A ADESÃO DO AMAZONAS À INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Palestra para estudantes do Patronato Santa Terezinha, em 13 de novembro de 1973.
Robério Braga
“Juro aos Santos Evangelhos em que ponho as minha mãos, obediência e fidelidade à S. Majestade Imperial o senhor D. Pedro I e aos seus sucessores, observar e fazer observar todos os decretos e leis existentes, manter e defender a independência do Reino, até derramar todo o meu sangue”.
Caras estudantes: – com estas palavras, no 22 de novembro de 1823, que se vai comemorar a 24 deste no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, o povo e a Câmara de Serpa, reunida em Manaus, prestava o juramento de fidelidade ao Imperador, dando lugar ao que hoje comemoramos como Adesão à Independência do Reino. Com estas mesmas palavras, iniciávamos em 5 deste mesmo mês, pelo governo do Estado, nas rádios de Manaus, uma modesta palestra, em nome do Instituto Histórico.
Várias são as datas que comemoramos com simplicidade neste nosso encontro, primeiro, e que muito me honra e muito mais me dá de trazer luzes de conhecimentos. Que seja ele, o encontro de todos nós nesta sala, o que fortifique o laço de íntima compreensão por que ela e a crença, mais que a língua e o sangue enrijecem a argamassa social de futuro da nossa gente dando passos largos e estáveis, ao progresso desenvolvimentista que invade todos os quadrantes da terra brasileira.
O Nove de Novembro cujas comemorações sesquicentenárias ainda se fazem sentir por todo o vale amazônico teve o seu momento centenário festejado em 1923 com destaque para Arthur Reis e Álvaro Maia. Arthur Reis, em agosto daquele ano alertava pelos jornais da época, o governo, as entidades culturais e o povo, do grande dia que chegava. Álvaro Maia proferiu, encerrando aqueles festejos, no Teatro Amazonas, em nome de uma mocidade que hoje representamos, a sua famosa Canção de Fé e Esperança que ainda ressoa pelas florestas, vilas e cidades, debatendo-se agora nas altas e fortes colunas de cimento que são erguidas em nossa cidade, mas, sempre e por todo o sempre, encontrando observância, e , gratidão o que ele mais queria, resposta pelo trabalho, pela boa vontade, pela paciência e pela razão equilibrada que unidos, todos, geram o progresso do espírito humano.
A ponderação tem presidido sempre, e graças a Deus, as decisões políticas dos amazonenses. No Pará, á época, província do Grão-Pará, de onde emanavam as ordens para a cidade da Barra, suas outras vilas, e onde estagnavam sempre as correspondências para cá dirigidas e que traziam como para aquela sede, muito boas novas que encaminhavam o Brasil para a independência e que por conseguinte, o Amazonas, pelo lógico, para a Província, o que seria uma independência regional, do jugo paraense, jugo que embora entre brasileiros, era violento e cruel.
De 7 de setembro de 1822 a notícia do fato heróico acontecido em Ypiranga, riacho, viajou por todo o território e só chegou aos amazonense no Nove de Novembro, quando o povo nas ruas, livre, crédulo e altivo dava vivas à Independência do Reino, e à elevação do Amazonas à Província.
Feita a elevação por iniciativa do povo e apoio das personalidades influentes na vida da cidade, tivemos a constituição de uma Junta Governativa para dirigir a Província, toda ela formada exclusivamente de brasileiros, presidida por Bonifácio João de Azevedo, rico e culto filho de Barcelos a qual cuidou jurando fidelidade, no 22 de novembro, mandou que todas as outras cidades e vilas também o fizessem, na forma em que aqui realizaram. No 23, foi eleito oficialmente e tomou posse no dia 24 de novembro de 1823.
Pouco duraria esta situação que para nós amazonenses, parecia estável, embora irregular para o Império do Brasil que se organizava, e, principalmente incomoda para a província do Pará que sofreria, com isso, declínios financeiros. A situação entre nós não era de crescimento e estabilidade. A cidade ressentia-se das seguidas quedas das pequenas indústrias e da lavoura, em razão do êxodo populacional.
