teatros do mundo, daí não termos ficado surpreendidos quando visitamos o suntuoso Teatro Amazonas, obras das mais aprimoradas. O que nos causou surpresa, isto sim, foi a Biblioteca Pública do Estado, que, apesar do incêndio de 1945 quando foi totalmente devorada, já é uma das grandes realizações da biblioteconomia moderna. Fiquei deveras admirada por ver em tão pouco espaço de tempo, isto é, somente 3 anos, como possível adquirir-se um acerco tão valioso, isto sem calcular-se a quantidade de livros ali existentes e sim os livros básicos referentes a todas as disciplinas, o que bem demonstra pleno conhecimento a respeito do assunto por parte de seu diretor e funcionários, estando ao par da situação livresca”. Num outro trecho, referindo-se a parte de Literatura Infantil, ela diz: “O adotando o Sr. Genesino Braga, quanto à criação da secção acesso livre às estantes, no salão de leitura”.
Mais adiante, referindo-se ao acervo diz: “com relação às obras, apesar do lamentável incêndio destruidor de 1945, existem ainda livros preciosos, tais como Debret e Orlando Furioso, ilustrado por Doré, além de serem encontradas enciclopédias interessantíssimas, dando-se destaque ainda as ciências sociais de Seligman”. A seguir fala que ficou “bastante satisfeita em ver a utilidade que tem aqui o Boletim Bibliográfico da Biblioteca Municipal de São Paulo”. Num outro trecho diz que “é de se louvar o cuidado que vem sendo dispensado aos livros, porquanto, com isso, estão eles livres da sanha dos bibliófagos pelo que verifiquei, o edifício da Biblioteca Pública presta-se a um desenvolvimento de processo técnico, nos moldes dos mais modernos princípios biblioteconômicos, tais como criação de secções de empréstimos de livros a domicilio, uma sala para conferencias, serviços de restauração, mapoteca, etc”.
Ao findar deste ano, a freqüência na Biblioteca foi de 28.053 pessoas.
1950. A 18 de agosto, através da lei nº 677 foi, finalmente, a Biblioteca desmembrada do Arquivo Público, passando a constituir uma Diretriz autônoma, “na própria regência de suas diretrizes, sem mais o ruinoso desvio dos cuidados diretivos para outros setores diferentes”. Com esta medida, cortaram-se as amarras que prenderam, por quarenta e cinco anos, a Biblioteca e outros órgãos de natureza diversa. A partir daí, desenvolveu-se em ritmo acelerado e o imperativo de seus misteres passaram a ser atendidos com mais diligência e compreensão”.
1953. A 15 de dezembro, “a premência do aumento do pessoal, em razão da multiplicidade das tarefas de ordem técnica, teve solução com a lei nº 243”, que reestruturou o quadro de funcionários passando a constituir-se em: “Diretor, Secretário, 2 Bibliotecários-Chefes, 7 Bibliotecários, 9 bibliotecários-auxiliares, 1 Porteiro e 2 Serventes, afora o pessoal extra-numerário”. Através dessa Lei, ficaram fixadas, as “normas definitivas para o provimento dos cargos de Bibliotecário-Chefe e de Bibliotecário, objetivando justas vantagens para os funcionários que adquirissem a especialização cargos só poderão ser providos por bibliotecários portadores de diplomas expedidos pelos cursos oficiais de biblioteconomia do país”. Desta forma, foi estabelecido mais um vínculo com as modernas diretrizes biblioteconômicas no Brasil visando, com isso, prestigiar o profissional especializado, num significativo gesto de acatamento aos cursos de Biblioteconomia existentes no país.
1955. Em janeiro deste ano, foi implantado na Biblioteca Pública e por iniciativa de seu dirigente, o curso de biblioteconomia do INPA – Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, com a duração de dois anos aonde seriam ministradas as seguintes matérias: “Classificação e Catalogação; Bibliografia e Referência; Organização e Administração de Bibliotecas; História do Livro e das Bibliotecas; e História da Literatura”, pelos seguintes bibliotecários diplomados: “Dra. Dóris de Queiroz Carvalho, Bibliotecária do Ministério da Fazenda, chefiando a Biblioteca do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, autora da obra “Classificação Decimal de Direito”; Maria Luisa de Magalhães Cordeiro; Maria de Nazaré Jacob da Silva Neves, Bibliotecária da Faculdade de Direito do Amazonas; e Genesino Braga, Diretor da Biblioteca Pública do Amazonas.
Em novembro deste ano, “após dois períodos intensivos de aulas e provas, foram expedidos certificados de Bibliotecários Auxiliares, correspondente ao primeiro ano de ensino, a 15 dos 56 alunos matriculados no início do período letivo”.
