A linguagem é o segredo e a explicação do homem e unidade está, a mão. Juntas vão permitir proporcionar toda a história do homem. É a linguagem, do ponto de vista psicológico a atribuição de um valor simbólico ao sinal, processo este, fundado na abstração o que nos distingue dos outros animais, sendo a nossa linguagem – artificial e convencional – enquanto a dos outros é perfeitamente – natural. Daí podemos afirmar que o homem é um animal social porque possui a razão, e não, tem ele a razão, por ser animal social ou político.
A diferença entre essas duas linguagens, a do homem e do animal, está exatamente na apreciação da natureza do sinal. É a linguagem, um fenômeno puramente emotivo. Ela é, no dizer de SARTRE: “elipse”. Tudo na língua é psicológico, logo, emotivo, pois que a linguagem que exprime as idéias, leva antes de mais nada e de tudo, os sentimentos.
Como veículo de comunicação, a linguagem desempenha paralelamente várias funções, distinguindo-se 4 principais: leva sempre a nossa marca, a nossa coloração que a linguagem não deixa nunca de refletir. Temos sempre cuidado com o alcance do que dissemos. Escolhemos as palavras em razão do interlocutor, de quem nos ouve, para quem falamos. A intenção pode ser consciente ou não, e dá a linguagem o seu último aspecto de distinção. Podemos com isso, chegar a afirmar como HERMAN que cada idioma possui uma forma espiritual peculiar, uma linguagem diferente o que normalmente chamamos de “espírito da língua”. Todos os que praticam mais de um idioma sente as peculiaridades de cada, as certas e determináveis formas de linguagem de expor as idéias.
A língua, tratada gramaticalmente, é uma espécie de racionalização da linguagem que não chega a tomar conta da totalidade da sua esfera de ação. Daí, nós distinguirmos, nos fatos de linguagem o que é afetivo e o que pertence ao domínio do intelectual. Cabendo, e bem o sabemos, ao afetivo a coloração e a expressividade e ao outro, a ordem, e a organização da linguagem.
A escrita é apenas um, entre vários outros sistemas de linguagem visual pertencendo a mesma categoria, os códigos de sinais marinhos, a mímica, os gestos, e em particular, a linguagem por gestos dos surdos-mudos.
Muito se poderia falar da evolução da escrita, mas, é ela uma vista puramente teórica e lógica pois conhecemos haver dentro de cada sistema, uma evolução, maior ou menor. Não há passagem de um sistema para outro. Nada afirma que a escrita ideográfica tenha surgido por homens que não mais aceitavam a pictográfica e que a fonética tenha nascido para sacrificar os sistemas ideográficos que já não satisfaziam ao homem. A prova disso é que até hoje sistemas pictográficos e ideográficos se perpetuam em círculos menores, no mesmo momento em que o poeta de Paris realiza obras maravilhosas com a fonética. Devemos abandonar por aqui mesmo, nessas rápidas considerações, a chamada evolução da escrita.
Temos a PICTOGRAFIA, a escrita menomônica, a escrita ideográfica, cuneiforme, hieróglifos, até chegarmos ao alfabeto conhecido, alcançado por uma evolução de ordem lógica, e não histórica.
Para a escrita, o homem já empregou recursos vários, dos três reinos da natureza. A pedra, onde se gravou a primeira lei dos hebreus, revelada no Monte Sinai. O mármore para as inscrições tumulares, cívicas e calendários. A argila, que cosida após esculpida, iria constituir as mais famosas bibliotecas da Mesopotâmia. Em metal era perpetuados documentos considerados importantes, como discursos do Imperador Cláudio. No bronze, os romanos escreveram os tratados da paz e a famosa Lei das Doze Tábuas. As sentenças de Hesíodo, encontradas no século II na Beócia, estavam gravadas em chumbo. Os chamados metais nobres são até hoje, usados nas placas comemorativas a fatos importantes e homenagens murais.
A madeira, os egípcios usavam desde tempos imemoriais e hoje, a empregamos, transformada em papel. Os judeus conheciam os tabletes de madeira, mas os romanos se celebrizaram com o seu emprego em larga escala. Encontram-se dessas tabletas até o fim da Idade Média, com Carlos Magno, mandando fazer nelas o orçamento do palácio. Folhas de palmeira, oliveira, panos, papiro. Em pedaços de pano, os romanos reproduziam os oráculos, contratos particulares e leis e a sede, na Pérsia e na China foi muito usada, daí a invenção do papel.
O papiro é o mais célebre de todos os produtos vegetais utilizados na escrita. De Moisés, Numa, Tarquínio, vêm passando os séculos historicamente. Hoje, nos Museus de Londres, Paris, Viena, figutando algumas passagens da Ilíada e o famoso ritual funerário ou Livro dos Mortos. Os Gregos e Latinos encontrados nas escavações de Herculano, formando mais de 1.700 volumes, estão no Museu de Nápoles. Manuscritos e diplomas, muitos dos primeiros séculos da Idade Média, ressaltando-se “Antiguidades Judaicas”, estão na Biblioteca Ambraosiana em Milão; os sermões e as cartas de Santo Agostinho, hoje nas bibliotecas de Paris e Genebra e a coleção única das cartas de Ravena, conservados nos Arquivos Nacionais da França.
O Pergaminho. De lado a lenda dita dos habitantes de Pérgamo de que se extrai de peles de animais, sabemos que muito antes, na Ásia, já se conhecia isso, e os primeiros documentos em pergaminho, conhecidos hoje, datam do III século de nossa era. Temos República, de Cícero e um Vírgilio, ambos da Biblioteca Vaticana. Escrito apenas em uma face deu origem depois ao codex, o antepassado imediato ao, livro. Revolucionou-se o aspecto da matéria escrita e das bibliotecas.
Os instrumentos de escrita diferiam em razão da matéria empregada. Era usada uma espécie de cinzel para gravar nas tabletas de argila, pelas CLADEUS; os romanos como estilete, uma hastede metal ou osso que permitia escrever e apagar para correções. O estilete escrevendo sobre a cera e o caniço sobre o pergaminho e papiro, vêm a ser ao antepassado mais direto de nossa pena, depois substituída pela pena de ave, particularmente a de pato, escolhidas as da asa, ditas para facilitar os vôs da imaginação. Desde o século XIX iniciou-se a fabricação de penas de ferro ou de bronze e penas metálicas. O lápis, data do fim da Idade Média e os romanos já empregavam a esponja e o raspador.
Já no século XVIII Diderot resumia a importância da escrita dizendo que: “sem a escrita, privilégio do homem, cada indivíduo reduzido à sua própria experiência, seria forçado a recomeçar a carreira que o seu antecessor teria percorrido, e a história dos conhecimentos do homem seria quase a da ciência da humanidade”.
Muito e muito teríamos que falar mostrando toda a evolução da escrita, das formas e seus instrumentos até alcançamos o momento histórico de Gutenberg, mas, pelo curto espaço de tempo como também pela limitação do tema deixamos para outra hora, que sabemos há de chegar, graças à diretoria deste Instituto que agora, como antes trilha o caminho da distribuição de cultura, funcionando como laboratório e não como arquivo morto de nossa história.
A arte de imprimir tem uma história das mais antigas surgindo sempre de forma espontânea, onde havia grupo humano.
Distingui-se da tipografia que se prende à história e vida do livro e da imprensa, no sentido mais exata da expressão.
Desde o século segundo da nossa era as técnicas tipográficas eram levadas a efeito na China e na Europa, desde a segunda metade só século XIII. Mas, a imprensa, tal como a entendemos ser, não pode ser aceita como pequenos sinais reproduzidos em papiro, pergaminho ou papel; mas sim, a reprodução rápida e ilimitada da escrita ou da palavra, pois isto mesmo, Christian, nos diz de há muito.
Sabemos que já a China, e por tradição isto nos chega, tinha um processo litográfico de impressão precedente mesmo à imprensa heliográfica. Nenhum exemplar nos resta. O mais antigo impresso xilográfico que se conhece data de 932 da nossa era.
Na Europa aparecem as chamadas impressões tabelares ou tabulars justamente por serem feitas com o emprego de tabuínhas.
Surge aí, o mais celebre dos livros tabelares, “Espelho da Redenção Humana e a chamada Bíblia dos Pobres, de São Boaventura a demonstrarem a impressão anopistográfica. Desse livros, apenas 33 nos restam em razão da sua utilização, à época, nas escolas, como manual de ensino. Temos ainda, o famoso ARTE DE MORRER, e as famosas gramáticas latinas.