Voltando humilde à condição de não província, o Amazonas teve seus filhos, lutadores bravos pela causa da elevação o que chegou a influenciar brasileiros de outras terras que por aqui andavam. Constantes memoriais eram enviados à corte. Muitos sacrifícios, pedidos, relatórios, e vários ilustres homens públicos e religiosos, conseguiram no 5 de setembro de 1850, a regular elevação à província.
A Adesão, estudiosos estudantes, é marco histórico eternizado na lembrança que passa de geração a geração e perpetuado está no antigo largo da Trincheira, depois chamado de Praça de Tamandaré e modernamente, desde 1923, Nove de Novembro. Cercada pelos edifícios novos do IAPETEC, e dos Estivadores, da Administração do Porto de Manaus, constratados por antiga residência, hoje da família Gonçalves, mas, com o mesmo chão, terra firme que ouviu as palavras de Bonifácio João de Azevedo, em 1823 de Arthur Reis no Centenário do governador João Walter, nesta festa de sesquicentenário e que ouvirá, bem o sabemos de muitos outros, hinos de glória e gratidão históricas. Pedaço de chão eterno como as águas pretas da bacia que lhe defrontam e trazem a brisa que encaminhou caravelas, barcos e canoas, para o 1823, que comemoramos, que recebe navios de grande calado para o 1973, alimentando a Zona Franca.
A Proclamação da República, ocorrida a 15 de novembro de 1889 foi conseqüência do abalo que sofreu a monarquia com a questão religiosa, questão militar e a abolição da escravatura.
Com a chegada de Deodoro do Rio Grande os militares se reuniram a conspirar, sós, a princípio, depois, de braços dados e fortalecidos com os civis.
A palavra, pela sua propaganda intensa, inteligente que se fez por todo o território, e a espada fizeram a República que hoje também comemoramos.
Uma verdade que atravessa os tempos a qual cremos que mesmo com o cuidado com que todos vocês estudam os fatos que fizeram a história do Brasil, seja desconhecido, por minúcia à qual poucos, historiadores a ele se reportam.
Mas a verdade, é que D. Pedro era amado e a deposição da monarquia estando ele no trono, sucedeu como imprevisto. Isto dedeuz-se do que diz o chefe do Partido Republicano, Saldanha Marinho:
“Meus sentimentos de puro republicanismo não me impedem de afirmar que o Brasil, na quadra mais difícil de sua organização política, lhe devem grandes serviços; eu desejaria vê-lo presidente da República Brasileira se não temesse que, mais uma vez, iludido, causasse à pátria e a si próprio maiores infortúnios. Homem honesto, que no exílio vale, para mim ao menos, mais do que se ainda ocupasse o trono”.
A repercursão por todas as partes do mundo da derrubada de D. Pedro, e da carta de Joaquim Saldanha Marinho, transcritas em muitos jornais e revistas, foi das maiores, e muitos vultos ilustres outras paragens também manifestaram sua saudade e respeito pela queda da monarquia, muito mais, pelo bom e justo homem que quedava com ela.
Partidos Republicanos, jornais, revistas, folhetos específicos eram criados e divulgavam incessantemente os ideais republicanos. Poetas, musicistas se manifestavam incendiando a alma e o patriotismo de todo o povo. Fazer vibrar o sentimento de pura nacionalidade, provocaram, o estado geral, do povo, forças armadas e grupos culturais responsáveis pelo acontecimento de 15 de novembro de 1889, final de uma época política, marco inicial, da tradicional República.
Marechal Deodoro da Fonseca, o mesmo que apoiava o trono e que do lado do Imperador ficou na grave situação das questões militares, compreendeu, naqueles primeiros quinze dias de novembro, que era chegada a hora, de mudar o regime, não havia mais salvação possível para a Pátria e para o Exército com as instituições que vigiam a época e assim falava ele ao tenente coronel Jacques Ourique:
“A República virá com sangue, se não formos ao seu encontro sem derramá-lo”.
Na nossa história 1889 foi um ano agitado para a vida nacional e marca a extinção do regime monárquico e o surgimento do novo regime, hoje tradicional forma, da República.
Por todo o ano as situações se sucediam e renovavam, mais o caminho a seguir se descortinava com mais firmeza já nos fins de setembro.
A adoção de novos moldes políticos governamentais, na manhã do 5 de novembro, assinala o fim da jornada heróica de todos os brasileiros.
