Natural de Alagoas, foi médico formado pela Faculdade de Medicina da Bahia. Em 1909 era Professor ordinário de Clínica Médica e no ano seguinte Professor ordinário e examinador de inglês. Já em 1914 era Professor honorário de inglês, da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Livre de Manáos.
Natural das Alagoas, filho do professor Adriano Augusto de Araújo Jorge e Aristéa de Araújo Jorge, nasceu em 20 de agosto de 1879. Era neto do conselheiro Silvério Fernandes de Araújo Jorge e dona Maria Vitória Pontes de Araújo Jorge. Seu pai nasceu nas Alagoas em 25 de maio de 1846, foi professor de inglês, jornalista e presidente do Instituto Histórico de Alagoas. Sua mãe morreu em março de 1911 sendo sepultada no cemitério São João Baptista, tendo o féretro saído da praça de São Sebastião. Eram seis irmãos: Agesilao Jorge, Argemiro e Antonino.
Adriano foi professor em Maceió, médico formado pela Faculdade de Medicina da Bahia, professor de diversos colégios em Manaus e membro de bancas examinadoras de concursos para professor catedrático do ensino público no Amazonas. Casado com a professora Laura Tapajós de (Alencar) Araújo Jorge, deixou um único filho, Ruy Adriano de Araújo Jorge.
Foi inicialmente, professor interino de português do Ginásio Pedro II, designado em 26 de abril de 1903, nomeado efetivamente em 18 de maio de 1910. Foi candidato a vereador de Manaus em 1918 e candidato ao congresso estadual para o período de 1910-1913, juntamente com Péricles Moraes, ambos com o apoio dos oficiais da marinha mercante através da Confederação do Trabalho do Estado do Amazonas. Professor Catedrático do Ginásio Amazonense Pedro II e do Instituto de Educação do Amazonas. Escritor, jornalista, deputado estadual, vereador de Manaus e presidente da Câmara Municipal quando da reconstitucionalização do País, em 1947, cargo em que faleceu.
Conferencista por excelência, orador vibrante, médico caridoso.
Foi orador do Racing Club Amazonense, de 1910 a 1911 e da Sociedade de Tiro n.º 10, em 1909, e foi orador de inauguração da série de conferências cívicas realizadas pelo jornal Independente, em Manaus, no ano de 1913.
Dos poucos trabalhos que deixou publicados registre-se, especialmente, os artigos para jornais e revistas: Um terceto do purgatório, 1929; Um gesto romântico, 1920; Introdução, 1935; Araújo Filho, 1970; Discurso no 1 Congresso Diocesano de Manaus, 1942; Balada Romântica, 1927; Às margens do conceito de evolução, 1927; Pessimismo: otimismo dinâmico, 1946, Apresentação de Poema de Natal, de Homero de Miranda Leão, 1945; Alonso Aníbal, 1941; Lais Wallace, 1941; Pinheiro Machado, 1911; Ainda uma Guerra, 1946; A tortura de invejar, 1917; Sonetos, 1917; Inquéritos Íntimos, 1917; Um cubista anônimo, 1917; O gesto de Xerxes, 1917; O revisionismo, 1924; Oração aos Professores de 1935, 1936; A inspiração divinatória do símbolo Macbeth, 1942; Unha por Unha, pêlo por pêlo, 1944; O problema dos prisioneiros, 1944; O valor negativo das zonas fortificadas, 1944; À altura da infelicidade, 1947; Uma abertura em nós turvos, 1947; Da função histórica do sofrimento, 1947; Crônica, 1909; (e com o mesmo título, mais doze artigos seguidos); O Paradoxo do Altruísmo, 1917.
Era comum usar os pseudônimos de Pangloss e Ruy Blass, especialmente em artigos pela imprensa, como os que se insere no jornal Tribuna do Caixeiro, de Manaus.