Sabe-se hoje, que esses primeiros livros de imagens foram impressos na Holanda como conhecemos também que a impressão xilográfica constitui o passo inicial para a descoberta dos caracteres móveis para a imprensa. Da folha ao livro tabelar e depois da plancha xilográfica para os caracteres móveis, formam o caminho para o inculábulo. Hoje, o xilográfico é empregado para as impressões mais luxuosas e de maior obra artística.
A palavra tipografia é raramente empregada durante o século XV em razão do prolongamento que o inculábulo criava para a vida do manuscrito. Duas apenas são as referências a esta palavra durante este século. Na segunda metade do XVI, pela ação do livro impresso, passou-se a falar freqüentemente em tipografia.
A vida do inventor e do invento é obscura e confusa e é até um mistério. Nascido em Mogúncia de família de burgueses, de nome e sua vida obscuros passam a ser desvendados efetivamente quando é encontrado em Estrasburgdo, fabricando espelhos. Muito se disse contra a paternidade da invenção ser de Gutenberg, mas ele tem a seu favor além das presunções históricas, a certeza de que em última hipótese, aperfeiçoou os processos rudimentares da tipografia. Sua maior obra foi sem dúvida a conhecida Bíblia de 42 linhas, Bíblia Mazarina, com 1.200 páginas, divididas em duas colunas, em escrita gótica com caracteres vigorosos e fortemente angulares.
A tomada de Moguncia, em 1462, dispersando os impressores pelos paises europeus, permitiu, provocou, a vulgarização da imprensa.
A palavra inculábulo espelha os livros impressos até 1500 e pode em alguns países ter ido até 1550. O maior número deles é escrito em pergaminho. Reconhecido em sua autenticidade pela espessura, desigualdade e cor amarelada do papel; pela irregularidade e imperfeição dos caracteres tipográficos; ausência de assinaturas, de paginação e até de registro; a ausência do titulo separado ou frontispício do nome do impressor, lugar e data da impressão, a quantidade de abreviaturas a raridade de alíneas e capítulos, a ausência de letras capitais no começo dos capítulos ou divisões, a ausência de sinais de pontuação, e os traços oblíquos sobre o I. É o inculábulo uma raridade, colocando a prova a credulidade natural do homem contra toda a sorte de mistificações, numa luta tenaz, do espírito cientifico. Cuide-se de bem aplicar no estudo da autencidade do inculábulo os princípios gerais da crítica interna e da critica externa.
Intimamente ligados aos inculábulo estão as edições “princeps”, denominação que se dá ordinariamente às edições dos clássicos tidas como primeiras, as edições que sem auxilio de nenhum livro já impresso, foram feitas por manuscritos mais ou menos antigos, anteriores à descoberta da Imprensa. Valorizadas mais pela raridade que por méritos textuais em razão da tiragem que freqüente de 275 exemplares.
A imprensa se distingue nos seus primeiros momentos pelo nomadismo e o caráter de arte eminentemente alemã. A sua difusão foi muito mais rápida que o aperfeiçoamento. Sofreu em muito a influência do gênio latino sendo a Itália, o primeiro país estrangeiro onde se estabeleceram os tipógrafos alemãs. Muito se deve, o seu desenvolvimento, a interferência, a dedicação dos estabelecimentos eclesiásticos.
Na Itália, apoiando a imprensa, ressaltemos Leão X, Pio IV e Sexto V, formando este, no Vaticano uma das mais celebres tipografias poliglotas do mundo. A edição de Sonetos, de Petrarca, a primeira edição da Bíblia em hebreu, por Josué e Moisés, as Obras, Virgilio.
Na França, ganhou o mundo latino e daí, para a Inglaterra. O primeiro livro em dinastia de tipógrafos, formando assim, um verdadeiro império, da arte que se iniciava no mundo.
As assinaturas dos impressores existem de há muito, representando sempre uma espécie de marca, cercada por característico que identificam sempre os trabalhos tipográficos. Representam o desejo de lutar contra contrafação. A legislação reconheceu a necessidade que os impressores há muito haviam divisado: a identificação da autenticidade da impressão da obra.
A ERA INDUSTRIAL
O século que corre é em verdade o herdeiro do século XIX que se apresenta como o mais longo de toda a história dando lugar ao nosso, com a civilização industrial nascida na segunda metade do setecentismo.
Multiplicandos-e todas as invenções, com os definitivos aperfeiçoamentos da máquina a vapor, da invenção dos aeróstatos, com a primeira travessia aérea do Canal da Mancha e o primeiro privilégio do gás de iluminação.
Depois das primeiras experiências de metalografia, depois de se ter tornado praticamente perfeita a propulsão a vapor, temos ainda a invenção das estradas de ferro e o desenvolvimento das aplicações da eletricidade que respondem pelo desenvolvimento atual das industrias. Com a estrada de ferro e a primeira turbina hidráulica, pelos efeitos e conseqüências está o inicio da revolução industrial.
Com efeito, já nos meados do século XIX mas sobretudo na primeira metade do século XX, a tipografia se transforma, passando de artesanato para indústria, adquirindo, gradativamente, caracteres de atividade fabril. Marcada pelo maior volume de produção, no que se chama de “quantidades industriais” acontecido mesmo sem razão do maquinismo, forçado pela taxa de produção-hora o artesão, artista por excelência, passa a operário, que é um mecânico. Há ainda caracterizando a transformação da tipografia de artesanato em industria, a organização mercantil.
A invenção da máquina de papel, da prensa mecânica, da prensa rotativa, a invenção do linotipo são as principais etapas do processo de transformação a que nos referimos.
As técnicas de impressão vão desde a gravação xilográfica ao mais moderno sistema de of set, numa evolução lógica, e são todas, ainda usadas, acontecendo, porém em muito maior escala, a fundição mecânica de tipos metálicos, para maior aproveitamento do tempo, em razão do volume de serviços. As matrizes, os tipos chamados “de caixas”, os clines, a arrumação no chassis, a chamada distribuição dos tipos empregados, o magazine, representam ações, atos contínuos na industria impressora.
Da composição mecânica, com o linotipo e monotipo, realizando a composição, justificação, fundição e distribuição, se tem composto o corpo a imprimir. Um, fundindo linhas inteiras, outro, o monotipo, apenas letras.
Pela vertiginosa vida que leva o homem em nossos dias, surgiu a telecomposição, proporcionando um maior aumento no rendimento horário e, eliminando os intermediários, a coisa a informar, chega mais rápido, até de cidades para cidades em todo o mundo.
A LUMITIPO, invenção de franceses construída no EEUU, dispensa completamente o chumbo, é sistema fotográfico executado em milionésimo de segundo. Um pequeno jornal americano, com tiragem de 40.000 exemplares é o primeiro composto em lumitipo.
A ESTEREOTIPIA na qual se reproduz uma composição tipográfica através de formas, nas quais se derrama metal fundido. Sua longa história tem inicio em 1700, mas nos dias atuais seu emprego é mais técnico.
A ROTATIVA, modernamente alcança velocidade de 30 mil voltas hora permitindo a produção de 60 mil jornais no mesmo tempo dependendo do número de páginas, em razão do número de grupos impressores.
Há, na impressão, o sistema de provas, quer manual, quer mecânico, daí surgindo o grupo de revisores de impressão cujo trabalho é desenvolvido por meio de sinais convencionais que determinam ao tipógrafo as correções a realizar.
A GRAVURA já de há muito existe, desde os velhos pergaminhos gregos e latinos e hoje é estudada em vários aspectos como que momentos diversos de sua vida. A XILOGRAVURA, quando os “brancos” são escavados e as linhas do desenho ficam em relevo. Temos a gravura artesanal de número dois, representada pela gravura metálica, onde os vazios guardam a tinta e as partes em relevo não dão impressão. Sua descoberta foi ocasional. Temos ainda a Litogravura que pode ser definida como a reprodução impressa do desenho traçado com um corpo gorduroso sobre uma pedra calcárea. Inventado por um autor dramático alemão que para poder viver copiava música e desejoso de multiplicar com maior rapidez as partituras, descobriu este sistema.
A obtenção da impressão em cores deu origem ao que chamamos de cromolitografia, de origem francesa.
Passamos para um nova era da gravura, a mecânica, onde aparecem a similgravura, quando desaparece o artista e o processo de chama fotogravura ou fotomecanica. Desaparece o artista porque a placa fotográfica não interpreta, apenas registra o que lhe é apresentado.
É a similgravura, uma gravura mecânica em relevo, quando as partes salientes é que não impressão. Temos a Heliogravura que é escavada, sendo ela conhecida talha-doce mecânica. O sistema da rotogravura foi concebido por um jovem de 17 anos.
