ARQUIVO PARA CONFERÊNCIA
V – Onde era a Vila de Serpa?
1. Vimos no item anterior que o ofício da JUNTA do RIO NEGRO foi dirigido à “Câmara da Vila de SERPA, residente neste lugar”, isto é, no lugar da BARRA do RIO NEGRO, onde era a própria sede da JUNTA.
2. No ofício em que a JUNTA do RIO NEGRO fez a comunicação de sua Adesão à Junta do PARÁ, lê-se em seu segundo parágrafo:
“No dia 22 que pode reunir a Câmara dos Distritos…”.
Podemos tirar a conclusão imediata de que o município do Lugar da BARRA, futuro de MANAUS, era composto por vários Distritos, porém a Câmara da Vila de SERPA aqui residia e não era sediada em outro lugar e chamada para reunir-se aqui.
Esta circunstancia dá margem a dúvidas sobre se ITACOATIARA era a VELHA SERPA, podendo supor-se que SERPA era a própria MANAUS e ITACOATIARA um de seus Distritos, e com a mudança do nome do Lugar da BARRA para o de MANAUS, viesse ITACOATIARA a adotar o nome da antiga sede, que seria SERPA.
3. Este comentário não corresponde a uma afirmativa de nossa parte e sim servirá para que venhamos a ser esclarecidos por alguns dos Senhores Historiadores do AMAZONAS que documentadamente apresentam o que na realidade acontecia e se ITACOATIARA já possuía o nome de SERPA quando ainda existia o Lugar da BARRA do RIO NEGRO.
VI – Porque São José foi cassado de Padroeiro de Manaus?
1. Em 24 de outubro de 1669 com o nome de povoado da BARRA, batizado de São JOSÉ DO RIO NEGRO e depois simplesmente LUGAR DA BARRA, sob o comando militar de ANGÉLICO DE BARROS, foi fundada a atual cidade de MANAUS.
2. A circunstância de ser SÃO JOSÉ o seu padroeiro está comprovada pela prova documental de que aqui foi fundado à margem esquerda do RIO NEGRO o Forte de SÃO JOSÉ.
3. Agora a Padroeira desta cidade é N. S. DA CONCEIÇÃO.
4. Quando foi feita a substituição do Padroeiro da Cidade de MANAUS e por que? Eis mais um ponto que nos parece interessante que seja bem esclarecido na História do Estado do Amazonas.
VII – QUEM PRESENTEOU AO BRASIL A MAIOR PARTE DA AMAZÔNIA?
Três fatores foram fundamentais para que os portugueses ocupassem a maio parte da AMAZÔNIA, que não lhes pertencia pela Bula PAPAL, e tivessem legalizada pelo Reino Unido de ESPANHA e PORTUGAL essa posse, que veio a ser posteriormente ratificada ao fixarem-se os limites entre as possessões espanholas e portuguesas na AMÉRICA, ante a Restauração da Família Real de PORTUGAL em 1640.
1. MONARCAS HISPANO – PORTUGUESES.
Não há dúvida que só o excessivo otimismo dos Reis FILIPE II e FELIPE III da ESPANHA, que corresponderam aos FELIPE I e FELIPE II de PORTUGAL, no período da junção das duas coroas após a “funesta perda de El-Rei Dom SEBASTIÃO na horrorosa e disforme batalha de ALCACER-QUIBIR no dia 4 de agosto de 1578”, poderia admitir a hipótese da eterna junção desses dois reinos europeus.
a) Por outro lado era do conhecimento das autoridades luso-espanholas a existência de verdadeiras feitorias fortificadas e bem organizadas redes de exportação mantidas por franceses, ingleses, irlandeses e holandeses, havendo grande risco de apossarem-se definitivamente de tão vasta e rica região, com cujos habitantes naturais mantinham excelente intercâmbio.
