ARQUIVO PARA CONFERÊNCIA
Francisco Ricardo Zany
Tem-Cel. estava aqui a serviço de D. João, e diz-se que apresentou plano de civilização de indos à Constituinte Portuguesa de 1821. Não são conhecidas:
Depois dirigi-se a D. Pedro I (A. Reis, ob cit. 247 e 249)
Participou da deposição do Gov. Joaquim do Paço com o Ouvidor Domingos Nunes Ramos Ferreira.
Saiu fugido de Manaus, em 1832, depois da morte de Joaquim Felipe dos Reis a 12.04.1832.
Ten-Cel. Francisco Ricardo Zany, apoiou a deposição da Junta de 9.11.1823, a ação do Ouvidor Domingos Nunes Ramos Ferreira, que depusera o governador do Paço com a independência.
Zany foi ao Pará pedir ajuda para regularizar a situação, na previdência de José Felix P___ Benges.
Barão de Itapicurim-Mirim, quando enviou a escuna Carolina.
O governo civil da Comarca foi transferido a 3.12.1825 para a Câmara de Barcelos.
Ramo Ferreira pretendia exercer o governo, só.
Depois da revolta da morte de 12.4.1832, os revoltados do quartel da Bacia, na manhã de 13, concordaram que o Cel. Zany assumi-se o comando das armas.
“… soldado que vinha sendo distinguido pelas autoridades do Império com atenções especiais…”
(Antonarmà – AR, 50)
Aqui – pacificou, equilibrou os cofres, recolheu as armas dos revoltosos; na revolta o fez fugir para o interior, na sua fazenda.
(F. Rayol)
era revolta com os portugueses da Barra. Movimento nativista. Comandavam a ação: Fudes – Ignácio Guilherme da Costa, Joaquim de Santa Luzia e Frei José Inocentes, João da Silva e Cunha, Gregório da Silva Craveiro e o Ten. Boaventura Ferreira Bentes.
Zany fugiu para Bel?
Francisco Ricardo Zany (Cel.)
Comandante da Milícias
Robério Braga
Nascido na Itália, falava com algum desembaraço a língua inglesa do que deve ter-se valido na fuga a que foi obrigado a empreender após servir sob as ordens de Napoleão, ao utilizar-se da fragata inglesa Thálida, indo para Lisboa e de lá para o Brasil.
Era Capitão quando acompanhou Martius – naturalista alemão pelo rio Japurá acima, com autoridade militar até a fronteira. Era, como se disse por longo tempo um homem viajado, e para as raras visitas ilustres que recebia em sua casa, narrava as suas andanças por várias partes do velho continente (Falmonth, Liverpool, Bombaim) como pelo Pará.
Ao tempo da viagem de Henrique Hister Maw, no início do século XIX (1830), era já um homem velho, de pequena estatura, quase sempre posto em jaqueta azul de uniforme, bordada e ourada com franja douro, sobre a qual tinha cadeas de ouro, chapéu armado, sobre, luvas brancas, rodeado de outros oficiais e todos demonstravam gestos extremamente civilizados.
Em Manaus morava em uma extensa casa de madeira com grande portal, mais adequado a uma Igreja que a residência familiar. Sem o Governador J. J. Vitório da Costa que em 1808 fundara a povoação de São João do Príncipe, a extrema colônia dos portugueses no Japurá.
Dizia-se que costumava ser amigo dos seus amigos.
Já em 1817 a 1820, sua residência era a mais importante da cidade, “parecia a mais importante de todas, pelos seus dois pavimentos, primando inclusive por sobre a residência do próprio governador, conforme anuncia em relato o pesquisador Martius (fls. 152). Sua chácara era igual à povoação de Casaia.
Sua dedicação a Martius e a seus estudos, foi muito grande, inclusive na supervisão da construção da montaria feita de tronco de jacareúva (colophyllum inophyllum) que, aberto no sentido do comprimento era alargado a fogo.
Colocou à serviço do pesquisador, por certo, a sua larga experiência de 7 viagens pelo Amazonas, tratando de todos os negócios da excursão científica de Martius, chegando a ir buscá-lo em Santarém e o acompanhar até o rio Negro.
Ao tempo da viagem de Martius pelo Japurá era dono de uma grande embarcação que servia para o transporte de salsaparrilha e cacau, à época, comandada pelo mulato João Bernardo – “mulato robusto e corajoso”. (Martius 216)
Conhecedor da língua dos nativos, era capaz de traduzi-la, inclusive para narrativa de lendas e histórias religiosas ou estórias fantásticas, contadas aos viajantes.