Durante o correr do tempo em que o pensamento romântico teve vida em Portugal, o jornalismo representou papel importante na revolução que se chamou romântica, formando uma consciência social e educando grande volume de povo. Representou ele um veículo ideal de cultura na época em que esta entrava numa fase de democratização.
O primeiro jornal português data de 1641, uma Gazeta, em que eram noticiadas “as novas que acontecessem na corte e de toda a parte”, como dizia seu próprio nome.
Os maiores nomes literários portugueses estão estritamente ligados a órgãos jornalísticos, como, O Panorama, em que Alexandre Herculano foi redator e os que se ligam a Castilho, Júlio César Machado, Antonio Pedro Lopes de Mendonça, Evaristo Basto e tantos outros.
Por todo o mundo, o papel social, político comercial, cultural do jornal era desenvolvido e expunha sempre valores.
Entre nós, brasileiros, a imprensa poderia ter sido um legado do período de domínio holandês em razão dos muitos pedidos feitos por Nassau para que fosse enviado um tipografo com seu material e que aqui estabelecido, iniciasse já aquela época, regular de publicações, acontecida com a criação da Impressão Régia.
A chegada de D. João VI colocou ponto final na proibição portuguesa à impressão de jornais e revistas em nossa terra. Com os primeiros jornais surgiram também os primeiros críticos e jornalistas. Os jornais do primeiro momento da imprensa brasileira eram na sua maioria obra de intelectuais que até então, engasgados pela não existência de órgãos de comunicação, mantinham escondida sua própria cultura.
Pelo jornalismo, político ou literário, o Brasil iniciou os contatos com os grandes centros europeus.
Assim como em Portugal, no Brasil também os jornais e revistas estavam ligados a nomes que a história imortalizou quase todos pelas lutas na libertação dos escravos de independência da nação de alterações políticas e sociais.
Hipólito José da Costa, com o seu Correio Brasiliense, editado em Londres, Antonio Ferreira de Araújo, com O PATRIOTA, no qual Silva Alvarenga, na velhice, contribuiu com muitos artigos; O AURORA FLUMINENSE, de Evaristo da Veiga, o JORNAL DO COMÉRCIO, que até hoje, é editado, já como parte de um grupo, Diários Associados do Brasil.
Mas estava reservado à Bahia, o privilégio de fazer editar, o primeiro jornal literário do Brasil. Data de 1812 a primeira publicação de “As variedades ou Ensaios Literários”.
As revistas surgidas no período romântico são representadas pela “Minerva Brasiliense” – 1843 45 no Rio de Janeiro; e em São Paulo a Revista da Sociedade Filomática, de 1833.
Esses órgãos de divulgação impulsionaram o desenvolvimento político, intelectual e social do país, mas divulgaram a literatura romântica de ficção, pois antes de formarem livros, hoje preciosas obras, estiveram em folhetins de jornais, As memórias de um sargento de Milícias, de Manuel Antonio de Almeida, o Guarani, de Alencar, e muitas outras.
Muitos são os notáveis jornalistas, que conseguiram expressão na política, na história, na crítica, e devem ser lembrados, como realizadores do primeiro momento jornalístico brasileiro, João Francisco Lisboa, Odorico Mendes, José Maria do Amaral, Justiniano José da Rocha, Hipólito da Costa Pereira Furtado de Mendonça, que vindo da Colônia do Sacramento, doutorou-se em Coimbra e lutando pela Independência, de Londres remitia seu jornal que circulando somente até pouco depois do 7 de setembro, representa o maior órgão da divulgação de nossa emancipação política. Evaristo Ferreira da Veiga, do Rio de Janeiro, fez-se livreiro até entregar-se à polícia, e como jornalista representa papel importante na abdicação de D. Pedro I, e na reeleição de Feijó.
A Atenas Brasileira, como ficou conhecida a cidade de São Luis, no Maranhão, foi palco vivo dos trabalhos jornalísticos do mais novo de todos os homens da imprensa dessa época. João Francisco Lisboa, que com 20 anos, fundou o “Brasileiro”, redigiu o FAROL MARANHENSE, ECOS DO NORTE e a CRONICA MARANHENSE. O Jornal de Timon representa, porém, sua maior obra, e saía em folhetins mensais de caráter histórico.
Passemos a ver com maior atenção a imprensa no Brasil, pois o que se conhece sobre a introdução desse mecanismo em nossa terra, é resumido e por demais confuso.
O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, foi palco em 1884, da leitura de uma memória de Moreira de Azevedo na qual citava a opinião de Ribeiro dos Santos de que a primeira tipografia instalada em nossa terra teria dito de responsabilidade da “Academia dos Seletos” a qual entretanto, pelas notícias que se tem, teve uma duração rápida, destruída por ordem da metrópole para evitar a propagação de idéias contrarias ao regime então vigente. Sérgio Buarque de Holanda, afirma que em 1747 tivemos instalada a primeira tipografia, no Rio de Janeiro pertencente a Antonio Isidoro da Fonseca.
Para esta mesma data se inclinam outros tantos estudiosos da matéria, inclusive Artur Mota e Pedro Barbuda. Compulsando documentos na Companhia de Jesus encontra-se impressos da própria cada datados de 1724. Cunha Barbosa, em estudo publicado na Revista do Instituto Histórico contesta a hipótese de que existiu em Pernambuco, no tempo dos flamengos alguma tipografia, que seria sido estabelecida em 1706, imprimindo letras de cambio e orações devotas desaparecida por ordem régia. Fala, o próprio Cunha Barbosa na impressão de “O Vocabulário”, do Padre Restivo em 1772, afirmando ainda que os holandeses não conseguiram introduzir na terra brasileira, a imprensa. Existem, entretanto, documentos do governo holandês aqui estabelecido solicitando o envio de algum tipografo para o Recife e para fazer prova disto meios fraudulentos tem sido usados e contestados pelos historiadores.
Temos de reconhecer que não havendo mercado consumidor para a imprensa, no período colonial e o interesse da metrópole grande no sentido de impedir o desenvolvimento desses órgãos que em todas as épocas e por todas as partes tinham e vinham provocando situações políticas adversas a sistemas como aquele. O que vemos com isso é que a imprensa se instalou na América inglesa e espanhola com mais de um século de avanço sobre a primeira tipografia constituída de maneira estável no Brasil. Acontecia o que chamamos de literatura de contrabando, a que vinda de Portugal, por livrinhos, almanaques em pequena variedade e quantidade, ainda passava por 3 crivos: episcopal, da Inquisição e o real. Os movimentos de libertação pela Europa, fizeram surgir um aumento e uma maior rigidez na censura do que para cá era enviado, e as gazetas inglesas, exemplares da Constituição Francesa dos EEUU, e livros de Monoesquieu e Voltaire, serviram para incriminar ainda mais os membros da Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana.
A GAZETA DO RIO DE JANEIRO, sob a direção do Frei Tiburcio José da Rocha foi o 1º jornal impresso no Brasil, 10 de setembro de 1808, publicando atos oficiais, impressa nas oficinas oficiais e submetida à censura oficial. 1811 marca o lançamento do segundo jornal editado no Brasil, Idade de Ouro (d’ouro) do Brasil, editado na Bahia, sob tutela do Conde dos Arcos. Por esta época, órgãos eram criados para neutralizar a ação do Correio Brasiliense, editados em Lisboa, eram abertamente distribuídos aqui.
Alfredo de Carvalho conclui que os holandeses tentaram, e por muito tempo, estabelecer em Recife, uma tipografia, mas tal fato não se consumou,
O mesmo Alfredo de Carvalho fala na existência de uma imprensa em 1706, a que já nos referirmos, mas que na realidade não existiu e sim em 1747. Isidoro da Fonseca que teve no Brasil, estabelecido no Rio de Janeiro, com suas letras seqüestrados por ordem régia de 6 de julho de 1747.
Fato curioso é que a Relação de Entrada do bispo Antonio de Desterro foi o primeiro folheto impresso no Brasil, mas o primeiro livro em língua portuguesa apareceu no México, datado de 1710 e é o conhecido “Luzeiro Evangélico” de Frei João Batista Merelli de Castelnuovo.
Em 1807, sem que lá houvesse imprensa publicou-se em Vila Rica 15 páginas tabularmente impressas em planchas de cobre, trabalho, do Pe. José Joaquim Viegas de Menezes. Havia ai um poema de Diogo de Vasconcelos.
Gilberto Freyre, sem dar maiores explicações, fala que a primeira coisa impressa em nossa terra, nos dias coloniais foi um baralho de cartas de jogo.