Escreveu ainda os prefácios nas obras A simplificação e unificação da ortografia portuguesa, de Francisco Luiz Pereira, editada em Manaus em 1913; Glosas de Francisco Luiz Pereira, editado em Manaus pela Livraria Universal. E na área política publicou Ao: eleitorado Amazonense, 1911, Carta aberta ao marechal Thaumaturgo de Azevedo, 1920; Em torno da resposta do marechal Thaumaturgo de Azevedo, 1920.
Escreveu a tese Da Preposição e seu papel histórico, com que se apresentou ao Ginásio Amazonense Pedro II; a conferência A Luz, proferida na sede do Ideal Club no dia 24 de novembro de 1906, e O Substratum físico-químico da Vida.
Foi candidato a deputado federal pelo Amazonas, lançado em manifesto de 30 de dezembro de 1911 pelo jornal Correio do Norte. Exerceu o mandato de deputado estadual, ocasião em que foi autor do projeto de lei que, em 1917, revogou o acordo firmado entre o amazonas e Mato Grosso em 14 de setembro de 1910, sobre os limites estaduais.
De suas declarações a revista Cá e Lá, em 1917, pode-se recolher tal como pensava ser: “tolerante, salvo para os maldizentes e fumantes; apaixonado pela mulher brasileiríssima, valorizando-lhe a sensibilidade; sempre alegre, franco e ás vezes selvagem; observador, para depois rir interiormente; desejoso de ter nascido após a conflagração européia; ledor como diversão, porém não por divertimento; ter preferência por dois poetas, que nunca fizeram versos – Vicente de Paulo e Francisco de Assis e ter como divisa pessoal: forte como a morte.”.
Fundador da Academia ocupou a cadeira n.º 1, cujo patrono é Euclides da Cunha, sendo sucedido por dom Alberto Gaudêncio Ramos, Arcebispo de Manaus e depois Arcebispo do Pará, em seguida pelo médico e escritor Ramayana de Chevalier e pelo advogado e escritor João Nogueira da Matta. Sua cadeira atualmente é ocupada por Rosa Mendonça de Brito, professora e filósofa amazonense.
Foi o primeiro Presidente da Academia, desde a fundação, no largo período de 1º de janeiro de 1918 a 2 de novembro 1948 . Registre-se que na primeira reunião na nova sede, foi reeleito presidente em 24 de novembro de 1934 para o período de 1935-1939. Tendo realizado diversas sessões literárias e lítero-musicais , especialmente na sede do Ideal Club e reuniões de trabalho, inicialmente na sede da Assembléia Legislativa do Estado, foi sob sua administração que a entidade conseguiu sede própria, inaugurada em sessão solene de 6 de janeiro de 1935 sob os auspícios do interventor federal capitão Nelson de Mello, por isso mesmo elevado á condição de Presidente de Honra da Academia. Presidiu a sessão litero-musical realizada na sede do Ideal Club em 10 de agosto de 1923, em homenagem ao centenário do escritor Gonçalves Dias. Reformou o Estatuto, publicado em 24 de novembro de 1934. Foi uma presidência serena, austera, eficiente, à altura da instituição, como registram os contemporâneos.