Na viagem que empreendeu com o sábio pesquisador, como todos os outros companheiros de jornada, adoeceu gravemente ‘consumido pela febre” (Martius 259), demorou a curar-se, bem mais tempo do que os índios, o mulato e o escocês que o serviam que foram acometidos de febre e ataque de vermes, como registrado. Por isso mesmo, separou-se de Martius, em Maripi, que assim registra o papel do Capitão em sua missão,
“Prevaleço-me da oportunidade de poder manifestar publicamente a esse meritíssimo amigo os meus sentimentos de alta consideração e reconhecimento”. (Martius, 3º vol. 269)
Foi de tão grande importância sua participação na viagem que, pelos idos de 1821, vivia mesmo em certo fausto, como pouquíssimas outra pessoas em Manaus, ostentando orgulho pelos serviços que prestara ao cientista e às ciências.
Atendendo, segundo consta, ordens do Imperador, Zany coletava coleções de madeiras, pássaros, animais outros, minerais, tintas, especiarias e produtos indígenas para um Museu no Rio de Janeiro. Foi assim que reuniu anil de boa qualidade, canela grossa e ordinária, pucherim – ou noz moscada do Sul América – mais comprida que a da Índia, cumara ou feijões de Tonquim, carajura, tinta encarnada de folhas de árvore igual ao anil, tabaco decorado com penas.
Era ao mesmo tempo um abastado comerciante. Dono de grande armazém, com mais de 300 índios como empregados (?), inclusive nas suas terras na fazenda Manacaru, distante da Barra apenas 1 dia de viagem, na margem meridional do Amazonas, depois de Caldeirão que era a fazenda de café do próprio governo.
Na agitação política que a região toda sofreu, (1821 ?) Zany estabeleceu diversas posições fortificadas ao longo da região do Amazonas, contribuindo para os interesses do governo, a tal ponto que mereceu a Comenda da Ordem de Christo e a confiança do Imperador que o encarregou da formação de regimento de milícias.
A Barra também era modesta. Dividida por pequenos portos, ruas não calçadas e não acabadas, contemplava uma ponte de madeira pesada que procurava ligar os dois portos. Não era um lugar plano, e fora do caminho das embarcações principais poderia ter sido locada no ponto onde se reúnem os rios. Seu mercado permanente era igualmente modesto. As canoas vinham das chácaras vizinhas com café, cacau e salsaparrilha, principalmente e apenas 180 praças serviam à guarnição militar policiando o lugar sob o comando de um sargento. Uma fábrica de louça mantida pelo governo e uma fábrica de algodão, davam um tom de razoável progresso ao lugar.
Também moravam na Barra Kufuer Telles, ajudante do Governador e Auveres de Corte-Real que contribuíram com Spix e Martius.
Spix e Martius foram recebidos como Tenentes-Coronéis, pensionários do Rei da Baviera, para fazerem excursões botânicas já autorizadas pelo Rio de Janeiro. Era o governo de Antônio José de Souza Manoel de Menezes – Conde de Vila Flor (1817-1820).
Para acompanhar Martius em sua viagem pelo rio Negro, foi ao seu encontro, ainda no Pará, mais precisamente em Santarém, equipado em embarcação mais ampla e segura que o levara em 17 dias, desde a Barra, e que de logo recebeu o viajante.
Genro do Governador Victorio (A. Reis, Hist., fls. 143) foi este corso, quem destruiu os restos dos edifícios da Velha Mariuá, depois Barcelos, do que a população reclamou, sem êxito, tudo em 1816.
A fazenda de Zany ficava mesmo na margem meridional do Solimões, e varando o Paraná-mirim por meia légua, logo se deparava, com um terreno elevado, 20 pés acima do nível do rio, onde já se localizavam 20 mil cafeeiras e outros tantos cacaueiros plantados em filas, em vasto terreno nos fundos da casa principal. A frente estavam, em quadrado, as cabanas que serviam de tulhas e paióis,
“a fiação e a forja, ficando a um lado as senzalas dos escravos e dos índios”. (Martius, 3º v. 162).
Eram índios passes, júris e macunás, vindos do rio Japurá.
“… mansos mostram aspecto alegre e animado…” (Martius, 3º tomo, 162).
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