A IMPRESSÃO RÉGIA
Com a chegada de D. João VI a Bahia no 22 de janeiro de 1808 uma série de mudanças, quase radicais, se iniciaram naquela cidade para melhor abrigar a família real e condignamente ser a sede do Reino, que seria unido ao de Portugal e Algarves. No 28 seguinte assinava, D. João, carta régia abrindo os portos às nações amigas. No 13 de maio, após desembarcar a 8, no Rio, D. João VI assinou decreto criando a Impressão Régia, núcleo da nossa Imprensa Nacional. Com isso instalou-se definitivamente, de forma oficial, a imprensa em nosso país. O primeiro clarão da Independência.
Aproveitando a princípio o material por aqui existente, tivemos instalada a Impressão Régia, a divulgar os atos, a Legislação e Papeis Diplomáticos, como determina seu decreto de criação.
Depois, no “Medusa” recebemos a nossa primeira tipografia completa.
A impressão Régia foi estabelecida no andar térrea da residência do Conde da Barra, Antonio de Araújo e teve uma junta diretora para a sua administração. Deixando crer que foi imediatamente montada, após a chegada do Príncipe ao Brasil, a Impressão Régia publicou no dia de sua criação, um folhetim de 27 páginas com a Relação dos Despechos, publicados na corte pelo expediente da secretaria de Estado e Negócios estrangeiros e da guerra nos faustissimos dias dos anos de S.A.R. o Príncipe Regente N.S. e de todos os mais que se tem expedido pela mesma secretaria desde a feliz chegada de S.A.R. aos Estados do Brasil, até o dito dia 13 de maio de 1808.
Embora iniciada oficialmente a imprensa não teve liberdade de pensamento, pois que se alguém desejasse imprimir algo deveria submeter o original, a apresentação da junta diretora da Impressão Régia, e, sendo assunto político, religioso ou de legislação era encaminhado a quem dele conhecesse para opinar, por escrito, para Sua Alteza Real.
Muito rigor, muita vigilância na publicação e leitura de documentos, mas, mesmo assim, o “Correio Brasiliense”, era lido francamente no Brasil, até mesmo pelos meios oficiais. O mesmo crime de francesia acontecia na Bahia, em Recife, pelos “libertinos” que apoiados na “Sociedade Literária” buscavam inspiração naquelas obras que revolucionaram o outro mundo. Tudo acontecia sem a participação da impressão régia, e tal não poderia acontecer, mas ela, até 1822, como única oficina tipográfica no Rio, realizou 1.154 trabalhos. Muitas brilhantes obras foram publicadas por ela, ressalte-se autores como Silva Lisboa, Araújo Guimarães, Pereira de Carvalho e a Corografia Brasílica, de Padre Aires do Casal.
Publicou ainda, Marília do Dirceu 1810, Uruguai, de Basílio da Gama, 1811, as Obras de Virgilio, 1818. A Impressão Régia realizava assim a mudança do clima intelectual.
A MULTIPLICAÇÃO DAS TIPOGRAFIAS começou a acontecer em 1821 com duas novas tipografias sendo instaladas e mais quatro em 1822. Na Bahia, o primeiro estabelecimento tipográfico nasceu em 1811. Em Pernambuco, 1815, no Maranhão em 1821 e no Pará no mesmo ano. São Paulo só teve tal industria após a Independência. Em Curitiba, só instalou-se uma tipografia, em 1854 quando no Paraná formou-se Província. No Piauí, 1830, Ceará, 1824, Rio Grande do Norte, 1832, Paraíba, 1826, Alagoas, 1831, Sergipe 1835, Espírito Santo, 1849, Estado do Rio 1829, Minas, 1822, Rio Grande do Sul 1828, Santa Catarina, 1831, Mato Grosso, 1840 e Amazonas 1851/52.
O PERIODISMO: O primeiro jornal brasileiro saiu de Londres, circulando abundantemente em nossa terra. Hipólito José da Costa levou-o circulando até 1822, batalhando pela Independência.
O CORREIO BRASILIENSE ou ARMAZEM LITERÁRIO, é hoje, 175 números, em 29 volumes nele havendo sempre o pensamento político, preparando um império constitucional para o Brasil. Não foi, em todos os pontos, um jornal de oposição, pois o governo comprava 50 exemplares de cada edição, o que lança um nódoa sobre o caráter de Hipólito, mas não derruba o castelo de opiniões que criou para motivar o trabalho pela Independência.
Os nossos primeiros jornais acompanharam o Correio Brasiliense, e circulavam a Gazeta do Rio de Janeiro, pelo Diário do Governo, e o até hoje, Jornal do Comércio, lançado a 1º de outubro de 1827. Nota-se, e é bom que se diga que a Gazeta do Rio de Janeiro é a mais remota fonte do nosso Diário Oficial.
A Aurora Fluminense e à Astréia unidas ao Nova Luz Brasileira realizaram um trabalho lento, polido e com regras decentes até eu “A República” em 1830, rompe todas as barreiras e lança com violência um trabalho a favor de nossa completa independência.
A censura previa foi eliminada por D. Pedro I desde 1821 e só voltou a ser aplicada no regime republicano.
Há dados estatísticos de que circularam no Brasil, até 1954 2.961 periódicos em seis categorias, predominando entre todas, a revista, em 789; os jornais diários somaram 261; as gazetas em número de 1396; os boletins em número de 419; almanaques 50 e outros 46.
São Paulo liderava em quantidade de jornais editados, com 69 diferentes jornais, e por esta data não registrou-se imprensa no Acre, então território, Rio Branco e Amapá.
Ressalte-se Diário de Pernambuco, o mais antigo jornal que se edita ininterrupetamente na América Latina e a Revista Ilustração de 1876, de Ângelo Agostini.
Meus senhores, em 1964, a realidade estatística era apresentada oficialmente pelo IBGE, tendo sido comprovada a existência de 227 periódicos em todo o Brasil, para uma tiragem de 2.606.471 exemplares, diários.
O Amazonas figurava com 4 periódicos, para uma tiragem de 19.800 exemplares.
Provocando as alterações sociais e políticas os órgãos da imprensa iam dando origem a outros jornais e revistas que usavam nomes sugestivos, hoje tidos como “impacto”. Assim, Líbero Badaró e celebre pela luta a frente do Observador Constitucional, que pedia a constitucionalização do país. Assim, a cada movimento político correspondiam inúmeros jornais novos e se justifica o aparecimento do primeiro jornal estudantil o OLINDENSE, em Pernambuco, datado de 1827, o primeiro jornal eleitoral, 1828, Ouro Preto, “O PERCURSOR DAS ELEIÇÕES”.
Ora, o que falamos tem prolongamento muito maior, pois, após o advento do Império, o jornalismo passa uma fase quase que estritamente cultural, até que, em 3 de dezembro de 1870, começa a circular – A REPÚBLICA, órgão do partido Republicano Brasileiro, tendo a frente, Quintino Bocaiúva, Aristides Lobo e Luis Barbosa da Silva. Iniciava-se com, ela uma nova fase do jornalismo no Brasil. Novo movimento político, novos órgãos de imprensa e também novos e grandes valores culturais. Joaquim Serra, aparece como o percusor da imprensa política moderna, além de Luiz Gama e José do Patrocínio que realizaram a campanha da abolição da escravatura. Esse movimento abolicionista leva para o jornal, os já intelectuais e inicia muitos outros, hoje grandes expoentes da literatura.
Machado de Assis, Coelho Neto, Aluízio Azevedo, Olavo Bilac, Euclides da Cunha, Rui Barbosa, Alphonsus Guimarães, bem fizeram do jornal, com inteligência, a defesa dos escravos.
Com a República, imediatamente só surgiu o Jornal do Brasil, 1891, cujo lançamento apresentou duas inovações: a distribuição feita em carroças e o grande número de correspondente estrangeiros, o que solidificou o sistema iniciado em 1877 quanto tivemos no corpo do “Jornal do Comércio”, transmitidos notas da primeira agência telegráfica instalada no Rio, desde 1874. As inovações maiores iriam aparecer em 1895, com o sistema de clicheria em zincografia e o aparecimento do primeiro prelo de origem italiana.
Em 1907, realizado primoroso trabalho, a GAZETA DE NOTÍCIAS inicia a publicação de fotos em cor, no papel acetinado. Surgem por essa mesma época, revistas que se transformam de literárias em femininas, como: O Malho, Fon Fon, Tico-Tico e A Careta. Temos a fase de transição da imprensa artesanal para a industrial.