Faleceu em 3 de novembro de 1948, saindo o féretro de sua residência para a igreja de Nossa Senhora de Nazaré, às 16 horas onde se realizou missa de corpo presente com a presença de Dom Pedro Massa, bispo titular de Hebron, monsenhor Manoel Monteiro, bispo de Manaus, em exercício, e do padre Stélio Dalison. O cortejo passou pela Prefeitura de Manaus onde falou o vice-presidente da Câmara, Sérgio Pessoa neto, pela sede do Partido Social Democrático onde foi hasteada a bandeira em funeral, e pela Academia Amazonense de Letras, seguindo para o cemitério São João Batista. No ato falaram Leôncio Salignac Souza, na condição de Procurador Geral do Estado, em nome do governo, Péricles Moraes em nome dos acadêmicos, André Vidal de Araújo pela Ação Católica, Homero de Miranda Leão pela União Democrática Nacional e pelo Poder Legislativo e Oséas Martins como vereador à Câmara de Manaus. Falaram ainda Áureo Mello pela bancada do Partido Trabalhista Brasileiro na Assembléia, Rodolpho Valle pela mesma bancada trabalhista na Câmara de Manaus, Nonato de Castro pelo grupo de amigos, Aristides Leite como representante do território do Rio Branco, Huascar de Figueredo pelo Partido Social Democrático, e o Padre Raimundo Nonato Pinheiro pela igreja. A missa foi às 8.125 hrs do dia 9 de novembro na igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, e dele dizia o convite mandado publicar pela Prefeitura e Câmara Municipal de Manaus,
“…. figura exponencial das letras do extremo-norte, ínclito homem público e médico que erigiu o exercício da sua nobilitante profissão em sacerdócio a prol do sofrimento do próximo, principalmente dos humildes habitantes dos bairros…”
Entre minha família e o grande médico e pensador, houve um íntimo laço de amizade, carinho e respeito. Padrinho de casamento dos meus pais, levou ao batismo meu irmão José, que, como era comum naqueles anos das décadas de 930 e 40, tomava-lhe a benção com regularidade, inclusive quando das solenidades na sede nova da Academia. Sempre o admirei, então, por recomendação e conversa de sala de estar, na qual sempre ouvia referências elogiosas a seu respeito. Anos depois, aproximei-me do filho, Ruy Adriano de Araújo Jorge, igualmente por caminhos de família e terminei por ser chefe de gabinete do Prefeito de Manaus, logo nos primeiros anos de atividade pública, exatamente quando Ruy Adriano foi o chefe da comuna, em 1975, no governo Henoch Reis, na condição de presidente da Câmara Municipal de Manaus.
Já havia lido e recolhido artigos e conferências do mestre Adriano. Estimulado em conversas novas, busquei reunir outros artigos até então esparsos em revistas e jornais que circulavam em Manaus. Instigado por José Silva, anos depois mandei reeditar a conferência A Luz, em caderno especial do jornal A Notícia que, durante certo tempo, estive dirigindo. Nos dias que correm são muitas as histórias que pude recolher a respeito do cientista, professor, orador e médico, todas a estimular a confirmação de que era de uma presença elegante, voz firme e bem postada, amplo domínio da língua portuguesa, inspiração solene e capaz de belas construções verbais que encantavam e quase magnetizavam o auditório. Como médico foi o melhor dentre os de seu tempo, e todos lhe rendiam homenagens e deferências.
Em discurso que proferi na sede da Câmara Municipal de Manaus em 20 de agosto de 1979, quando da sessão solene comemorativa do centenário de seu nascimento, diante de seu filho Ruy, então presidente daquele Poder, tendo como parceiro de tribuna o padre Raimundo Nonato Pinheiro, brilhantíssimo orador e filólogo, ressaltei que era senso comum, em sua época, o reconhecimento a seus valores mentais e morais,
“…Muitos se ocuparam de Adriano Jorge, prolongando-se em aplausos pela sua brilhante oratória, pelo seu encantamento literário, pelo seu talento multiforme. Tinham seus contemporâneos, por ele mais do que respeito, uma verdadeira adoração, por certo incondicional, mas sem dependências, porque quase todos dotados de uma gama de conhecimentos suficientes para postar-se ao lado desse pensador e “causeur” admirável”.
E disse mais, em busca de analisar e compreender o homem contido naquele que deve ter sido o maior vulcão na floresta,
“…Na primeira época de sua vida, se assim podemos dividí-la pelos acontecimentos que a caracterizaram, foi de uma agitação intensa, uma forte vivência artística, um esbanjamento de talento, de força, de saber. Mas era um sensualista febricitante e explosivo sem que fosse materialista radical, porque a sua natureza rejeitava a ausência da Fé, nem lhe comprazia a indolência mental dos apáticos e dos céticos., Era um rompante, capaz de abandonar o fumo por um simples e juvenil capricho de mulher, contrariando veementemente a quem pensava contrariá-lo, capaz de renunciar a uma cadeira de deputado estadual, por pouco ou quase nada, de ausentar-se definitivamente da Maçonaria amazonense por dissidência de pequenas práticas, esquivando-se à poesia que em borbotões jorrava de sua alma d’anunziana, para alegar ausência de espírito poético para sujeitar-se ao tempo e à forma que os versos impõem.
