João Pedro Dias Vieira nasceu na vila dos Guimarães, no Maranhão, a 30 de março de 1820. Filho do capitão de milícias Manuel Ignácio Vieira e dona Dyonísia Maria Dias Vieira, deles não herdou bens materiais nem influência política na sua província natal, promovendo-se exclusivamente por méritos pessoais.
Estudou desde cedo em São Luiz do Maranhão onde fez humanidades e cursou latim com o professor Francisco Sotero dos Reis, conhecido e respeitado mestre. Aos 14 anos, portanto em 1834, completou os preparatórios ingressando a seguir na Academia de Olinda onde em 1838 integrou a redação do jornal Argus Olindense com os quintanistas Fábio Alexandrino Carvalho dos Reis, Antônio Borges Leal Castelo Branco, e com o quartanista Ignácio de Carvalho Moreira, sob a direção de Francisco José Furtado e Casemiro José de Moraes Sarmento, conhecido como o “Moraes malcriado”.
João Pedro foi quem mais padeceu em razão das críticas que o jornal fez aos professores, sendo reprovado no terceiro ano, apesar dos protestos dos acadêmicos. Tal procedimento gerou penas seguidas de suspensão, advertências e até a transferência para a Academia de São Paulo.
E tudo se fazia com base no Decreto de nº 42, de 19 de agosto de 1837 o qual determinava claramente que o estudante que usasse de ameaça, injúrias ou violências contra professores ou contra o diretor, não poderia ser matriculado na escola, ficando suspenso por um período de um ano e seis meses.
O clima em Olinda era efetivamente de uma grande universidade. Era mesmo uma vida escolástica, de que nos fala Carvalho Moreira, depois barão de Penedo,
“… dominávamos completamente a cidade a título de corpo acadêmico.
… Olinda assemelhava-se a antiga Coimbra, donde vinham alguns brasileiros findar o bacharelado, desde que se haviam criado em 1827 os dois cursos jurídicos em Pernambuco e São Paulo.
… O estuco acadêmico era sério e proveitoso. O corpo de professores não era muito notável em sua totalidade… “( )
Ali conviviam figuras que comporiam significativo painel na história brasileira, pouco depois, como Teixeira de Freitas, Nabuco, Ferraz, Cotegipe, Souza Franco, Sinumbu, Furtado, em meio a mais a quinhentos alunos.
A perseguição imposta pelos titulares da Academia Olindense, em razão das críticas expostas no jornal acadêmico obrigou a transferência de um grande grupo para São Paulo, entre os quais Carvalho Moreira, Furtado, José Augusto e João Pedro Dias, que, desde logo, formaram na capital paulista o chamado “grupo olindense” que não esmoreceu no ideal liberal que procuravam expor desabridamente.
João Pedro formou-se na Academia de São Paulo a 8 de novembro de 1841, a “cidade acadêmica” como foi chamada mesmo sem possuir proporções de metrópole,
“distingue-se por seu rigor, que abranda-se muito com a intervenção dos Ministros ou do Tobias, o potentado da terra…
Em São Paulo, cidade de central isolada, é natural que as lentes vão, com alguma frequência, aos estabelecimentos que lhes ficam próximos” ( )
Em princípio de 1842 retornou ao Maranhão depois de advogar no Rio de Janeiro, sendo nomeado Promotor de Justiça para a cidade de Alcântara a 27 de julho daquele ano, cargo que não chegou a assumir porque foi logo transferido para a capital a 29 seguinte.
Fluente, bem parecido, boa voz, impôs-se como bom orador forense. Militou na oposição aos governos maranhenses por longos anos. Seus antigos colegas de Olinda redigiam o jornal Maranhão e depois o Dissidente, em confronto com suas idéias, as mesmas que todos haviam abraçado ao tempo das academias. Exonerado do cargo de promotor por razões políticas, advogou livremente, sendo depois de dois anos novamente convocado para a função no Ministério Público na comarca de Itapecuru-Mirim, a 7 de novembro de 1846.
A 22 de fevereiro de 1846 casou-se com Isabel Nunes Belfort, filha do coronel Antônio de Salles Nunes Belfort, figura conhecida no processo de adesão do Maranhão à independência do Brasil.
Integrou o Partido Liga Maranhense e nas eleições de 1847 concorreu para a cadeira de Deputado Geral não logrando êxito.
A contar de 27 de julho de 1847 João Pedro foi primeiro suplente de Juiz Municipal da capital, do dr. Adriano Manoel Soares, na 2ª Vara, e chegou a compor a lista privilegiada dos eleitores da Freguesia de N.Senhora da Victória, além de figurar entre os advogados regulares da província maranhense, residindo na rua de Santana, nº 9.