1956. A 15 de março deste ano o Governador Plínio Ramos Coelho em mensagem à Assembléia Legislativa, faz um comunicado sobre os serviços da Biblioteca: “A Biblioteca Pública sob a eficiente direção do jornalista Genesino Braga teve suas atividades normais presentemente o acervo bibliográfico é constituído de 74.451 volumes. Foram feitos reparos na porta principal do edifício, janelas no hall de entrada, colocadas as portinholas nas janelas dos porões e adquiridas, por meio de doações locais, dos Estados e do Estrangeiro, 3.618 volumes. Funcionou durante o ano um curso de Biblioteconomia em cooperação com o INP da Amazônia, que obteve êxito compensador. Foram matriculados neste curso 53 alunos, sendo aprovados 15 dos quais 9 são funcionários do Estado. Também foi efetuado um programa educativo cultural, no propósito da maior difusão, não só das grandes figuras das letras e do magistério nacional e particularmente do Amazonas. Para este fim foram organizadas expedições no hall de entrada do seu edifício”.
1957. O então Diretor da Biblioteca Pública, jornalista Genesino Braga, no trecho final de seu livro diz o seguinte: “ Na soma de seus oitenta e seis anos de existência, vencido um itinerário que se impregnou de muita luz e dos aromas eternos da inteligência e da cultura, com quatro gerações intelectualmente robustecidas na seivosa irradiação de saber provinda de seus livros, a Biblioteca Pública do Amazonas ostenta, na atualidade, o galardão de um triunfo que jamais poderá ser destruído, ou mesmo obscurecido, na voragem das paixões políticas, ou na insatisfação das conturbadas forças sociais que tanto abalam e agitam, nos tempos hodiernos, a inteireza das colunas da sabedoria. Ela própria, na integridade de sua função educativa, como fonte perene de sabedoria; ela das congêneres de maior conceito no país; ela própria do pedestal de veneração e respeito em que a sagraram as consciências e as vozes de muitas idades, na admiração, na própria não mais se deixará deprimir, nem olvidar, nem ficar à margem dos surtos expansionais que a mais alto levaram as conquistas da ciência e do labor. Marchará sempre, sim, à frente de todos os anelos de seu povo, soberana e consciente de sua força objetiva, alteando o luzeiro das civilizações modernas pelos claros caminhos do porvir amazônico”.
1959. Assume o Governo do Estado o Prof. Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo e uma de suas primeiras providências foi a recuperação e pintura de todos os prédios públicos de Manaus, inclusive o Teatro Amazonas, único Monumento Tombado a nível Federal, pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual, 1983 SPHAN – Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Nesta época, a Biblioteca voltou ao seu antigo apogeu.
1964. Assume a Chefia do Executivo o Prof. Arthur César Ferreira Reis. E logo a seguir, assume a direção da Biblioteca, Maria Luiza de Magalhães Cordeiro que, anteriormente, ocupava o cargo de Secretária do Diretor Genesino Braga e, ninguém melhor que ela para dar seguimentos aos objetivos traçados por seu idealista antecessor, prosseguindo uma administração baseada num humanismo digno de elogios. Dos funcionários e ex-funcionários que trabalharam sob as suas ordens, há uma humanidade em citá-la, assim como o seu já referido antecessor, como os mais eficientes e humanos diretores.
Ainda neste ano, a Assembléia Legislativa desocupa o 2º pavimento da Biblioteca em virtude do teto, no salão sul, ter começado a ruir, fato este que culminou com o desabamento total pouco tempo após ser a sala desocupada.
1965. 15 de março, em mensagem oficial à Assembléia Legislativa diz o seguinte: “Encontramos o prédio onde funcionava esse órgão da Secretaria da Educação e Cultura em condições precárias. O pavimento superior era ocupado pela Assembléia Legislativa, impossibilitando de uso, em virtude do teto do salão sul ter ruído no ano passado. O pavimento térreo, ocupado pela Biblioteca, apresentava-se praticamente exposto às chuvas por falta de vidraças em suas janelas.
A acomodação do acervo bibliográfico mostrava-se precária. O estado assistencial dos livros, péssimo. Os recursos proporcionados para corrigir suas falhas não existiam”. O estado de destruição em que a Biblioteca se encontrava é compreensível visto não ter passado por nenhuma reforma desde o Governo do Prof. Gilberto Mestrinho.
Após a reforma, o Governador Arthur Cezar fez instalar, nas dependências da Biblioteca, um Auditório refrigerado com capacidade para comportar 300 pessoas (Auditório “Alberto Rangel”) e a Pinacoteca do Estado, no andar superior, sala a direita. Além dessas providências, adquiriu a Biblioteca particular do Embaixador Mauro de Freitas (casado com a amazonense Lígia Miranda Corrêa de Freitas) objetivando contribuir com o aumento patrimonial do acervo da Biblioteca Pública.
