Formou-se em Pernambuco (1876) Deputado Geral redigiu com Antonio Gentil de Souza Mendes o Jornal A Pátria (1870-72);
Discurso na Associação Geral
Razões – Questão Manoel Felício X Estado do Amazonas
Razões sobre cessão do crédito hipotecário.
AGESILAU PEREIRA DA SILVANasceu no Piauí, na cidade de Valença a 06 de junho de 1846.Foram seus pais o Coronel Raymundo Pereira da Silva e D. Apolônia Maria Cezar de Almeida, abastados fazendeiros da região. Com o falecimento do marido, D. Apolônia transferiu-se para São Luiz do Maranhão, onde Agesilau iniciou os estudos, matriculando-se depois na faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se a 13 de novembro de 1868.
Quando estudante casou-se com D. Adelaide Cândida Machado da Silva, de conceituada família daquela Província.
O Dr. Agesilau Pereira da Silva foi um dos maiores luminares da jurisprudência que viveu em Manaus, constituindo família e deixando mostras do seu talento e cultura.
Faleceu em Manaus a 26 de janeiro de 1913, estando sepultado no cemitério de São João Baptista, em jazigo de mármore de carrara que seus filhos fizeram erguer.
Desde cedo teve pendores para a política tendo se alistado no Partido Conservador, que o fez eleger Deputado Geral, em 1873, com 26 anos de idade, havendo sido candidato, não conseguindo ser reeleito, perdendo para Franklin Dória, Barão de Loreto. Como reparação ao esbulho, o Imperador D. Pedro II ofereceu-lhe o Governo de uma das Províncias de Santa Catarina ou do Amazonas. O Amazonas foi o escolhido e da qual foi seu presidente de 26 de maio de 1877 a 14 de fevereiro de 1878, na condição de 17º Presidente da Província.
Com a subida ao poder do Partido Liberal, passou o cargo ao substituto legal, demonstrabdo não ter apego à função política.
Em sua administração, dentre outros feitos tomados como importantes, liberou a exportação da borracha e de outros gêneros para o estrangeiro, até então monopolizada no porto de Belém.
De regresso ao Piauí exerceu a advocacia nos foros de Terezinha e São Luiz, destacando-se entre as causas que patrocinou, na capital maranhense, a relativa a denúncia por crime de calúnia contra o cônego Osório Athaide da Cruz, pelo ajudante de ordens do Presidente da Província, o Major João Manoel da Cunha, e ficou célebre pelas pessoas envolvidas no processo, de um lado o Clero Maranhense tendo a frente o bispo diocensano e do outro lado, oficiais do Exército e os jornalistas Arthur e Aloísio Azevedo e Manoel de Bittencourt, Fran Pacheco e Eduardo Gonçalves Ribeiro, por alcunha o “Pensador” (nome do jornal que dirigia em São Luiz) e seria mais tarde Governador do Amazonas (1892-96). Questão nitidamente religiosa, levantada em uma época que já tomava corpo no país o movimento anti-clerical iniciado nos Quartéis.
Sete anos depois de deixar o Amazonas como seu Presidente, voltou a residir e a trabalhar em Manaus por cerca de 22 anos.
Atuou em Manaus no rumoroso caso em conseqüência do assassinato do milionário e usuário Custódio Pires Garcia, pelos herdeiros da vítima, para defender o acervo que deixara.
Alheiando-se da política, tantas rogativas lhe fizeram seus amigos amazonenses que a ele resolveu voltar.Com o Dr. Jonathas de Freitas Pedrosa, fundou o Partido Nacional enquanto os irmãos Moreira, Guilherme e Emílio, implantavam o Partido Democrata em substituição aos Liberal e Conservador.
Conta-se que, de uma feita, em ocasião agitada, logo após a deposição do Major Gregório Thaumaturgo de Azevedo, do governo do Estado, ocorrida em 17 de fevereiro de 1892, o Dr. Agesilau fora incomodado em sua residência por um grupo de policiais que o foi prender por ordem do chefe de polícia. O grupo teria sido recebido com gentileza, e como estava em pijama e pediu para indumentar-se em condições de sair, e, entrando na alcova não mais voltou, escapando pelo quintal, no caminho do igarapé dos Educandos, e de lá indo para a cidade de Itacoatiara e depois para Belém em um “gaiola”.
Depois retornou a Manaus sem a pressão dos adversários políticos.