FELIPE II sentiu a premente necessidade de consolidar seu domínio em tão promissoras terras, realizando a ligação do BRASIL com o PERÚ, mas como a ESPANHA se encontrava “a braços com um Império de astronômica extensão, os espanhóis não podiam voltar-se para as terras brasileiras que haviam ganho sem um tiro mercê da perda da independência de PORTUGAL, donde as instruções de FELIPE II para que a conquista prosseguisse nessas paragens sob a orientação e a cargo dos lusitanos, seus novos súditos”.
b) Alcançada a vitoriosa conquista de S. LUIZ DO MARANHÃO ante a derrota do Capitão francês LA RAVADIÉRE por DE MOURA em 2 de novembro de 1615, JERÔNIMO DE ALBUQUERQUE Capitão-mor da Conquista do MARANHÃO determinou a posse do GRÃO-PARÁ pelo Capitão-mor FRANCISCO CALDEIRA DE CASTELO BRANCO, a quem titulou “DESCOBRIDOR E PRIMEIRO CONQUISTADOR DO AMAZONAS” a 22 de dezembro de 1615.
c) No dia 12 de janeiro de 1616 transpôs a frota de CASTELO BRANCO a barra de SEPERARÁ ancorando na baía denominada PARANÁ – GUAÇÚ pelos naturais, atual baía de Guajará, construiu o Forte do PRESÉPIO.
Embora cumprisse determinações dum Monarca espanhol, CASTELO BRANCO não trepidou em extravasar seu patriotismo de português, denominado a nova conquista de FELIZ LUSITÂNIA.
d) A coragem e a determinação dos portugueses reduziu à paz os TUPINAMBÁS e PACAUÁS, derrotados sucessivamente em suas próprias fortificações após sangrentos combates.
Mesmo destino tiveram os estrangeiros que buscavam fixar-se na área.
As casas fortes holandesas de MURURÚ, MARIOCA, MANDIUTUBA, em que se entrincheiraram os comandados, de NICOLAU OUADEN e FELIPE PORCEL, entregaram-se aos luso-nativos.
O forte inglês de CAMAÚ dirigido pelo valoroso e capaz chefe Capitão ROGÉRIO FRAY, capitulou juntamente com a tropa britânica que veio em seu socorro, comandada por ROGÉRIO NORTH.
O Comandante irlandês JAMES PORCEL teve subjugada sua praça de guerra construída na ilha de TUCUJÁS.
e) Como característica da indomável bravura lusitana e do destemor de seus Chefes, que atingirá às raias do inacreditável, basta que seja lida esta referência feita pelo Coronel LUIZ LOBO em sua História Militar do PARÁ:
“Bem andara CALDEIRA em aumentar seus fatores de defesa; mais que dos índios a resistência dos europeus que haviam invadido as margens do AMAZONAS para o tráfico dos produtos da Colônia, e entre eles notadamente os holandeses, estava a exigir uma ação decisiva dos ocupadores lusitanos. Sabendo-os localizados em pequenos núcleos de exploração, começou o Capitão-mor por bater aqueles de que tinha mais preciosa notícia”.
“Para isto em 7 de agosto de 1616 ordenou aos Alferes PEDRO TEIXEIRA e GASPAR DE FREITAS que com duas canoas armadas em guerra e guarnecidas de soldados e de índios, fossem bater uma nau holandesa que bordejava nas vizinhanças da foz do XINGÚ à espera de uma grande armada patrícia, com cujos elementos ali se estabeleceria”.
“Pela noite de 9 e a três dias de BELÉM, pois, as pequenas embarcações enfrentaram o inimigo, a cujo fogo cerrado de artilharia não poderiam jamais contrapor o seu. Travara-se pois um combate, moral, interessante pela desigualdade das unidades bélicas em presença.
“Sentindo que senão perdida, pelo menos indecisa ficaria a ação, PEDRO TEIXEIRA valendo-se do pequeno porte de suas embarcações mete-se dentro do ângulo morto das peças holandesas e assalta a nau inimiga por abordagem lutando corpo a corpo com a sua guarnição, lançando-lhe fogo e só a abandonando quando o incêndio não poderia mais ser dominado”.