Na segunda época, um novo homem, cansado, menos da busca de Deus, um velho coração, sempre lirista e romântico, que não ressentiu nem mesmo às homenagens de uma turma de religiosos católicos do seminário São José, onde pronunciou o seu canto de cisne, quando desceu da tribuna sob lágrimas, visivelmente emocionado, a ponto de desalinhar o traje e deixar tremer a face.
Um homem que viu chegar o dia, não de conciliar-se com deus, porém de entregar-se a Ele, em praça pública, proferindo , então, uma das mais belas orações de sua vida que a posteridade conhece como Discurso da Conversão.”
É a poesia de Oséas Martins lançada em seu livro que melhor traduz a presença de Adriano na vida entre nós,
Mãe aflita, com seu filho doente Adriano Presente!
Noite chuvosa, gente mísera, sem assistência na casa em goteiras ? Adriano presente!
Povo nas ruas, em luta desesperada pela ação ? Adriano presente!
Cenáculo em esplendor, celebrando a palavra e o pensamento? Adriano presente!
Mas, um dia, ante a sentença dos céus, – Adriano ausente, e posteriormente com incenso nos próprios céus e a festa do Onipotente, luminosamente – Adriano presente!.”
ARQUIVO NOVO PARA CONFERÊNCIA
ACHO QUE É O MESMO DE CIMA.
Adriano Augusto de Araújo Jorge
Nasceu em Maceió, Alagoas, a 20 de agosto de 1879.
Formou-se em Medicina pela Faculdade da Bahia.
Desempenhou, no Amazonas, uma excepcional atividade intelectual.
Pertenceu à Academia Amazonense de Letras e ao Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas.
Em 20 de agosto de 1910, o jornal “A Notícia”; registrando o seu aniversário natalício, reconhecia as virtudes do ilustre alagoano: “Servindo sempre, com invencível tenacidade, às elevadas aspirações de sua consciência reta a e indomável, à vibrante claridade do seu espírito culto e iluminado, às fulgurações brilhantes do seu talento sem jaça, às experiências luminosidades do seu coração irrepreensivelmente magnânimo, este moço imaculado leva de vencida os erros, as ambições, os vícios, o preconceitos e todas as indignidades humanas para sobresair-se simples, modesta e digno, entre os mais dignos.
Médico, é ele um predestinado para a caridade, porque a sua alma tem a bravura da inocência e a pureza do bem. A verdadeira compreensão do próximo, da humanidade, esse misto de risos e lágrimas, de fausto e miséria, tem-na ele, de todo o ponto conforme a moral e a justiça humana.
Gênio de lutador infatigável, exata noção da honra e do dever, patriotismo arraigado, civismo que não se mede nem se amolda ao momento, saber aprofundado, competência profissional, palavra fluente e radiosa de orador emérito, pensamentos doutrinários de jornalista profissional, dir-se-à que o Dr. Adriano Jorge é a síntese de todas as belas e conscientes manifestações da existência moral e intelectual.
Nem as vaidades e seduções de grandeza, fortuna e posições arrastam este eleito do bem para joguete das multidões e o despem da majestade de suas grandes ações, de todas as suas energias fortificadoras para exibi-lo em meio à mediocridade audaciosa e favorita.
Político, não o pode ser, e nem poderá, jamais, porque ele é muito sincero e verdadeiro, altivo e puro, consciente e tenaz, para satisfazer às conveniências, à disciplina partidária e ás desonestidades e perversões públicas. Contudo, tem ele em seus ensaios, de ave que experimenta o primeiro vôo, em letras de ouro, páginas brilhantes de luta pela civilização, pelo progresso e por esse “ideal sereno e nobre”, que é a nossa contestadora desilusão.