Além desta compra, no decorrer de sua gestão, não parou de adquirir novos livros para a Biblioteca. Intelectual dos mais conceituados em seu meio, Arthur Cezar foi dos que mais apoiaram a Biblioteca Pública do Estado.
Na gestão de Maria Luiza foi criada a Biblioteca volante que tinha por objetivo levar livros para o seguimento mais carente da nossa sociedade qual seja, a comunidade dos bairros. O serviço funcionava da seguinte maneira: 05 carros (doados pelo INL – Instituto Nacional do Livro, a Biblioteca através da SEDUC) volantes iam até uma escola de bairro, aí ficando paradas atendendo os interessados (tanto da escola como da comunidade) através do empréstimo de livros.
Outra contribuição importante ocorrida na gestão de Maria Luiza foi a implantação do Serviço de Encadernação que foi instalado no porão do prédio.
HISTÓRICO DA PROPRIEDADE
1894 – 10 de maio – o Governador Eduardo Gonçalves Ribeiro autorizava por ofício nº 274 a compra do terreno.
– 11 de maio – foi adquirido à firma Marques Valente & Cia, conforme escritura lavrada em notas do tabelião Bernardo José de Bessa, pela quantia de 45:000$000. (O livro nº 109, diz ter sido comprado ao Sr. Marques Valente Maria, sucessores de Francisco Joaquim Pereira Maria).
1901 – Foi construída, no local, uma cocheira, que mais tarde foi demolida, com a qual o Estado despendeu a soma de 140:356$243, sendo 45:000$000 destinado ao pagamento do terreno.
1905 – O Governador Antônio Constantino Nery autorizava a construção do edifico, sendo dela encarregado o Dr. Emygdio José Ló Ferreira (o livro nº 102, diz empreiteiro). O custo de 1.157:130$803 – (Mil cento e cinqüenta e sete contos cento e trinta mil oitocentos e três réis).
NOTA: Os números dados aos livros de Tombo são referentes ao registro do ITERAM.
HISTÓRICO ARQUITETÔNICO
1905 – Início de sua construção no Governo de Antônio Constantino Nery.
1907 – Término de sua construção no Governo de Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt.
1910 – 5 de setembro, foi instalada a Biblioteca Pública na ala direita do pavimento térreo com um acerco de mais de 20.000 volumes.
1925 – Sofreu uma reforma no Governo do Interventor Federal, Dr. Alfredo Sá.
1945 – 22 de agosto, a ala em que se encontrava instalada a Biblioteca foi totalmente destruída bem como seu acervo cuja algumas das suas obras eram consideradas raridades bibliográficas. Do incêndio salvou-se apenas uns 60 livros. À época, encontrava-se à frente do executivo, o Interventor Álvaro Botelho Maia.
1947 – 21 de novembro, foi reinaugurada contando com um acervo de 45.000 publicações catalogadas e classificadas, no Governo de Leopoldo Amorim da Silva Neves.
1956 – Passou por uma reforma parcial no Governo de Plínio Ramos Coelho.
1960 – Ocorre uma reforma e pintura no Governo de Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo.
1965 – Inteiramente restaurada durante o Governo de Arthur Cezar Ferreira Reis que fez instalar no segundo pavimento, sala a esquerda, um Auditório refrigerado com capacidade para comportar 300 pessoas (Auditório “Alberto Rangel”) e a Pinacoteca, também no andar superior, sala a direita.
1982 – Outubro, reforma iniciada no Governo de Paulo Pinto Nery quando a Biblioteca foi fechada à visitação. Encontrando-se atualmente, (julho de 1983), ainda fechada e com as obras paralisadas.
DADOS TIPOLÓGICOS
Estilo arquitetônico eclético, usado no início do século, a semelhança de outros prédios existentes em Manaus. Sua construção é em alvenaria e sua estrutura é constituída por colunas de ferro trabalhado; pé direito duplo; janelas com vãos altos; cobertura em telha Marselhe e no vão central, em vidro transparente; adorno em estuque e placas de metal ornamentado; escada de entrada em pedra e a principal, interna em ferro trabalhado, importado da Inglaterra; 1º e 2º piso de tábuas corridas em madeira de lei.