“Ferido na ação PEDRO TEIXEIRA não conseguiu fixar o local das feitorias estrangeiras nem tão pouco apossar-se de sua presa de guerra antes que ela imergisse; assinalou porém o local em que afundara a nau holandesa e dela retirou mais tarde mais tarde peças de artilharia, que vieram armar o forte do PRESEPE”.
f) Eis a tempera dos bravos que consolidaram a Conquista de 42,07% do território atual do Brasil, em sua quase totalidade fora da porção portuguesa fixada pelo Tratado de Tordesilhas, não tendo despertado o protesto de seu verdadeiro dono, a ESPANHA, por ter certamente Felipe III admitido a suposição de que seria, perene a continuação do Reinado de Sua Família, também sobre Portugal.
2. Jácome Raimundo de Noronha, Governador do Estado do Maranhão e Grão Pará.
a) Como Tropas de Resgate para escravizar o Bugre e Tropas de Guerra expedidas contra os Estrangeiros, contra os próprios índios mais de uma vez em armas contra o colono escravizador, também sertanejavam intensamente participando da obra de reconhecimento e incorporação da Hinterlândia ao Domínio Português.
b) De quantas expedições penetram o alto sertão, a mais famosa pela repercussão que teve, pelo vulto dos elementos com que se aparelhou, pela extensão do território alcançado, pelo significado político que possuía e pelos resultados que dela decorreram, foi a que PEDRO TEIXEIRA comandou em 1637-1639.
c) Governava o Pará o Capitão-mor Ayres de Souza Chichorro e o Estado do Maranhão e Grão Pará, Jácome Raimundo de Noronha. Havia ordens Régias para a exploração do Rio Amazonas.
aproveitando a oportunidade da chegada de dois padres Franciscanos que haviam descido do Alto Marañon até Belém, descrevendo a cores fortes o que se escondia às margens da grande artéria fluvial, Jácome de Noronha dispensado a opinião derrotista dos povos do Maranhão e do Pará, contrários à Entrada, determinou que Pedro Teixeira subisse o rio procurando atingir o Vice – Reinado do Perú.
d) O brilhante historiador da Amazônia, Arthur Cezar Ferreira Reis, em sua Síntese de História do Pará editada em Belém – 1942, apresenta os motivos que conduziram à Conquista do Rio Amazonas.
O inigualável cronista da História do Grão Pará e Rio Negro, Sargento-mor da Artilharia de Linha da Província, Baena, faz um fiel relato de tão importante acontecimento para a coletividade luso-brasileira.
e) Os padres Franciscanos afirmaram que não tinham dúvida de efetuar a reversão pelo mesmo caminho para a Capital do Reino de Quito havendo mais companheiros, cujo número tire aos ferozes silvícolas a vontade de os saltear (assaltar).
Como fosse rejeitada a proposta, embarcam-se para a Europa.
f) Depois de ter recusado redondamente o Governo a oferta daqueles Leigos quando estes se propunham mostrar pelo Amazonas uma rota para a Real Audiência de Quito, acende-se em sue ânimo o desejo de se fazer célebre pelo descobrimento desta parte do Estado, facilitando assim novas utilidades.
Jácome delibera-se a realizar uma expedição para o reconhecimento do Amazonas até a Capital de Quito, baseando seu projeto nas noções causais que obtivera dos padres Franciscanos.
Os habitantes maranhenses e os paraenses taxam este projeto de insensato, murmurando contra ele, mas o Governador do Estado neutraliza esse descontentamento. “Dizendo que por meio desta inspeção geográfica, a primeira que se intenta na região do Amazonas, se há de obter a importantíssima vantagem de uma aliança com as numerosas relés indígenas dos Sertões dilatados do mesmo rio; e destarte impossibilitar aos holandeses a navegação de um rio pelo qual eles podem estabelecer um trato direto com as Minas de Ouro e Prata do Perú, país do universo, o mais abundante delas”.
g) Foi escolhido para dirigir esta grande empresa o Capitão Pedro Teixeira com a Patente de Capitão-mor da Força Militar destinada ao conhecimento do Rio Amazonas, com poderes de Capitão General Governador do Estado.