O JORNAL DO BRAISL recebe as primeiras linotipos do Rio, máquinas de impressão a cores, e muda a apresentação passando para a primeira página, os pequenos anúncios, como faziam os órgãos da Europa.
Os homens de jornal, dirigentes, passam a empresária com mais vigor. A concorrência força alterações quase que radicais e grupos econômicos são formados para fazer prosperar a imprensa nacional. O público consumidor passa a ter preferências mais acentuadas. Vivíamos os primeiros anos de 1900.
O governo de Hermes da Fonseca provoca o caricaturismo em alta escala na esfera política, sendo de ressaltar aí A CARETA, com trabalhos da espécie, de J. CARLOS. Nasce o cheque entre jornalistas. Os dias eram outros. João Lage, apresentando-se como produto do jornalismo industrial defendia a situação, o governo, pelo jornal O PAÍS, e Lima Barreto, era o último e digno representante da imprensa artesanal.
Plínio Barreto revoluciona a partir de 1912 a imprensa nacional, principalmente a paulista onde o hoje conhecido ESTADÃO, já se impunha como um dos mais vendidos.
Revista dos Tribunais, A Cigarra, e o Parafuso, representam esse momento de acelerado desenvolvimento. Seis edições diárias saem das oficinas do JORNAL DO BRASIL por ocasião da revolta dos marinheiros, e 1912 marca o inicio também da fase esportiva nos jornais, quando o mesmo JORNAL DO BRASIL dedica uma página inteira ao esporte.
As mudanças iam acontecendo em ritmo acelerado. O progresso do jornalismo brasileiro se apresentava também com 3 grandes jornais e apenas duas grandes empresas. JORNAL DO BRASIL e JORNAL DO COMÉRCIO, e o CORREIO DA MANHÃ, que conseguia a preferência popular.
Surge a Ilustração Brasileira, revista de luxo, ilustrada por J. Carlos, já conhecido na A CARETA.
Entre muitas, duas figuras dominam esse período: Alcindo Guanabara e Paulo Barreto, até o aparecimento de Assis Chateaubriand, que compra O JORNAL e inicia o trabalho para a formação da grande cadeia que é hoje o grupo ASSOCIADO.
Pedro Cunha, Olival Costa, Oduvaldo Viana, Quadros Junior, Carlos de Lima Cavalcanti, José Eduardo de Macedo Soares, e Leopoldo Sant’Ana, são apenas alguns dos muitos nomes dessa época.
Carlos Malheiros Dias funda em 1928 a revista O CRUZEIRO em 1929, motivada por novo movimento político, que foi a candidatura de Getúlio Vargas, a imprensa se divide ficando formada por um lado, a chamada ALIANÇA LIBERAL.
Não só em razão do estado industrial, das empresas jornalísticas, como também pela ditadura imposta na ala política brasileira, os jornais e revistas de vida efêmera são raros, e muitos dos já quase fortes e empresas, são fechados, pela censura levada a efeito pelo governo.
O Correio da Noite, a Ofensiva, a Noite, são órgãos que desaparecem nessa época e marcam historicamente esse estado político contrário à liberdade de imprensa.
O desaparecimento de muitas revistas dá lugar a apenas uma – A MANCHETE, 1953, trazendo grandes contribuições a arte gráfica no Brasil. Paralelamente a ele temos, ATRIBUNA DA IMPRENSA, de CARLOS LACERDA e ULTIMA HORA, que realizou as primeiras tentativas de circulação nacional através das edições regionais.
Dois fatos entretanto marcam com profundidade a modernização técnica da imprensa no Brasil, nesta metade do século XX. As reformas do Diário Carioca, em 47/48 e do Jornal do Brasil, a partir de 1956.
A reformulação da linguagem jornalística, com a criação de um estilo direto e objetivo na narração dos fatos, a diagramação, o colunismo social, como se conhece hoje, a maior importância dada à fotografia, usada agora para informar e não só para ilustrar, fazem de seus autores, Pompeu de Souza e Luis Paulistano, novos grandes nomes do jornalismo nacional.
O uso de siglas, o resumo das notícias lançada na primeira página, uso mais freqüente da pontuação e acentuação, a retirada dos fios que separavam as notícias, titulação, que hoje exerce influência preponderante na vendagem; tudo isso levou o DIÁRIO CARIOCA, a lançar nacionalmente nomes como Carlos Branco, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Sérgio Porto, Otto Lara Resende e Vinícius de Morais.
O JORNAL DO BRASIL, no 3 junho de 1956 inicia sua reforma apresentando o Suplemento Dominical, redigido por Reinaldo Jardim, que lançou o movimento Concretista no Brasil. Amílcar de Castro entretanto é que iria revolucionar por completo a diagramação no Brasil. 1959 apresenta o JORNAL DO BRASIL, como o mais moderno, graças a Jânio de Freitas, Amílcar de Castro, Ferreira Gullar e Odilo Costa.
Hoje, mais modernamente, o susto que até então só tinha invadido os jornais, dominou as revistas ilustradas e a Editora Abril de São Paulo, se apresenta como uma das mais importantes, lançando obras de grande valor, que reafirmam o que dissemos quando definimos a revista como obra para servir a estudos mais acurados, obra para meditação sobre fatos mais substanciais, menos corriqueiros.
Se resumirmos a atuação da imprensa nos principais momentos de governo do país, veremos que na época colonial a imprensa era por demais controlada e os órgãos existentes, impressos na única casa, a oficial, sujeitos, portanto, ao crivo direto do governo.
Quando os redatores dos chamados órgãos neutralizados começaram a divergir da política governamental de D. João VI este suspendeu a vinda os periódicos para o Brasil, em 1818. neste período não temos nada que possamos dizer “imprensa brasileira”. Tínhamos somente o uso por brasileiros, da imprensa inglesa, e a imprensa portuguesa aqui e em Lisboa enaltecendo o governo.
Um órgão marca uma era diferente. O Diário do Rio de Janeiro, do português Zeferino Vito de Meireles, que era tão afastado das lides políticas que não noticiou a independência do país, e que, por esse estado de alienação aos problemas políticos conseguiu sobreviver por 67 anos. Dedicando-se pela primeira vez à defesa dos direitos e interesse da nação, apareceu o Diário Constitucional, em 1821, na Bahia que foi de imediato combatido por vários outros órgãos criados e sustentados pelo governo, realizando uma ação neutralizadora. Ao seu lado apenas ficavam o famoso “Revérbero Fluminense” e o “Correio do Rio de Janeiro” onde surgem João Soares Lisboa e Joaquim Gonçalves Ledo que terminou fugindo para Buenos Aires. O primeiro morreu na rebelião republicana da confederação do Equador.
Inicialmente na luta pela república só aparecem os jornais conservadores e sofriam a influência francesa divulgando romances em capítulos, uma prévia das novelas de nossos dias. A Guerra do Paraguai fez surgir nova época de jornais de vida rápida. Castro Alves e Rui Barbosa lançam jornais acadêmicos, “A REFORMA”, liberal e depois órgão republicano, tem em Joaquim Manuel de Macedo, Silveira Martins, Saldanha Marinho, Teófilo Otoni, seus maiores redatores.
Com a libertação dos escravos, os jornais falam já em libertar os brancos e neste movimento, o hoje ESTADÃO, ontem Província de São Paulo teve papel importante.
Passemos a examinar uma nova realidade.
O Jornalismo tem muito de ciência, de arte e está perdendo o que possuía de artesanato em razão do progresso geral.
Se examinado severamente o jornalismo não é ciência, pois seus princípios são dotados de condição transformável e pelas velhas noções, a ciência era imutável. Mas, o jornalismo é enfim, ciência, arte e artesanato, senão na essência, pelo menos o é no desenvolvimento e na expansão. É modernamente, uma técnica de comunicação.
A palavra jornalismo é interpretada normalmente como registro e apreciação de fatos que são do interesse geral. Por ele se tem transmitido, às vezes com exatidão e clareza com realismo os acontecimentos no grupo social.
É o principal instrumento da comunicação coletiva e como processo social e histórico espelha as épocas e suas culturas.
A variação de conceito, e entre nós hoje reunidos, muitos poderão ser colhidos, acontece por ser entendido diferentemente como comércio, mas, para a maioria, jornalismo é algo mais sério, que ultrapassando as barreiras da comercialização da palavra, está unido às aspirações de justiça, de desenvolvimento. É cultura de massa, que nesta época, da idade tecnológica, já não tem fronteiras a romper.
