Cópia do Dicionário Blake (vol.5)
Nascido na província da Bahia a 9 de agosto de 1803, faleceu a 4 de maio de 1864, sendo capitão de mar e guerra da armada imperial, sócio do Instituto histórico e geografico brasileiro, cavaleiro da ordem da Rosa e da de S. Bento de Aviz e comendador da ordem de Christo, de Portugal. Assentara praça de voluntário a 10 de outubro de 1825 e a 17 de fevereiro de 1827 foi promovido a segunda tenente, subindo deste sucessivamente até o posto em que faleceu, e sendo sua última comissão a de inspertor do arsenal de marinha de sua província. Em comissões que desempenhou na província do Pará, e em que demorou-se por bastante tempo, estudou com interesse o magestoso rio Amazonas e seus principais tributários, merecendo-lhe especial atenção a comarca do Rio Negro, depois província daquele nome, como demonstrou em várias obras que escreveu, a saberr:
– Dicionário topografico, histórico e descritivo da comarca do alto Amazonas. Recife, 1852, 363 pagas. in-8º – É um trabalho notável, como diz o dr. Macedo, pelo esboço daquela comarca, hoje província do Império, pelos esclarecimentos e informações em relação aos índios, e por grande cópia de idéias e noções que, pelo menos, serão raios de luz benefica que iluminarão o caminho que tiveram de seguir outros estudiosos exploradores daquela majestosa estrela da esfera brasileira.
– Dicionário tupico-portugues e portugues-tupico: duas partes in-fol. – Conserva-se inédito e é propriedade do Instituto. Oferecido ao Instituto pela família do doutor, foi incumbido o sócio Braz da Costa Rubim de sobre ele emitir parecer, que só foi apresentado depois de dois anos. O mesmo Rubim declara: “desconfio que não satisfaço as vistas do Instituto”. Com efeito, depois de considerar a língua tupy o mesmo guarany, modificado pelo isolamento em que se puzeram as tribus que de centro guarany se apartaram e, si o quizerem, enriquecido com adições, expõe os defeitos do livro e termina dizendo que no estado, em que o autor deixou-o, rascunho informe, não via modo de o utilizar. Isso demonstra que o crítico não tinha competência para ajuizar do mérito de uma obra desse gênero e que é, sem dúvida, mas ampla do que o dicionário de Gonçalves Dias, que ele considera muito superior a este. É possível que Amazonas moressem sem ter corrigido seu livro, mas não é isso motivo para negar-lhe o mérito. Um dos defeitos apontados pelo crítico consiste em haver “muitos vocábulos com o j, que têm raro emprego nesta língua, si o têm”. Rubim, entretanto, no seu dicionário brasileiro para servir de complemento aos dicionários da língua portuguesa, dá mais de cem palavras tupis ou guaranis que começam pela letra j – e palavras com essa letra se encontram no dicionário de Gonçalves Dias e nos Glossários de Matius, livros, de que ele serviu-se para elaborar seu parecer. E essa infinidade de termos guaranis, admitidos em nossa língua, como jaborandi, jaboti, jaboticaba, jaburú, jaguar, jacá, jacarandá, jacami, jacaré, jaquiranaboia, como escreve-las, como pronunciá-las?
– Lima: romance histórico do alto Amazonas. Pernambuco, 1857, 258 pags. in-8º
– Navegação do Amazonas – Conserva-se também inédito. Foi escrita em resposta a dois artigos publicados no Jornal do Comércio de 10 e 22 de setembro de 1849 e enviada ao ministro da marinha em ofício de 4 de outubro do mesmo ano. O original tem 12 pags. in-fol.
– Memória sobre uma marinhagem de guerra para guarnição da armada imperial – Foi publicada no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, ns. 34, 35 e 37 de 1854.