O governo do Major Thaumaturgo de Azevedo foi curto, mas cheio de episódios dramáticos. Com o Dr. Agesilau, sucedeu um deles, um caso que foi relatado por seu filho Dr. Luciano Pereira da Silva, ao senhor Agnello Bittencourt, Luciano assim se expressou: “Velho amigo e coestaduano do governador designado para o Amazonas, o Major Gregório Thaumaturgo de Azevedo prestou-lhe discreto apoio e conta-se que, certa vez, quando expunha ao governador o seu ponto de vista contrário a uma medida tomada por este, diante da resposta irritada que recebera, de que não admitia censuras como governador a atos que praticasse na esfera de sua competência, levantou-se e retrucou, ao retirar-se da sala, para não mais voltar ao Palácio do Governo: “Pois passe muito bem, na certeza de que, quando pensar em amigos, autorizo-o a incluir o meu nome entre eles, atento e desinteressado como até aqui tenho sido, mas se pensa em poder incluí-lo entre o dos bajuladores do governador, proíbo-lhe expressamente que o faça. Surpreso e caindo em si, diante da reação do velho amigo, tratou o Major Thaumaturgo de Azevedo de reconciliar-se com ele, sem conseguir, entretanto, demove-lo de sua resolução de não mais voltar ao Palácio, embor reatassem a amizade antiga”.
Ao Major Thaumaturgo de Azevedo sucedeu o Capitão de Engenheiros Eduardo Ribeiro, quando já estava organizado o Partido Nacional chefiado pelo Dr. Jonathas Pedrosa, com seu órgão na Imprensa, o “Diário de Manaus”, de propriedade também do Dr. Carneiro dos Santos e do Dr. Coelho Rezende, diário esse que fazia séria oposição ao governo de Eduardo Ribeiro.
Certo dia, que por sinal era uma sexta-feira da paixão, o “Diário de Manaus”, situado no local que está hoje a “Fábrica Bijou”, tem as suas oficinas quebradas a martelo e incendiado o prédio.
O cabedilha dos predadores, terminada a obra sinistra, na madrugada sem aurora, corre à residência do governador a fim de lhe participar o seu ato. Eduardo Ribeiro fica indignado e reprova a selvageria comprometedora do seu governo. Mas tudo ficou em nada; Agesilau, dono e redator do jornal, porta-se com a maior dignidade de homem que sempre esteve contra as atitudes de violência.
Em 1891, o Dr. Agesilau, estando já radicado no Amazona mandou buscar a família para Manaus, composta da esposa e nove filhos dos quais cinco do sexo feminino. Ei-los:
Maria Adelaide, casada em 1893 com o abastado negociante Joaquim Gonçalves de Araújo; Maria Luiza, no mesmo ano casada com o engenheiro amazonense Lauro Batista Bittencourt, Diretor das Obras Públicas do Estado; Branca, em 1896, casada com Pedro de Castro Semico, funcionário federal, mais tarde Inspetor da Alfândega de Manaus; Rosa, casada em 1905, com o Dr. Manoel Sólon Rodrigues Pinheiro, advogado no Foro de Manaus; Ismênia em 1905, casada com o engenheiro militar, então tenente Firmo Ribeiro Dutra.
Os quatro filhos do Dr. Agesilau Pereira da Silva foram:Raimundo Engenheiro civil; Raul fazendeiro de gado; Pedro, que sucedera a seu pai na direção do escritório, em Manaus, exercendo mais tarde as funções de procurador geral, aposentando-se como desembargador do superior Tribunal de Justiça do Estado, e Luciano, também formado em direito, tendo exercido altos cargos no Estado do Amazonas e no Distrito Federal, além de deputado federal por aquele Estado, na legislatura de 1912 a 1914.
O Dr. Agesilau Pereira da Silva, pela sua ascendência moral e intelectual, pelos seus serviços prestados à Pátria e a Humanidade, pela sua bondade, pela sua abundante progenitura, digna por todos os títulos, foi um Patriarca, um super-homem que viveu na administração dos seus contemporâneos e nas benções do Eterno. Na sua memória cabe um símile de lendária árvore Ygdrasil, da mitologia Escandinava, árvore cuja fronde imensa perenemente coberta de pomos de ouro tendia cobrir toda a terra. Deus quis que a espécie fabulosa fosse transplantada para o Brasil, sendo lançada no Piauí, tendo como sustentáculo a família Pereira da Silva. Hoje Ygdrasil se estende do Amazonas ao Rio d e Janeiro, na árvore genealógica dos Pereira da Silva.
(Fio possível traçar este resumo da biografia do Dr. Agesilau Pereira da Silva com a colaboração obsequiosa do seu ilustre filho Dr. Luciano Pereira da Silva).
Agesilão Pereira da Silva, turma de 1868, piauiense, dep. geral pelo Piauí, 1872/75 advogou em Mao, e de Simplício Coelho de Rezende Fº, piauiense, jornalista, dep. federal pelo Piauí.
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