O jornalismo moderno é parte do complicado processo industrial e serve a uma sociedade que o consome e a na maioria das vezes, provoca a criação de uma empresa gigante, com maquinaria onerosa, pessoal especialmente treinado, mas que, de momento para outro, pode imprensá-lo numa discordância tal, que paralise o seu consumo. Há a queda da industria pela alteração de opinião que o povo reclama e que o órgão tem que seguir, muita vez, contra a própria situação política momentânea.
Onde há jornalismo, não se pode dizer que não existe liberdade, pois este, só se instala numa estrutura nacional de liberdade e responsabilidade, bases essas que lhe são autoridade de agir, mostrando, falando e escrevendo.
A limitação para a liberdade de informação prende-se a uma maneira de forçar a efetivação de uma cultura de massa que seja proveitosa para a orientação social e formação educacional do receptor.
Não é o jornalismo uma invenção. É o resultado do aperfeiçoamento social e histórico do homem. Precede a imprensa, pois há um jornalismo anterior ao chamado grafojornalismo, tão antigo este a que nos referimos, que se compra aos intercâmbios comunicativos do homem. Era porém o jornalismo sem grafismo, desprovido de racionalidade e especialidade, sem organização apesar de muito expressivo para o conhecimento de fatos hoje históricos, de épocas bem remotas.
Há um jornalismo, manuscrito, antes de forma impressa, simplesmente pela necessidade que sempre existiu, da comunicação alcançar maior número de pessoas, o que motivou, entre outros aspectos a criação da televisão.
O jornal, a conhecida forma-padrão de jornalismo é anterior à própria escrita, e a prova de sua existência está a.C. quando Júlio César determina que sejam publicados os atos do Senado romano, e os acontecimento mais importantes registrados em uma tábua branca – o álbum – exposta por todo o ano, no muro da residência do grande pontíricie.
Essas Atas romanas, possuíam pelo menos 3 características de jornal: a periodicidade, atualidade e a variedade.
Vejamos, caros cursistas, que desde a transmissão oral e simbólica dos fatos, até o moderno jornal, a cores, de nossos dias, vários outros tipos, como jograis, trovadores e menestréis, foram acontecendo progressivamente no desenvolvimento que assolando a humanidade encaminhou o homem aos mais aparentemente complicados processos de comunicação de massa, empregados nos dias de hoje, quando temos instalados os serviços da EMBRATEL.
Com o jornal epistolar preparando o nascimento da empresa jornalística, além de ser um jornal que apresentava o profissionalismo, e o sistema de assinaturas, temos nos séculos XVI e XVII, a responsabilidade histórica dos primeiros passos do jornal-empresa.
Quando verificamos a circulação da primeira gazeta em 1550, em Veneza, encontramos também a verdade de que estes são precedidos pelos conhecidos novelistas do século XIII.
Mas só a invenção da tipografia encerra o jornal manuscrito e marca realmente a revolução da imprensa. Desde a gravura em madeira sendo multiplicada em cópias – 1440-1460 até o alcance do primeiro livro impresso com caracteres móveis, a famosa Bíblia de 42 linhas, a que já nos referimos, tivemos momentos muitos, que a história não registra pela obscuridade e falta de informações.
O primeiro jornal impresso data de 1605, publicado semanalmente por Abrão e esta característica, a periodicidade dá uma maior categoria ao jornalismo e leva a uma fase comercial mais intensa provocada pelo habituidade de ler.
Acompanhando esta vitória, surgem os almanaques que pouco a pouco vão disseminando as folhas e os impressos esparsos que eram lançados.
Mas, não só pelo tema a que fomos convidados a abordar como pela realidade, temos que ver que Imprensa, que vai da colheita ao comentário de fato, não é somente jornalismo, é também livro, é a exteriorização de pensamento. Por isso, que se deve chamar a essa arte, técnica e ciência, como chama-se a Geografia, Pintura, Física, a Química, etc…
O jornal é uma publicação periódica vendida ao consumidor com relatos e comentários atualizados. Bastante oneroso em nossos dias, se compõe esquematicamente de 5 departamentos: redação, publicidade, administração, circulação e oficina. A redação, dividida em: várias secções, tem a responsabilidade de colhendo e preparando a notícia, fazer com ela motivo a compra de jornais. É ela a responsável pelo que se chama de sensacionalismo. O de Publicidade responde pela caracterização comercial em grande escala, pois que a venda ao consumo também diz da mercantilização do órgão. O de Administração, em razão do grande número de servidores, realiza o controle e preparo de mão de obra. O de Circulação fazendo as estatísticas de vendagem, consegue encontrar o gênero popular mais aceito e provoca a redação para que promova junto com a secção de diagramação, alterações na apresentação visual e textual do jornal. A oficina, realizando o trabalho gráfico, de impressão executa as tarefas que primariamente responderam sozinhas pela efetiva realização da comunicação pro jornal.
Em linhas gerais, cursistas, temos feita a distribuição e descrição das tarefas internas do jornal.
Da redação, passando pelo linitipista para a composição, para a paginação, estereotipia, impressão em rotativa até a saída do jornal dobrado, na esteira, que precede à venda nas bancas, temos o processo mecânico do que mais se consome na sociedade moderna.
Numa classificação de jornais temos: em linhas gerais: políticos, científicos, esportivos, religiosos e noticiosos gerais. Fala-se nos jornais de rádio, de televisão, cinema e os jornais luminosos.
A revista difere do jornal pela apresentação. O jornal são folhas e a revista é livro além da própria maneira de expressão que nesta perde a característica de ser dia-a-dia. A ilustração se apresenta em proporções na revista pela sua característica maior de meditação e por destinar-se a um estudo, e documentação de fatos que não são tão mutáveis como os que são apresentados no corre diário dos jornais.
Os jornais pelo rádio, cinema, televisão diferem apenas na forma material, no produto e no veículo, que no jornal puramente jornal são as máquinas de impressão e folhas esparsas, e naqueles as câmeras, microfones e a tela.
O jornal luminoso, modalidade quase contemporânea é quase que exclusivamente usado para fins de anúncios comerciais, e vemos hoje, nova industria, a das placas e anúncios, em acrílico luminoso provocando o povo, motivando a venda, sugestionando os compradores, e, agora pelo aspecto arte e cores, embelezando a cidade.
Com os progressos na arte de compor, imprimir redigir, fazer o jornal enfim, e em razão das exigências do mercado consumidor quanto a qualidade do produto jornalístico, a imprensa teve que passar para uma fase de industrialização da mão de obra, preparo técnico do pessoal que trabalhando nela, possa fazer vender mais, possa convencer o povo receptor, de sua melhor qualidade e maior informação. Entrando assim numa fase eminentemente técnica, desaparecendo o que de artístico-artesanal ainda nele existia, passa o jornal neste momento, a ser nova fonte de consumo de mão de obra especializada.
Formando essa mão de obra surge o curso universitário de comunicação social, surgem os cursos de comunicação humana e comunicação de massa. Forma-se o técnico, unido ao sentimento e ao sabor doutrinário e puramente cultural do jornalismo de outras épocas.
As escolas de jornalismo tiveram inicio nos EEUU e seu criador, Robert Lee foi seguido e imitado em outras partes do seu país, já que criara no Colégio de Washinton. Na Grã-Bretanha estudos de jornalismo eram feitos desde 1990, mas somente em 1920 foram iniciados cursos normais, na Universidade de Londres. Entre nós, sua criação é recente na Universidade do Brasil, no Rio de lá passando para várias outras, sendo bastante nova, entre nós amazonense.
Há o que chamamos de curiosidade jornalística que não são somente descobrir o 1º, o 2º jornais editados no Brasil, o mais antigo em circulação, mas sim, e isto é mais importante, a linguagem, a terminologia jornalística.
Fruto da boêmia dos jornalistas ela hoje é típica e atrativa, sem nada de profano e, para mostrarmos bem todos os termos usados internamente nos órgãos da imprensa precisaríamos de um anedotário dos mais volumosos.
O “foca”, nome que se dá ao principiante na profissão, tal como a denominação “calouro”, ao iniciante da escola. Talvez o acanhamento de que é possuído o que dá os primeiros passos no mundo atribulado da imprensa, justifique essa expressão cujo significado real se perdeu no tempo.
O “furto”, já bastante difundido é uma notícia dada em primeira mão, informação anterior a qualquer outra dos demais órgãos dando sempre origem ao “buraco” para uns e “áfrica” para o que conseguiu noticiar primeiro.
“Barriga”, dar uma notícia falsa, que compromete muito mais o jornal do que o furo. A exemplo diz-se que: levar um furo não é vergonha, passa, e assim como somos furados hoje, podemos furar amanhã, tudo depende do jeito, da inteligência ou da sorte. Mas uma “barriga” é coisa muito feia: compromete… tal como na mulher…”.