Mestre, é profundo e dedicado ao ensinamento, de que é testemunho público o seu concurso para lente da cadeira de português no Ginásio Amazonense, a maior e mais solene revelação da sua rara mentalidade, como de suas idéias, tão altas quanto elevado é o seu espírito e tão generosas como generoso é o seu nobre coração”.
Foi agraciado com o diploma de Sócio Honorário da Associação de Empregados no Comércio do Amazonas, quando essa entidade, no dia 11 de novembro de 1913, realizou, sob a presidência do Governador Jonatas de Freitas Pedrosa, a solenidade comemorativa do sétimo aniversário de sua fundação.
Exerceu a medicina como um apóstolo dedicado a minorar os sofrimentos dos seus semelhantes, atendendo, com um carinho santo, aos mais necessitados.
No magistério, onde se houve com a fulguração da sua extraordinária cultura, destacamos o concurso em que participou, como candidato único, dos exames para a cadeira de História Natural, Noções de Agricultura e Zootecnia, na Escola Normal do Amazonas, em abril de 1929, quando, ao submeter-se à prova da defesa de tese, o fez “com tão grande brilhantismo, que a comissão examinadora e a Congregação da Escola, por unanimidade, resolveram suspender as demais provas regulamentares e pedir ao governo que, dispensadas estas, como singular homenagem à cultura e aos méritos pessoais do candidato, fosse ele logo nomeado”.
A nomeação solicitada processou-se pelo Decreto nº 231, de 2 de abril de 1929.
Costumava escrever na imprensa, sob pseudônimo.
O jornal “A Tarde”, em 20 de agosto de 1940, noticiando sua desta genetlíaca, o fez com mais vibrantes expressões de carinho e reconhecimento:
“Homem-símbolo e paradigma, deveras, porque Adriano Jorge, na gloriosa etapa, a que chegou, de uma existência transcorrida em heroísmo e beleza – o heroísmo de ser bom, ainda contra a iniqüidade dos maus, e de opor ao desencontro dos céticos um inconspurcável ideal de perfeição humana. Adriano Jorge não é apenas um cimo iluminado, uma culminância solar, uma das autenticas projeções pinaculares do pensamento amazônico, da inteligência brasileira do Extremo-Norte. Ele é também, ou mais do que isso, como o totalizador das ansiedades obscuras da massa, o interprete supremo do sentimento comum, a voz oracular, a palavras sugural, o verbo prodigioso e transfigurador, que opera os milagres da euforia coletiva, na hora das altas e definitivas reivindicações.
Médico e esteta, homem de ciência e homem de letras, sábio e artista, os tesouros inexauríveis da sua cultura, que se distende por todos os domínios do conhecimento, vibrando nas fulgurações, nos lampejos, nas tempestades luminosas da sua eloqüência eletrizante; e as reservas inesgotáveis da sua bondade, a derramar-se torrencialmente, brotando da sua alma cristã, em catadupas de altruísmo desinteressado, como as “águas vivas” do Evangelho, por onde quer que se articule uma dor sem remédio, um sofriemnto desamparado – essas virtudes excelsas do espírito e do coração fizeram de Adriano Jorge uma personalidade de privilégio, polarizando no seu vulto impressivo e dinâmico todo o carinho e o reconhecimento de nossa gente que não somente o admira, se não que o idolatra com fervor quase místico.
Enveredou, também, pela política.
Nas eleições de janeiro de 1912, foi eleito Deputado ao Congresso Nacional.
Embora devidamente diplomado pela Junta Apuradora, não foi reconhecido como representante à Câmara Federal, fato que o Governador Antonio Clemente Ribeiro Bittencourt lamentou em sua mensagem de 10 de julho daquele ano.