Há um movimento que precisa ser revisto, embora que neste momento, sem peculiaridades históricas, mas enfeites literários, movimento este que muito contribuiu para o desenvolvimento econômico do Brasil, surgimento de folclore e aspectos místicos de crenças d’além mundo descoberto por Colombo. Movimentos que escreveu socialmente, páginas tristes pelo suor negro, sangue quente e vermelho do negro escravo. Movimento histórico e por seu mártires, heróico. Movimento que acontecia mesmo enquanto Salomão no esplendor da sabedoria, promulgava sentenças que viriam pasmar a posteridade de milênios corridos e compunha a maravilha do cântico dos cânticos; enquanto Homero esculpia a própria imortalidade com as magnificências da Ilíada e Sócrates formulava em lições e primor de um sistema Filosófico; enquanto Cícero deslumbrava o “Fórum” com cintilações de eloqüência e Fidias assembrava o orbe com pertences de escultura; enquanto se erigiam salpicando o mundo de grandezas, o templo de Jerusalém, as pirâmides do Egito, o Coliseu de Roma, enquanto o homem recompunha a ciência e sublimava a arte para espantar o futuro com as fulgurações de uma e outra; enquanto assim de mil figura de Caliban e das toscas cavernas da natureza tão requintados espécimes humanos e tão primorosos documentos artísticos.
Vencemos, e o braço escravo fraquejou como tal, e conosco hasteou a bandeira da liberdade das raças, credos e fortaleceu-se e engrandeceu a pátria e aos homens todos da humanidade.
No manifesto de junho de 89, Saldanha Marinho clamava:
“Sim ou não pela Monarquia. O paço ou o povo. O conde D’EU ou a liberdade; a indignidade ou o amor da Pátria”.
A Redentora, como passou a ser chamada Isabel de Orleans, já quando assinou a Lei Áurea, indagava a Cotegipe em 88: Ganhei ou não? dele ouviu, em tom respeitoso mais brincalhão, – Ganhou a partida, mas perdeu o trono. Em 88, ainda, o marido lhe dizia: Não assine Isabel; é o fim da monarquia, e dela, ouviu: Assiná-lo-ei, Gaston. Se agora não o fizer, talvez nunca mais tenhamos oportunidade tão propícia.
A República se implantou em poucas horas e em paz, sob o pasmo da passividade da população, incapaz de compreender por que baniam o velho e manso Imperador. Aristides Lobo pintou a impressão que o povo lhe ofereceu pelo advento da República:
“O povo assistiu àquilo bestializado, atônico, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma parada”.
Acabava a monarquia, D. Pedro II e o 3º Reinado cavou seu fim, antes mesmo de começar legalmente.
Isabel, partindo do Brasil, pelo banimento imposto pelos chefes do novo regime, que chegava sem sangue, como queria Deodoro, escreveu uma despedida:
“É com o coração partido de dor que me afasto de meus amigos, de todos os brasileiros e do país que tanto amei, amo, para cuja felicidade esforcei-me para contribuir e pela qual continuarei a fazer os mais ardentes votos”.
A hora de ir para bordo, passando pela mesa de Séveres, na qual havia assinado a Lei que libertou os escravos, parou pensativa e disse:
“Se nos expulsam, a mim e a minha família, pelo que assinei aqui, respostas as coisas como dantes, hoje eu tornaria a escrever o meu nome sem vacilação. À André Rebouças, voluntariamente exilado com a família Imperial, diria em conversa franca, na qual ele reclamava da injustiça à dedicação que ela sempre teve, é verdade doutor. Mas se ainda um escravo existisse em terra do meu Brasil, eu providenciaria para que o libertassem”.
Era despreendimento, idealismo, solidariedade humana, armas mesmas que fizeram a República, pela mão de brasileiros sóbrios.
Tendo a manhã de 15 de novembro, às 8 horas, grande barulho invadia as ruas e já estava o barão de Ladário, por descarga de uma escolta de cavalaria que acompanhava o tenente Pena que deu ao barão, voz de prisão, quando se dirigia, de carro, ao quartel general, e tentou reagir, contra o oficial.