O “pastel” é mais termo tipográfico e representa baralhar letras, embrulhar frases ou tornar a nota ininteligível. Muitos e graves tem acontecido. A respeito conta-se que noticiando a chegada em uma reunião, do Imperador do Brasil, disse o jornal: “sua Majestade entrara apoiado em duas maletas”, e não muletas, pela contusão sofrida dias antes. Mandado emendar e corrigir no dia seguinte publicou-se que: Sua majestade entrara apoiado em duas mulatas”.
A PALAVRA E A IMAGEM: hoje unidas com mesma importância representam uma nova era na comunicação, na imprensa. O rádio, o cinema e principalmente a televisão vieram consolidar a invasão mundial da imagem. O rádio antecipa o sistema de seleções, forma uma prévia escolha entre todos que o ouvem. O cinema implantou nova imagem, em campo mais fértil, projeta os romances, e a vida real dos homens. A televisão veio consolidando esse sistema de imagens provocar maior preocupação aos educadores e psicólogos quanto à decadência mental do homem.
A imagem levado por esses órgãos de comunicação está matando a imaginação pura do homem e, os jornais sensacionalistas, ao lado de revistas desta mesma espécie cooperam nesse processo violento de degeneração. O pobre neandertal estão sendo punido pelo seu próprio progresso.
Das histórias em quadrinho, com sua origem em 1896, temos o primeiro passo da crise do livro, hoje mais profunda com as apostilas que tomam conta das escolas. Mas, a crise do livro na realidade é só um aspecto da crise da civilização, civilização que ele mesmo acelerou.
A imagem é, uma civilização da cor, no campo das artes.
O autor é último que aparece na história do livro, embora seja a sua provocação, e a noção de seus direitos, chamados autorais é bem nova. A Antiguidade ignorou-se completamente. Há neste período raras exceções, em Roma.
Com a concorrência entre editores surgiram os primeiros privilégios autorais. Depois da Renascença. Coube a Inglaterra, reconhecer por primeiro a propriedade literária, 11 de abril de 1709.
A natureza jurídica dos direitos autorais, embora aspecto recente, já perdeu muito do seu interesse. Deveria ser incluído entre os direitos de propriedade, idéia bastante apoiada no século XVIII. Hoje, propriedade intelectual apresenta ainda o direito inédito que não pode ser violado. A proteção desse direito é hoje estudado interiormente, em cada país, e tem sido alvo de convenções e normas internacionais.
O Diário Oficial do Estado, fundado no governo de Eduardo Ribeiro, foi instalado em prédio na avenida, Sete de Setembro e hoje, na Leonardo Malcher está equipado dentro das mais modernas técnicas e leva a efeito, na maioria das vezes, publicações culturais, pela baixa tabela de preços.
Muitas Revistas já circulavam em Manaus. Muitos folhetins, inclusive recentemente, quando o GRITO, O RADAR tentavam sobrevivência no mundo industrial da imprensa jornalística.
Jornais editados em árabe e muitos outros idiomas. Revistas comerciais, religiosas, anedóticas, femininas, de colunismo social, críticas, e políticas, têm existido em nossa terra e por esses órgãos, muito homens tem se destacado.
Trabalhos de raro valor foram deixados por Alcides Bahia, Domingos de Andrade, Araújo Filho, Domingos Teófilo de Carvalho Leal, J. B. Faria e Souza, Lopes Gonçalves, Monteiro de Souza, Silva Gayoso, Gaspar Guimarães, Taumaturgo Vaz, Lacínio Silva, Otavio Sarmento, João Barafunda, Vicente Reis, Coriolano Durand, Adelino Costa, Silvério Nery Correa Mendes, Pedro Guabiraba, Alberto Rangel, Antonio Bittencourt e mais recentemente, Aristophano Antony, Herculano Castro e Costa, conhecido como o mais irreverente de todas as épocas, porém de valor. Representa exatamente a transição para o atual momento da imprensa em nossa Manaus.
A organização das associações da Imprensa, do Sindicato, marcam época numa nova estrutura que se instalou com o trabalho de Aristophano, Huscar de Figueredo, Vicente Reis, seguidos por Barahuana, o Genesino e muitos atuais homens de valor que se destacando na imprensa amazonense produzem peças determinadas de uma nova mentalidade social. Nova era também na imprensa amazonense.
Tempo houve, e parece que ainda perdura por alguns órgãos, em que tivemos o chamado jornalismo de pressão, em todo Brasil e entrem nós, muito evidenciado na esfera política, e por outras cidades, com maior expressão pela caricatura.
Seria o jornalismo de Manaus de ontem, arte gratuita, sem opinião, sem tese, disparando a distancia da literatura. Havia mais romance, mais poesia, mais fidelidade de vocabulário no jornalismo do passado. Mais elegância no parafrasear de ontem. Mais cultura no corpo redacional e colaboradores daqueles jornais?
Havia é bem verdade, como em todos os outros setores de atividade pelo não aparecimento ainda aquela época de movimentos considerados modernistas, na literatura, nas artes, no jornalismo. Mesmo as mudanças, alterações de linguagem, mais o estilo mais elegante no tratar da permanente como que indicando uma educação européia acurada a par das influências pelo teatro que se desenvolveria com muita freqüência e em valores igualmente brilhantes e permanentes, no palco do Teatro Amazonas.
Mas o que se chama de progresso na esfera do jornalismo, da imprensa de modo geral acreditamos ter alcançado nossos órgãos, na estrutura operacional das oficinas, mas, recebida de modo diferente na esfera redacional.
O próprio Jornal do Comércio, órgão associado e que teve na sua direção, após Vicente Reis, muitos valores, recentemente o incansável Barahuana, hoje se transforma na apresentação, no noticiário, no linguajar, mas se perde no ostracismo das colaborações culturais, publicando, e apenas aos domingos mostra resumidos artigos de renomados estudiosos da terra. Ainda assim é o que mais de filia aos interesses culturais das associações amazonenses.
O JORNAL é bom que se diga, já dedicou também aos domingos, páginas inteiras à ACADEMIA DE LETRAS, ao Clube Mário de Andrade, ao da Madrugada, mas, o de um momento para outro cedeu lugar também ao noticiário internacional e omiti-se na maioria das suas edições, na publicação de trabalhos de nossos intelectuais.
A Critica, e com isso estamos realizando apenas um trabalho sério, encarando a realidade como se apresenta, hoje disputando colocações especiais na opinião pública, apresenta-se com moderno equipamento e corpo de trabalho dos mais bem formados, mas não dá importância a publicações culturais. Noticiando apenas os acontecimentos de todo o mundo de maneira ilustrada e na segunda colocação numa classificação de jornal de conduta ainda elegante.
A NOTÍCIA, tentando reeditar um jornalismo de tempos outros do passado político, embora que com roupagem nova, realiza esse trabalho dentro de uma linha até certo ponto violenta, porém sempre real, dando, lugar especial ao que o povo gosta de consumir. Mercantilizada, deve ter pela continuidade desse trabalho, uma equipe dedicada ao que em administração chamamos de retoralimentação, sistema que cobrindo as falhas anteriores, faz uma análise da realidade de produção e bom recebimento do trabalho até então realizado.
Alinha no seu corpo redacional, alguns nomes já vividos no jornalismo local, e como os outros órgãos, executa a tarefa mais difícil, contentar a massa, sem se preocupar entretanto com um alinhamento diplomático na sua maneira de dizer e mostrar a realidade. O cruismo do jornalismo atual, está evidenciado na verdade que conta A NOTÍCIA.
Mostrando a realidade que no fundo está dentro de nós, e diante de todos, os nossos jornais fazem com que essa época seja vivida em razão das Agências telegráficas, dos satélites que informam diretamente os acontecimentos mundiais. Há, entretanto, uma outra situação a ser mostrada.
Teremos perdido, todos os valores do romance, da poesia, da arte jornalística. Novos e mais recentes intelectuais não produzem nada digno de nota nos jornais em circulação? São os “acadêmicos” de hoje não mais produtores da ficção que merece ser publicada nos periódicos? Os poetas de hoje seguem o norteio da poesia moderna e nada fazem de prosa artística. Perdura entre eles, com mais vigor do que em outros tempos a instintiva oposição ao jornalismo?
Há a falta de movimentos políticos que motivem novos jornais e reanimem a esses. A obra de arte de nossos dias será a que se encara assim, quando produz resultados imediatos.