O Coronel Bento Rodrigues de Oliveira, o Sargento-mor (Major) Felipe de Matos Cotrim e os Capitães de Infantaria Pedro da Costa Favela e Pedro Baião de Abreu, foram nomeados auxiliares do Chefe da Exploração.
3. Capitão Pedro Teixeira, Paladino da Amazônia.
a) O vencedor dos Hereges habituara-se a empresa de alto porte. Estava já em seu gênio a aventura pelo desconhecido, ao encontro do misterioso e do difícil. A missão de que o incumbira o Governador, sabia bem à sua natureza desassombrada.
No dia 25 de julho de 1637 surge diante da Capital do Pará o Capitão Pedro Teixeira com todos os oficiais nomeados no Maranhão para a expedição exploradora.
b) Os preparativos para a importante jornada foram levados a efeito na vila de Santa Cruz do Camutá (atual CAMETÁ), situada à margem do Rio Tocantins.
Aos 28 de outubro de 1637 PEDRO TEIXEIRA inicia sua íngreme empresa partindo de Cametá com 45 canoas guarnecidas com 70 soldados e mil índios de flecha e remo, tendo como auxiliares os 4 oficiais nomeados pelo Governador do Estado do Maranhão e Grão Pará, além de mais um Capitão, 3 subalternos, um ajudante, 2 sargentos, um almoxarife e um escrivão da viagem.
Como piloto ia Bento da Costa, seguindo na comitiva Frei Domingos de Brieba, um dos Franciscanos que tinham realizado a baixada (este último citado por Arthur Cezar Ferreira Reis em sua Síntese da História do Pará).
c) Foi uma entrada feliz. Após inúmeros incidentes obviamente previsíveis, Pedro Teixeira atingiu seu destino em setembro de 1638.
Os moradores de Quito o receberam com admiração e pasmo agasalhando-o bem ao verem com a máxima satisfação que o Rio Amazonas fora descoberto e navegado desde a sua foz no oceano atlântico até aquela parte do grande e riquíssimo Perú.
Aguirre não acertou a saída no oceano pelo Amazonas, e sim na ilha da Trindade pela Guiana ao Norte da Nova Granada.
Orsua desceu do Perú pelo Jutaí e meteu-se pelo Juruá, entre cujos rios se acha hoje o lugar de Fonte Boa, uma das povoações do Alto Amazonas chamado Solimões.
Orellana passou do rio Napo à ilha da Trindade pela parte superior da Cordilheira do Perú.
Pizarro não ultrapassou do rio Coca, no território dos Cofanes.
d) O Conde de Chinchon, Vice-Rei do Perú, consultou os próceres da cidade de Lima sobre o aparecimento de Pedro Teixeira, e resolveu que este português com toda a sua gente regressasse pelo mesmo caminho para o Pará:
que se lhe desse todo o necessário para a tornada;
que não convinha demorá-los por que tão exímios soldados e Capitães eram necessários à sua Capitania, infestada de holandeses;
e que justamente, sendo possível, fossem na sua companhia dois homens idôneos que possam fazer acreditáveis em Castela o que diarizarem nesta viagem e o que relatarem do descobrimento da expedição Portuguesa.
e) Em 16 de fevereiro de 1939 o heróico Pedro Teixeira inicia seu regresso a Belém, tendo sua comitiva aumentada por dois religiosos da Companhia de Jesus, o Padre Cristóvão da Cunha reitor do Colégio de Cuenca e o Padre André de Artieda professor de Teologia no Colégio de Quito, ambos indicados por seu Provincial Padre Francisco de Fontes em atendimento ao pedido que lhe fez Belchior Soares de Pongo Fiscal da Real Audiência de Quito, para atender à ordem do Vice-rei Chinchon. Também participaram desse retorno dois religiosos da Ordem Calçada de Nossa Senhora das Mercês; o Padre Frei Pedro de La Rua Cirne e o Padre Frei João da Mercê, os quais chegaram vivos ao Pará, tendo morrido durante, a viagem os dois religiosos da mesma Ordem – Padre Frei Diogo da Conceição e o Padre Frei Afonso de Armejo superior dos seus três companheiros.
f) Justíssimas foram as manifestações de contentamento e regozijo com que os moradores da Capital do Pará festejaram a chagada ali de Pedro Teixeira no dia 12 de dezembro de 1639.
