A Revolta separatista na Comarca do rio Negro de 1832, foi um movimento eclodiu no Lugar da Barra do Rio Negro, atual cidade de Manaus, chefiado pelo soldado Joaquim Pedro da Silva. Os insurretos pretendiam a autonomia e separação da Comarca do Rio Negro da Província do Pará e, para este fim se apoderaram do trem de guerra, soltaram os presos e em várias esquinas de rua da pequena cidade foram postados conjuntos de artilharia.
O comandante da tropa Coronel Felipe dos Reis, tentando normalizar a situação foi morto a baionetadas. Durante a noite o Lugar da Barra viveu em sobressaltos com os constantes tiros da artilharia. Pela manhã entraram em entendimentos com o Juiz de Paz e o Tenente Boaventura Ferreira Bentes que estava preso quando o movimento arrebentou, resultando na posse do militar no comando dos rebeldes. Na ocasião assumiu a direção da Comarca o Coronel Francisco Ricardo Zany. Tudo estava normalizado quando o Coronel Zany sofreu um atentado, escapando milagrosamente, graças a intervenção do Tenente Bentes e de outras pessoas. Comerciantes e famílias brancas,e consideradas das mais abastadas, receosas de maiores desatinos porque a sedição tinha também caráter nativista, e os brancos eram suspeitos de sague estrangeiro, deixaram o local partindo para Belém. O Ouvidor Manoel Bernardino de Souza Figueiredo, ausente no início da rebelião, ainda procurou acalmar os ânimos, mas era tarde, e o movimento era liberado por elementos exaltados que tinham o domínio da tropa e induziam à separação da Comarca. Tomavam parte do projeto os frades Ignácio Guilherme da Costa, Joaquim de Santa Luzia e José dos Santos Inocentes, estes, carmelitas paraenses e o primeiro, mercenário maranhense. Agregaram-se a eles João da Silva e Cunha, Gregório da Silva Craveiro, todos elementos de destaque no momento da adesão à Independência, e o Tenente Boaventura. Frei José dos Inocentes, era a alma do movimento. Homem de Ação, embora paraense, corroia-se de revolta com as injustiças ao Amazonas, que adotara por berço. Exerceu a Vigararia do Rio Negro, logrando grande popularidade. A idéia da separação, assim reanimada, culminou com a proclamação pública a 22 de junho, durante um grande reunião do povo e das forças armadas instaladas no Lugar.
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