Há uma realidade que precisa ser mostrada com mais evidencia. O bom estilo de reportagem, a concatenação, estão decaindo a cada passagem de ano, ou caminhando por novos rumos, que só a geração futura, agora em primeiros passos, poderá recebê-la com tranqüilidade.
Novos Euclides da Cunha não surgirão em nossos dias. Ele, o grande repórter que o eternizou a Campanha de Canudos apresenta a todos, já por muitos e muitos anos, com todas as características de reportagem no sentido mais autentico das palavras, páginas brilhantes do jornalismo brasileiro, publicando pedaços de OS SERTÕES.
Realmente, senhores cursistas, as produções literárias para os jornais, vêm decaindo cada vez mais. Os valores existem. Os mais idosos, pelo cansaço que a atribulação do progresso lhes trouxe rapidamente, limitam-se a pequenas reuniões nas associações e algumas vezes, fazer publicar algumas colunas sobre fatos históricos e algumas vezes comemorados. Os novos, acadêmicos agora ingressados, presos a outras atividades pouca atenção vem dando à momentos que precisavam ser narrados com autenticidade, elegância e arte, os bem mais novos, ainda no conflito de geração, de há muito existente, mais agora, muito mais forte.
A maleabilidade da palavra deixa por demais à vontade os homens de jornal de nossos dias que estão produzir, com pouco valor cultural, no que consideramos de alto nível, um jornal entregue a fatos do dia-a-dia sem orçamento literário.
A apatia dos intelectuais, a investigação do aceite comercial do jornal tem provocado, juntas, essa situação.
As reformas sociais de modo geral têm recebido a carga da responsabilidade desses acontecimentos. O estado atual da maioria dos jovens, desligados de qualquer noção do cumprimento as regras que mesmo chamadas de “tabus” precisam continuar vivendo, e agora, quase afogados nos levam a crer no aumento desse estado apático.
A linguagem para o homem é como um utensílio que lhe dá vida, morrendo a boa linguagem, desaparecerá a vida, pelo menos valiosa do homem.
Os estudiosos de nossa história no amanhã servirão maiores dificuldades do que sentimos hoje, para realizarmos estudos sérios sobre fatos de nossa época, em razão da maior falha que acontece na imprensa quanto aos comentários sobre fatos de hoje e que influenciarão o amanhã amazonense.
Seremos culpados, todos nós, das fracas produções históricas do amanhã, sobre o hoje que realizarmos inadvertidamente.
Particularmente o jornalismo entre nós teve inicio em 1851 com o jornal CINCO DE SETEMBRO, que após a elevação à Categoria de Província passou a ter a denominação de Estrela do Amazonas do qual o ilustre Dr. Mário Jorge Couto Lopes tem alguns exemplares.
Um nome deve ser reverenciado nestes primeiros dias do jornalismo amazonense. Manoel Silva Ramos que deixou duas relíquias, o jornalismo, e Bernardo Ramos, seu filho, e fundador desta e outras casas de cultura.
Nomeado Fiscal da Câmara Municipal, função à época das mais relevantes exerceu ele a chefia dessa fiscalização com grande expressão. Aparelhou a tipografia trazida de Belém e em 3 de maio de 1851, fez circular o CINCO DE SETEMBRO que foi realmente o primeiro periódico aqui impresso, embora tenha havido uma série de outros que por aqui circulavam, como circulavam no Rio, impressos de Lisboa.
Em 1857, o Estrela do Amazonas passa à direção de Francisco José da Silva Ramos, irmão de Manoel. Em seguida apareceram muitos outros, destacando-se o “Vigilante”, segundo aqui editado, 1859, o Catequista, 1860, o Progressista, 1862. Todos que iam surgindo, muitos de raras edições representavam como em todo o Brasil momentos políticos e usavam nomes sugestivos e anedóticos. Existiu um Jornal do Comércio, em 1869 que logo desapareceu, mas A CONSTITUIÇÃO, O LIBERAL, A EVOLUÇÃO, TRIBUNA DO POVO, enfim muitos e muitos órgãos de imprensa, dedicados a notícias gerais, enfocando somente aspectos religiosos, e outros puramente comerciais, apareceram em nosso Estado, e o que se tem notícia está neste sodalício, no seu arquivo de jornais e no catálogo que J. B. Faria e Souza deixou, para os que estudam nossa história como um legado dos mais valiosos.
Há detalhes que merecem ser enfocados, na história da imprensa amazonense que se deveria procurar editar. Desde 1881 a maior parte de nossos jornais lutava pela abolição da escravatura, e em 1882, O AMAZONAS, publicava numa de suas edições, logo a abaixo do cabeçalho, um aviso, em caixa alta: “os redatores desse jornal não, possuem um só escravo”. Esse movimento levantado pela imprensa amazonense conduziu à abolição em 1884, em nossa então província.
Pela República, e após seu advento, incendiou-se as oficinas do jornal “QUO VADIS”, um dos aqui reacionários, cujo exemplares, muitos deles, estão em nossos arquivos.
O mais antigo ainda em circulação, é o JORNAL DO COMÉRCIO, fundado por Rocha dos Santos, em 2 de janeiro de 1904 e passou a ser dirigido por Vicente Reis, tendo sido depois adquirido pelos Diários Associados, já reuniu em seus quadros diretivos, nomes importantes das nossas letras. Dos que hoje ainda circulam, temos o JORNAL e DIÁRIO DA TARDE da empresa fundado por Henriques Archer Pinto, em 1931, um matutino e outro vespertino. A CRÍTICA, de Umberto Calderaro disputa com a Notícia, o mais novo, o primeiro lugar em circulação.
No trabalho de libertação dos escravos no Amazonas, o papel da imprensa foi brilhante. Pelos órgãos já existentes com por outros criados especialmente, como O ABOLICIONISTA AMAZONENSE, semanário, com seu o primeiro número datado de 4 de maio de 1884 que declarava: a Província do Amazonas é a cúpula do mundo novo”. A partir do segundo número, já como propriedade maçônica, com a Loja, Amazonas e a Sociedade Libertadora 25 de março” tomando para si a luta pela abolição do cativeiro em nossa terra.
Não era simplesmente divulgando que a imprensa lutava pela libertação dos escravos em nosso meio. Formou duas inscrições o Livro de Ouro, para os que libertassem os escravos e o LIVRO NEGRO para os refratários.
Na propaganda republicana, no Amazonas, como em todo o território, a imprensa atuou de modo expressivo. O Clube Republicano aqui criado em junho de 1889 fazia propaganda pelo “Jornal do Amazonas” que apoiado pelos chefes políticos, como o Dr. Domingos Teófilo de Carvalho Leal, depois membro da junta governativa dirigente dos primeiros momentos políticos da república em nossa terra, até a chegada do Ten. Ximenos de Villeroy, e Bernardo Ramos, realiza um trabalho de informação sugestionando e sacudindo, a opinião pública.
Enfim, em todos os momentos em que chamada a colaborar ou em que sente ela mesma a necessidade de difundir uma causa justa, honesta, nacional, a imprensa amazonense tem sabido cumprir com o dever de dar ao povo, ciência dos fatos que interessam, como realmente aconteceram.
Os periódicos que por aqui se estabeleceram durante todo o correr desses anos – 1851 até nossos dias, embora que alguns deles, momentaneamente envolvidos por situações políticas, econômicas e de opinião pessoal de seus dirigentes, tem sido, exemplo na imprensa nacional.
As alterações industriais por que passaram os órgãos de todo o país tem chegado aqui, agora, com mais rapidez e muitas vezes, em primeira mão, como se vivêssemos uma nova época da importação de grupos artísticos e culturais diretamente da Europa, como se estivéssemos, em nova época da borracha.
A mecânica moderna, a linguagem, diagramação também atual, fazem de todos os nossos periódicos de hoje um laboratório para o curso universitário que agora também possuímos.
A comunicação como arte e como ciência tem sido levada a efeito em nossa Manaus, pela imprensa, que sem estar afogada no desprestígio popular, consegue surpreender o instituto criado para conhecer a opinião pública, e demonstrando o grande número de consumidores, adianta; como veredicto comercial também o de que a evolução cultural não parou, mesmo porque não pode parar, pois é processo sociológico, e reafirma a evolução da consciência regional comunicada em massa, pela imprensa.
A arte, a técnica, a ciência, a estória, o sensacionalismo, o mundanismo, colunismo social, astrologia, notas, notícias e fatos consomem minutos e muitas vezes horas, do público receptor amazonense.
Mescladas, a arte, na diagramação e o sensacionalismo na titulação, fazem de alguns diários nossos no aspecto mercantil, obras de colorido novo e consumo imediato.