Em 1947, eleger-se-ia Vereador à Câmara Municipal de Manaus, passando, logo a seguir, a exercer a Presidência da Edilidade, merecendo a admiração e o respeito dos seus pares.
Teve a honra, em 1924, de, em nome da Academia Amazonense de Letras, prestar merecida homenagem ao General Mena Barreto, verdadeiro pacificador da política amazonense, em crise naquele tempo, na qual “produziu vigoroso e magnífico discurso de saudação”.
Iniciou-se na Loja “Conciliação Amazonense”, em 21 de setembro de 1901.
Filiou-se na Loja “Rio Negro”, em 6 de maio de 1904, e, a 4 de janeiro de 1905, tomou parte na primeira administração do Grande Oriente Estadual do Amazonas.
Na Loja “Rio Negro” teve, desde logo, intensa atividade maçônica: em 3 de junho de 1904 era eleito 2º Vigilante; foi designado para representá-la na sessão solene realizada pela Sociedade Portuguesa Beneficente no dia 17 de dezembro de 1904; e, em 5 de maio de 1905 elegia-se 1º Vigilante da mesma Oficina; em 10 de novembro de 1905, participou da comissão encarregada de adquirir um brinde para o Irmão Lauro Sodré, Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil; no dia 10 de abril de 1906, foi eleito para o cargo de Deputado junto à Soberana Assembléia Geral; e, em 4 de maio de 1906, é escolhido para o cargo de Orador Adjunto – estando sempre atento aos assuntos ventilados, sendo respeitadas e aprovadas as suas manifestações, que traziam o cunho do intelectual e do humanista.
Uma das ocorrências mais brilhantes de sua atividade maçônica na Loja “Rio Negro”, encontra-se registrado no balaústre da sessão de 30 de junho de 1905, quando, em veemente pronunciamento escrito, defende, com a sua autoridade de 1º Vigilante, “o Dr. Lauro Sodré, o patriota imaculado, o puro dos puros!”, contra os martírios que lhe foram inflingidos, acrescentando que esta oficina declara que, enquanto não se decidir a sorte do nosso Poderoso Respeitável e Benemérito Irmão Dr. Lauro Sodré, não se preocupará com questões de outra ordem, que por mais importantes e graves que sejam ou pareçam, não podem sobrelevar a esta em importância e gravidade”.
Esse pronunciamento foi aprovado por unanimidade.
Pertenceu á Loja “Fraternidade Amazonense”, cuja admissão se verificou em 16 de março de 1909.
Faleceu em 3 de novembro de 1948.
A “Revista Maçônica”, em sua edição de dezembro daquele ano, referindo-se ao lutuoso evento e ao ilustre falecido, assim se manifestou:
“Dia 3 de novembro último rumou aos insondáveis mistérios do desconhecido, essa boníssima alma que foi Adriano Jorge, envolvido pela púrpura nacarada de um por de sol amazônico que tanto lhe enlevava o espírito e cercado pela prova demonstrativa da eleição dedicada dos amigos.
Desaparece por completo do cenário terreno, modelado pelo reflexo do ideal, o intérprete da arte esmagado pelas grandezas da terra, o benfeitor inassimilável, o grande mestre, o valor de uma geração que despendia perdularimente lampejos de ação realizadora, com lavores requintados, na arquitetura nobilitante da benemerência, germinados em seu natural sentimento de altruísmo e transmitidos através de sua figura insinuante e simpática, sempre com realce desde sua aportada a Manaus, na exuberância da vida, repleto de esperanças, enlaçado também pelas flores alegóricas das ilusões, demonstrando altesa, de caráter e intensa animação dentro da vivacidade e inspiração da vontade para transmitir aos corações fraternos a centelha do gênio que, espontaneamente, lhe brotava do ser.
Todas essas manifestações de grandeza moral terão de ser reconhecidas e aferidas pelo ponteiro justiceiro no areópago das compensações e lavradas em escritura solene com os lauréis delicados das açucenas perfumosas do mérito, louvadas pelo amor as letras das quais era consagrado monarca.