“As pessoas da primeira classe vão à casa de Pedro Teixeira para o felicitarem pelo bom sucesso da sua empresa fluvial, a qual não obstante ter sido conseqüência da navegação fortuita antecedentemente executada pelos Leigos Castelhanos fugitivos dos Encabelados, lhe assegura em todas as idades o respeito e admiração de todos aqueles homens, que instruídos na enredada e perigosa hidrografia do país, compararem a grandeza do projeto com o gênio laborioso deste pouco esperto navegante”.
Todos estavam ufano ao verem a sorte de um ser nacional, mais fausta que a de Pizarro, Orellana, Orsua e Aguirre, em sulcar a magestosa corrente do Amazonas na maior parte da extensão do seu curso, patenteando nessa navegação máxima Constancia, muito esforço e fadiga.
Principalmente o emérito Capitão-Almirante desempenhou com refletida prudência um dos itens principais do seu Regimento que determinava fossem assentados os limites de Portugal na foz do Napo, pelo qual regressou o Pará e não abaixo dele na foz do rio Aguarico ou do Ouro, pelo qual prosseguira sua rota para o último trecho de sua ida, e muito menos na foz do rio dos Encabelados, situado mais abaixo.
g) Luiz Lobo assim registrou em sua História Militar do Pará: “O feito heróico do brilhante guerreiro teve dos seus concidadãos excepcionais demonstrações de alto preço e bem as mereceu o intrépido Pedro Teixeira, pois que sua expedição militar não só dilatou até ás posições cisandinas de Castela as fronteiras da Capitania e os limites da Pátria, como preestabeleceu os pontos estratégicos do labirinto hidrográfico da Amazônia, fechando o perímetro de sua completa defesa”.
“Bastaria esta expedição de Pedro Teixeira, pacífica, mas de alta destinação patriótica, para encerra com chave de ouro a história do Domínio Espanhol no Brasil”.
h) Após breve demora o Capitão Teixeira dirige-se a S. Luiz do Maranhão, onde apresentou ao Governador do Estado o Relatório de sua viagem.
i) Em 28 de fevereiro de 1640 Pedro Teixeira com geral prazer dos moradores assume as funções de 21º Capitão-mor do Pará, tendo assistido à partida em março para a Espanha dos jesuítas Cristóvão da Cunha e André de Artieda munidos de um atestado passado a 3 de março pelo Capitão-mor do Estado e de todos os papéis que escreveram para dar conhecimento do Descobrimento do Amazonas a El-Rei, por intermédio do seu Real Conselho das índias, na forma expressa pela Régia Provisão dada pela Real audiência de Quito, aos 24 de janeiro de 1639.
VIII – MAIS UM HERÓI INJUSTIÇADO
1. O indômito Pedro Teixeira que como jovem Alferes de Infantaria fizera parte da Tropa Portuguesa que saíra do porto de São Luiz do Maranhão em 25 de dezembro de 1615 para a conquista da Amazônia, não mais se afastou das lindes que lhe devem além do seu aprofundamento máximo e definitivo delimitação com incalculável benefícios para os luso-brasileiros, o varrimento delas dos valorosos e experimentos inimigos europeus, com tal entusiasmo que chega às raias do inacreditável; reconhecendo-se que além do ardor patriótico imprescindível aos chefes militares algo mais fazia parte de sua personalidade, traduzindo-se em excepcional virilidade e desprendimento como que suscetíveis de serem recompletados aos máximo, no momento em que ele o julgasse necessário.
2. Trata-se de um português de quem não se tem sequer conhecimento de sua origem, filiação, data de nascimento e localidade que lhe serviu de berço. Bem pouco sobre quem tanto fez por nós.
