Militar, político.
Militar e político brasileiro que atuou na Província do Amazonas, na condição de tenente do Exército e ao qual é atribuído ter sido veículo das primeiras experiências espíritas no Amazonas, levadas a efeito em 21 de fevereiro de 1905, por isso mesmo anunciado como iniciador do espiritismo nessas terras.
Ainda no período imperial serviu como 2º tenente no destacamento militar de Moura, possivelmente desde 1879, visto que em 15 de maio daquele ano há registro de haver ali um destacamento reforçado para conter os ataques dos indígenas Jauaperis. O barão de Maracaju, na qualidade de presidente da Província e diante dos ataques dos grupos de indígenas, ressaltou suas qualidades de militar, deixando assentado: “comandando pelo prestimoso e inteligente 2º tenente do 3º Batalhão de artilharia a pé, composto de praças da ala esquerda do 11.º Batalhão de infantaria”.[1] Diante de constantes ataques de grupos indígenas da região, inclusive de Waimiris, o destacamento foi reforçado em 1880 e em sucessivas vezes socorrido por forças especiais, sempre que a capital tomava conhecimento de novos ataques.
Se para as autoridades constituídas o comportamento de defesa rigorosa e vigorosa era o esperado, para os pesquisadores que palmilhavam a região e valorizavam uma visão diversa da oficial, a conduta dos militares em tais questões muitas vezes extrapolava as medidas de defesa.
Pelos registros conhecidos o movimento dos indígenas Crichanás nos distritos do interior, na região de Moura, contra os aglomerados de descendentes europeus, teria iniciado em 1862, retornando todos os anos, até que em 1865 “mostraram verdadeiramente canibalismo”.[2] A gravidade da situação levou o então presidente da província, coronel Inocêncio Eustáquio Ferreira de Araújo a contratar o vigário, frei Samuel Lucciany, apoiado por um interprete, destacamento militar e brindes, para pacificar os indígenas. Mesmo assim os assaltos continuaram e as mortes por flechadas se repetiam, em um só individuo, em crianças ou em grupos de família.
No massacre de 22 de outubro de 1883 há uma passagem envolvendo Antônio José Barbosa, em razão do tiroteio cerrado no lugar denominado Marakaká do Maçouro quando quatro canoas de pescadores se encontraram com 10 ubás de indígenas. O tiroteio foi das 20 horas a uma hora da madrugada, usando carabines a Minié, “distribuídas pelo juiz de paz que as recebeu do governo.”[3] Notícia de boa fonte afirma que “a bordo da lancha estava o 2º tenente de artilharia Antônio José Barbosa que a todo transe queria que se metralhasse os indígenas, sendo impedido pelo comandante da lancha, 2º tenente José d’Almeida Bessa”.[4] Na ocasião foram utilizados de 1.500 a 2.000 cartuchos, conforme narrativas isentas de Barbosa Rodrigues. A defesa parecia natural, não só porque os ataques indígenas eram fatais, como porque se tratava de uma missão do juiz de paz, o tenente Horta. Era de tanta gravidade a situação em Moura em por algum tempo foi mantido o destacamento com 19 praças municiadas com 770 cartuchos embalados
Tudo se passava em região na qual nos meados dos anos 1700 o capitão general Mendonça Furtado estabelecera uma povoação, transformada em Município da federação brasileira por lei de 1891 com as povoações de Tauapessassu e Airão.
Mas o tenente Barbosa seguiu a carreira militar, a princípio, no Amazonas, e foi comandante na Fronteira de Tabatinga, sendo depois levado à reserva, e ocupando o 19º Batalhão da Reserva da 2ª. Companhia do ministério do Exército.
Foi deputado provincial no Amazonas na legislatura de 1882/83, inicialmente sob a presidência de João Cunha Correa, sendo Bento Aranha o vice-presidente e Severo José de Moraes e Herculano Ferreira Penna de Azevedo, os secretários, e depois sob a presidência de Aprígio Martins de Menezes. Integrou as comissões de Poderes e infrações constitucionais e das leis, uma das mais importantes daquela casa legislativa, e a de Força Policial. No período legislativo seguinte, 1884/85, foi eleito 2º secretário da Mesa Diretora da Assembleia, sob a presidência de Emílio José Moreira.
A respeito de sua participação no Movimento Espírita, vale consultar os anais dos seminários realizados pela Fundação Allan Kardec, em Manaus, nos quais o tema é tratado, com recuperação da biografia e obra de personaliadades que iniciaram o Movimento na capital amazonense.
[1] AMAZONAS. Mensagem do Presidente do Barão de Maracaju, na qualidade de presidente da Província do Amazonas, em 29 de março de 1879, p. 30.
[2] RODRIGUES. João Barbosa. Rio Jauapery: Pacificação dos Crichanás. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1885. p. 12.
[3] Idem, idem, p 23.
[4] Idem, idem, p. 23/24.
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