A perfeição moral de que era possuído transladou-o aos cimos das andinas expressões de gratidão de um povo sobre quem espalhou benefícios e derramou caridade, deixando neste; pela separação, dilacerantes saudades que enramdas por goivos humedecidos com as lágrimas da dor profunda, fizeram espargir sobre sua fronte, transformadas em orvalho de benção imploradas ao Altíssimo.
Notável tribuno salientou que – “o homem não vai todo à sepultura, nem a sepultura significa o aniquilamento, porque no fundo da morte está a imortalidade”; e, assim, diante desse conceito, Adriano Jorge não se aniquilou pela transfiguração da morte, por ter esta singular prerrogativa, qual a de fazer transparecer a toda a luz da evidência, a grandeza dos consagrados valores morais, exaltando bem ao vivo as benemerências praticadas, como deixar sobresair a existência de imperecíveis virtudes, porque é, entre as sombras da noite, que as estrelas refulgem mais intensamente a beleza da claridade, deixando, com mais perfeita exatidão, medir o vazio entre elas para dar lugar à colocação dos iluminados e transmudá-los, como adornos de real valia, ao pedestal dos monumentos sagrados, em capítulos da história dos privilegiados espíritos que transformaram o coração em eterno manancial de nobreza e honra.
A ânsia incontida de combater males e trabalhar sem tibiesas ou desfalecimentos em todos os domínios e estádios das atividades da vida, envolveu-lhe a personalidade de sólido desejo de penetrar nos umbrais dessa Oficina de perfeito labor que é a Maçonaria, e nela conseguiu, como perfeito homem livre e de bons costumes, atravessar, ufano, por entre as colunas da Grande Benemérita Loja “Rio Negro” para satisfação do seu intento, a qual em breve, começou a sentir o bafejante sopro emanado da virtude, da bondade e da generosidade; fortaleceu junto aos Irmãos desse cenáculo de paz a cadeia de união dos espíritos para formar um ambientes da mais efusiva cordialidade, com os espalhar, em abundância, o viço fecundo da semente do bem.
Foi um lutador, um agigantado realizador, dentro das suas idéias, nos primórdios da organização e estabilidade do Grande Oriente do Amazonas, cujos anais guardam, carinhosamente, a exteriorização de sua palavra quente, e fluente de sábios ensinamentos, brotada desse santuário da vida que era o seu coração magnânimo, lavado de ódios e invejas.
“O espírito é o vestíbulo da alma”, no pensamento de notável filósofo, verdade inconteste dentro da qual Adriano Jorge perlustrou durante sua existência fazendo vibrar em nossos sentimentos a prodigalidade de seu civismo, traço primacial de seu caráter, e infundir ao derredor o fulgor da luz perpértua no verdadeiro caminho do altruísmo. Exaltou, sobremodo, as tradições e princípios da Sublime Ordem dentro dos dogmas que a regem, alheado aos rebuços de quaisquer intenções que pudessem, externamente, parecer ambições em láureas de glória cobertas pelas palmas de esbotada vitória.
Não obstante alvejaram-lhe os cabelos aos gear dos anos, nem por isso a sua atividade feneceu no caminho florido da trajetória traçada por seu espírito, pois, continuou sempre a espalhar, com a mesma devoção, dentro da igualdade, os frutos amadurecidos no vasto campo do seu ideal, egrégio gesto que deu fragrância aos festões enflorados da gratidão e saudade dos que sentiram seu desaparecimento, como homenagem dilacerante que não se exprime mas se sente através o funéreo crepe, da dor que a todos compunge e ficou grafada, pelo buril imparcial do agradecimento, a tristeza nas almas puras.
Perdeu-se prestimoso Irmão, valoroso Obreiro, benemérito amigo, de quem a imagem restará sempre viva no sentimento e estima dos leais amigos e admiradores, para secundá-lo, com a mesma vibração espiritual, na realidade grandiosa do sublime, a caminhada pela estrada reta dos máximos cometimentos que tendem a aperfeiçoar a humanidade.