PERTENCES
29.1 Biblioteca
Escadaria de ferro forjado de lance duplo, trazida de Liverpool (Inglaterra) no início deste século à época da construção do prédio;
Tetos de estuque no “foyer” superior com decoração floral e madalhões com figuras;
No alto da escada há uma grande pintura alusiva a abolição da escravatura no Amazonas (bastante deteriorada, em função das infiltrações do teto) ladeada por quadro de paisagens regionais;
Forro da sala, do pavimento térreo, em metal ornamentado;
Cobertura do saguão em duas águas, em telha Marselhe transparente;
Balcão do saguão em mármore;
Acervo bibliográfico de interesse geral, contendo raridades bibliográficas, inclusive, manuscritos, com originais de Graciliano Ramos, Ronald de Carvalho, Getúlio Vargas, Octávio Tarquínio de Souza, Gilberto Freyre, entre outros, além de um Missal manuscrito e iluminado a cores, em pergaminho. Obra suposta dos copistas do Mosteiro do Monte Cassino; os três tomos de Debret: “Voyage Pittoresque et Historique au Bresil”, Paris, 1934, Firmin Didot Fréres, Imprimeurs de L’Institut de France e um exemplar da Murhaida, de autoria do Pe. Cypryano Pereira com fac-simile da edição de 1819 (retirada por empréstimo e não devolvida até hoje – agosto de 1983). Além destes, a Biblioteca possui a “Florae Flumineneses” editada em 1827, com as estampas feitas a bico de pena; a coleção de Leis e Decretos da Província do Amazonas, bem como, exemplares da “Florae Brasiliensis”, editada em 1859 de autoria do naturalista Fridericus Martius.
29.2 – Pinacoteca
A Pinacoteca tem um acervo significativo para o Estado do Amazonas, com obras de Artistas nacionais, Internacionais e Locais.
Artistas Nacionais e Internacionais Mencionáveis:
· Antônio Parreiras (Caçador Furtivo);
· F. Aurélio (Banho de Cecy);
· F. Machado (Santos Dumont e o 14 Bis);
· Vienot et Morrisset (Retrato de D. Pedro II);
· F. Machado (A morte de Gonçalves Dias);
· Haydea Santiago (Veranistas);
· Cossyn (Paris – 4 retratos);
· Iolovith (4 quadros);
· F. da Silva (Dois grandes painéis de papel);
· Burle Max (Um Gauche);
· Inimã (1 Pintura);
· Dora Basília (1 Gravura);
· Lamonica (16 gravuras);
· Zerbal (Silêncio Mundial);
· Carlos Bastos (2 Desenhos a Nankim);
· Manoel Santiago (5 Pinturas);
· Busto de Manoel Santiago;
· Mirabel (2 Xilogravuras);
· Dionísio del Santo (2 Serigrafias);
· Dakir Parreiras (2 Pinturas);
· Rescala (1 Pintura);
Artistas Amazonenses Mencionáveis:
· Moacir Andrade (Cais do Ver-o-peso; o caso da neca de Manaus; antiga usina de luz de Manaus);
· Afrânio de Castro (5 Pinturas);
· R. Falcone (Osvaldo Cruz);
· Branco Silva (6 Pinturas);
· Sólon Botelho ( 2 Pinturas);
· Antônio Rocha;
· Oscar Ramos (1 Pintura);
· Da Silva (1 Pintura);
· Renato Andrade (1 Talha);
· Manoel Borges (2 Pinturas);
· Hannemann (2 Pinturas);
· Ademar Guerra (2 Guaches);
· Van Pereira;
· J. Maciel (Desenho);
· Zuazo (8 Xilogravuras);
· Ademar Brito (1 Pintura).
NOTA: Este lançamento foi realizado pelo Artistas Plástico e Restaurador Jair Jacqmont Cantanhede.
36 – Administradores
1º – José Ferreira Fleury – março de 1882 a fevereiro de 1884.
2º – Lourenço Pessoa – 1884.
3º – Antônio Manoel de Souza Oliveira – 1884 a 1885.
4º – Carlos Pereira de Pinho – 1885 a 1887.
5º – Jorge Augusto de Brito Inglês – 1º Diretor nomeado – 1887/88.
6º – Pedro Epifânio Regalado Batista – 1895.
7º – Wilson Silveira Coelho – 01/01/1898.
8º – Júlio Nogueira – 1899/1900.
9º Raul de Azevedo – 17 de janeiro de 1900
10º – Bento Aranha – 1900 a 1910
11º – Benjamin Lima – 26/06/1912
12º – Heitor Brandão – 1913.
13º – José Duarte Sobrinho – 1914.
14º – José Chevalier – 1914 a 1930.
15º – Genesino Braga – 1930 a 1964.
16º – Maria Luiza de Magalhães Cordeiro – 1964 a 1970.
17º – Maria Auxiliadora Xerez de Freitas – 1970 a 1973.
18º – Wilma Greijal – 1973 a 1975.
19º – Thália Phedra Borges dos Santos – 1975 a 1983.
20º – Hilma Reis Kouyoumji – 14/03/83 a 10/05/83.
21º – Lucila Cláudia Brandão Gonçalves – em exercício.
38 – Identificação Gráfica
· Perímetro do Terreno: 145.18 ML
· Área do Terreno: 863.85 m2
· Sub-Solo: 863.85 m2
· Pavimento Térreo: 863.85 m2
· Pavimento Superior: 863.85 m2
· Total de Área Construída:2.591.55 m2
OBS: Para maiores informações, consultar o material constante no item 40.3.
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