3. Com relação ao seu falecimento nem sequer foi anotado o d ia exato em que ocorreu, havendo somente estas simples referências na página 50 do original Compêndio das eras da província do Pará, de Antonio Ladislau Monteiro Baena, entre fatos ocorridos a 26 de maio e a 13 de junho de 1641:
“Impetra o Capitão-mor Pedro Teixeira sucessor no cargo porque intenta partir para a Corte a fim de ver se é recebido com agradável sombra e, por conseguinte se os brios que o assinalaram tanto no serviço do Estado, merecem ao menos um galardão que lhe dê confiança de maiores adiantamentos”.
“Perderam os habitantes um preclaro conterrâneo que a lei austera da estável natureza não consegue que jamais recobrem. Eles lamentam com sinais de vivo sentimento a perda de um homem que desde que se marcou campo com primeiros tetos do Pará, sempre incansável nas bélicas fadigas e nas explorações topográficas, expôs a vida com brio denodado por engrandecer a Pátria”.
4. Em seus 25 anos e meio de serviço extraordinário excepcionais dedicados ininterrupta e integralmente ao cumprimento de Missões verdadeiramente fantásticas, recebeu como recompensa dos Governantes de sua tão beneficiada e estremecida Pátria, unicamente a promoção ao posto de Capitão de Infantaria. E isto por sua primeira atuação como elemento destacado na fundação de Belém, quando foi mandado ir por terra até São Luiz do Maranhão para levar essa grata notícia ao Governador Jeromônio de Albuquerque Maranhão.
E depois? Nem aos menos as devidas promoções militares normais lhe foram conferidas pelos 25 anos de incansáveis e valorosos serviços que prestou… Será que não interessava aos Governadores informá-los ao Palácio Real, para que eles mesmos recebessem os galardões pelos maravilhosos serviços prestado por Pedro Teixeira?
Mas o destino ceifou-lhe a vida quando ele se preparava para retornar a sua terra natal e por tudo em pratos limpos.
Restam algumas referências históricas que lhe foram feitas pelos autores da área a quem tanto beneficiou, sem pensar no risco de sua própria vida.
5. Arthur Cezar Ferreira Reis em sua Síntese da História do Pará:
“O feito de Pedro Teixeira garantia-lhe um título a mais a acrescentar aos de que se ufanava como soldado das guerras contra o estrangeiro e sertanista intrépido: o e Bandeirante Maior da Amazônia”.
“Graças a sua entrada revelava-se aos colonos de Belém um mundo novo, onde encontrariam decerto as riquezas que tanto ambicionavam e asseguravam-se a expansão luso-brasileira um espaço gigantesco que estava até então fora das cogitações legais das autoridades”.
6. O Coronel Luiz Lobo em sua História Militar do Pará:
“A obra da revindita patriótica contra a Ibéria potente, se é que fora já imaginada ou anelada, tracejara-a a rota destemerosa do Maior dos Guerreiros Coloniais de Portugal – Pedro Teixeira – rasgando o impenetrável véu que encobria aos nossos olhos os domínios magníficos de sua Coroa”.
“Para lá se polarizaram pela primeira vez nossas ambições de conquista e de glória, pelo aumento do território e pelo acréscimo de riquezas; e de lá surgiu, sob o ponto de vista militar, o terceiro objetivo guerreiro em que teríamos de trabalhar por dias adiante”.
“Contendo os índios e desbaratando os estrangeiros invasores somente, não realizáramos a missão que nos indicavam no Continente os nossos altos destinos; era preciso completá-la buscando para o Brasil os limites naturais que a nossa Geografia Militar do então aconselhava, e dos quais alguns estavam para dentro das possessões espanholas. O Brasil precisava completar-se geográfica e militarmente, para ser o que hoje é realmente, a imensa Pátria material e moralmente incomparável”.
7. O maior arquiteto desta obra foi, sem a menor contestação, o glorioso Capitão Pedro Teixeira, que das autoridades constituídas de sua Pátria teve como prova de reconhecimento de tão valioso serviços a promoção de Alferes que era em 1615 a Capitão em 1616. E o restante até 1641, quando faleceu provavelmente pelo desgaste físico nas suas permanentes campanhas, nada lhe fez merecer dos Reis a quem serviu.
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