Derramemos, pois, contritos, sobre a campa de Adriano Jorge, os goivos simbólicos de nossa imorredoura saudade e gratidão, acompanhando em coro os suaves cânticos místicos dos anjos que o guiam à mansão da bem aventurança eterna.
A Revista da Academia Amazonense de Letras, e sua edição de fevereiro de 1955, publicou, “como preito de saudade e adoração, a página que Péricles Morais escreveu, fixando alguns lances impressivos, de sua grande existência, justamente na hora em que se extinguiram para sempre os clarões da inteligência deslumbradora do mestre insigníssimo”.
Tivemos o ensejo de dar-lhe, à sua sepultura, o último adeus dos Vereadores à Câmara Municipal de Manaus.
Adriano Jorge
O Ideal 28.10.1905, Ano I, nº 3
______ Incolor – Adriano, (Rey Blos)
Ano I, nº 3
e 06.11.1905. A ____ de crônica
11.11.1905 – 14.12.1905
18.11.1905 – 22.12.1905
27.11.1905 – 28.12.1905 (e a Mulher de Plácido Guerra)
04.12.1905
03.03.1906
10.03.1906
17.03.1906
24.03.1906
07.04.1906
Adriano Jorge
Morreu a 03.11.48, saiu da residência para Igreja de Nazaré às 16 hs. com missa e presença de D. Pedro, Bispo Titular de Hebron, Monsenhor Manoel Monteiro, Bispo de Manaus, em exercício e Pe. Stelio Dalison. O cortejo passou pela Prefeitura onde falou Sergio Pessoa Neto, vice-Presidente da Câmara, pela sede do PSD onde foi hasteada bandeira em formal e AAL, seguindo para o Cemitério. Chovia no cemitério, falou Salignac, PGE em nome do Governo, Péricles, pela AAL pela Ação Católica, o Dês. André Araújo (leu), Homero pela UDN e Poder Legislativo, Oséas Martins como Vereador falaram ainda: Áureo Mello – PTB na AAL, Rodolpho Valle – PTB – Câmara, Nonato de Castro (amigos) Aristaite Leite – Território do Rio Branco; Huascar (PSD) e Pe. Nonato pela Igreja. Coroas de: famílias sociedade de _______- lazares
Missa, 8:15 do dia 09.11.48, na Matriz “figura expomercial das letras do extremo-norte, incleto homem público e médico que ______ o exercício de sua mobilitante profissão em sacerdócio a prol do sofrimento do próximo, principalmente dos humildes habitantes dos bairros) “convite da Prefeitura e Camara, OJ, 06.11.48.
Adriano Jorge
Estava na festa de inauguração do Ideal, em 6 de junho de 1903 onde apresentou-se a orquestra do maestro R. Donizetti, na ______ do cel. Francisco Publio R. Bittencourt na rua de Moreira, nº 10.
Foi 1º secretário da A. Geral, na segunda diretoria do Ideal, em eleição de 28.04.1904, sob a previdência de Raimundo da Silva Perdigão e da qual era orador João Barreto de Menezes, filho de Tobias, e a Diretoria ______ para Raimundo Tribuzi.
Convocou eleições para a 3ª diretoria e 02.02.1905 na av. Silvério Nery (período de J. Nabuco a 7 de setembro).
Nesta eleição A. J. foi substituído por Raimundo de Brito Pereira, passando a orador da Diretoria. Falou na festa do 2º aniversário de fundação (06.06.1905 e nº 3, reeleito em 1906).
Lá deve ter encontrado Laura e Carmem Tapajós, irmãs, a 1ª seria sua esposa anos depois. Deve ter encontrado na festa do 3º ano, em 06.06.1906.
O C. do Norte era órgão do Partido _______ e era opressão ao Gov. em 1906. os Redatores eram Adriano e H. Balbi.
Conduziu o humilde almoço no H. Cassino, em 1906.
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