Em 5 de junho de 1851 assumiu a presidência da Província o seu colega da turma de São Paulo, Eduardo Olímpio Machado, sendo chamado a exercer funções relevantes, até 10 de dezembro de 1855, quando foi substituído por Antônio Cândido da Cruz Machado. Em suas atividades públicas foi procurador fiscal do Tesouro Provincial(1852), Delegado de Polícia da capital (1853), Diretor Geral das Terras Públicas (1854) e ao mesmo tempo, Professor de Retórica, Geografia e Filosofia, no Seminário Episcopal, de onde só saiu para ocupar o Senado do Império. Em 10 de dezembro de 1855 deu-se a substituição do Presidente da Província Maranhense, assumindo o cargo o dr. Antônio Cândido da Cruz Machado em razão do falecimento do titular.
Em nova missão, foi Vice-Presidente da Província do Amazonas no período do Conselheiro Herculano Ferreira Pena ( – ), e depois na condição de titular do governo.
Com o falecimento do Presidente da Província, João Pedro Dias Vieira viu-se contemplado com a nomeação para o cargo de Presidente da Província do Amazonas, a 1º de abril de 1854. Tomou posse do cargo das mãos do Vice-Presidente dr. Manoel Gomes Corrêa de Miranda, em 28 de janeiro de 1856, deste recebendo de logo a infausta notícia da epidemia do cólera que grassava no Pará e sua possível transmissão para Manaus.
Em sua administração enfrentou graves questões, além dos problemas a serem enfrentados com os índios Mura que insistiam em promover defesa violenta contra as agressões que sofriam pela catequese e domínio dos ocupantes da terra. Apenas a navegação a vapor ia sendo solidificada, como avanço de importância para a economia amazonense e estava em vias de abertura a picada que nos levaria aos campos do Rio Branco, muito auspiciosos para a criação do gado.
Naquela ocasião afirmou em pronunciamento oficial: “Para estréia administrativa não lhe podia ser confiada província em piores circunstâncias; se por um lado ali tudo estava por criar, carecia ela por outro de recursos para isso”.
Foi exonerado a 4 de janeiro de 1857, “depois de dois anos de infrutíferas tentativas e de reiteradas reclamações ao governo central, desistiu da empresa…”
Voltou ao Maranhão e foi nomeado fiscal do Banco Commercial, na qualidade de representante do governo imperial.
Foi eleito Deputado Geral para os períodos de 1857-1860-1864, e em abril de 1864 integrou lista tríplice para escolha do novo senador pelo Maranhão, e, sendo o escolhido, assumiu a importante missão em 13 de maio, passando a integrar a câmara vitalícia.
Assumiu interinamente o governo da Província do Maranhão a 19 de abril de 1858, na condição de seu vice-presidente, permanecendo no cargo por cerca de seis meses, e em nova substituição no ano de 1863, exerceu a função por apenas oito dias, (tem citaç_o)
Em 1859 foi nomeado Presidente da Província do Pará, mas recusou a honrosa incumbência. Ao tempo do Gabinete de 15 de janeiro de 1864, organizado por Zacarias de Góes e Vasconcellos, ocupou a pasta da Marinha e depois a pasta de Estrangeiros, a 15 de março, cargo em que permaneceu no Ministério seguinte, o de 31 de agosto, chegando a responder temporariamente pela pasta da agricultura, até 3 de outubro.
Os registros de sua passagem pelo Ministério dos Estrangeiros, são de um período de realizações, chegando a ser considerado eficiente. Tem citaç_o
Em 23 de julho de 1868 foi nomeado pelo novo Ministério, para membro efetivo do Conselho Naval com a missão de examinar as marinhas do Pará e Maranhão, a qual desempenhou em novembro de 1868.
Foi quem demitiu o Visconde do Rio Branco, em razão do convênio de 20 de fevereiro de 1865, com quem discutiu calorosamente no Senado.
De volta da missão ao norte não mais gozou saúde. Trabalhava de pé, raras vezes ia ao Senado e ao Conselho Naval, e não chegou a concluir o relatório sobre a inspeção realizada no Maranhão e no Pará. Faleceu aos 50 anos, a 30 de outubro de 1870, deixando três filhos. Pelos relevantes serviços prestados ao país sua viúva passou a receber pensão do governo imperial de 1:200$000 réis.
Recebeu o título de Conselheiro, Oficial da Imperial Ordem da Rosa, Grã-Cruz da Ordem Ernestina da Casa Ducal de Saxe. Phanteon Maranhense, tomo II.
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