Um batalhão, sem ordem, sem músicos, caminhava pelo meio da rua, entre os militares, vários civis de arma no ombro. Vinham da rua do Conde para a Visconde do Rio Branco, passando pelo Campo de Santa-Ana, próximo ao quartel dos Bombeiros. Chegando bem próximo à rua dos Inválidos, dobrou à esquerda, indo em direção ao Museu Nacional, que seguindo sempre em frente, alcançou a Câmara Municipal, em cujas varandas havia muita gente e hasteado estava uma bandeira de listas verdes e listas amarelas. Pouco antes, ali mesmo, José do Patrocínio havia proclamado a República, e aquela, era a nossa bandeira.
O Imperador foi chamado de Petrópolis e detido no paço da cidade e as justificativas à época, para a pressa e o silêncio com que as coisas aconteceram, é de que o major Sólon precipitara os acontecimentos, espalhando no dia 14, que o visconde de Ouro Preto mandara prender Benjamin Constant. Mais tarde, semelhante invenção foi considerada como hábil estratagema de guerra.
Às 15 horas, (3 da tarde), um grupo de soldados de artilharia, saindo da rua do Ouvidor e atravessando o Largo de São Francisco, foi a rua Luiz de Camões conter um bêbado, soldado que montado sobre um canhão, em frente a farmácia Tibau, que com o boné na mão esquerda e uma garrafa na direita, dava vivas, com voz rouca e língua grossa, à República.
Muitas outras cenas devem ter acontecido por todo esse dia no Rio, mas seria enfadonho relatarmos aqui, todos os fatos, minuciosamente, ainda que interessante fosse.
O dia 16 ainda foi de ambiente pesado em todo o Rio, e já as notícias corriam léguas, e chegavam às outras partes do Brasil.
O 9º Regimento de Artilharia se havia rebelado, em São Cristóvão, na noite de quinze, e já agora, calmas as situações, até os bombeiros, usavam e marcavam sentinela.
No dia 17, a maior nota foi a deportação do Imperador e de sua família, com 5.000 contos para sua instalação na Europa. O Imperador não tocou na mensagem que lhe foi entregue, embora a princípio, para desmoralizá-lo, se tivesse dito ao contrário.
No dia 18, ainda detido, o Imperador esteve incomunicável. Nesta noite, apenas uma luz tênue era recebida na janela do Imperador como se lá estivesse uma câmara mortuária e só Raul Pompéia, da janela de um hotel fronteiro iria presenciar como estranho, ao embarque do Imperador que se fez às 2 horas da madrugada.
Estas as minúcias que achamos necessárias para ilustrar os vossos dedicados estudos sobre nossa História.
Outra data festejada é a de 19 de novembro, consagrada à Bandeira Nacional e, nada mais justo que seja incluída alguma referência a ela e a seu dia, nestas palavras moças que dirigimos a todos vós, jovens na vida, mas antigas no patrimônio que do berço e no sangue de todos filhos desta terra de Santa Cruz.
Os povos mais antigos, também tiveram bandeiras e já na história santa encontramos as bandeiras como símbolo das tribos israelitas. Os egípcios galhardeavam as suas festas, com bandeiras onde representavam a imagem dos seus deuses ou simbolizavam os seus príncipes.
Os gregos já as usaram acrescentando letras do alfabeto e os romanos bordavam minotouros e outros animais fantásticos.
Hoje, todos os povos tem perpetuado nas suas bandeiras, o símbolo vivo da pátria. Muitos fazem inscrições símbolo, da filosofia política, econômica, desenvolvimentista de país de seu povo.
No Brasil, também desde muito existindo, a Bandeira, na República, foi regulamentada de forma a permanecerem as cores já existentes antes do novo regime, porque representava ela, as vitórias gloriosas do exército e da armada, e considerando também que as cores simbolizam a perpertuidade e integridade da pátria, fazendo apenas, uma nova distribuição e novo desenho.
Para tanto, há Decreto de governo provisório da República, datado de 19 de novembro de 1889, assinale por Deodoro, Quintino Bocaiúva, Aristides Lobo, Ruy Barbosa, Campos Salles, Benjamin Constant e Eduardo Wandenkolk.
O decreto referido foi alvo de várias considerações públicas, pelos órgãos de imprensa da época, e em 24 de novembro de 1889 justificava a organização nova, dada á bandeira e a fórmula “ordem e progresso”, sugerida pelo conselheiro Ruy, ministro da Fazenda.
Há aspectos técnicos astronômicos a serem considerados e bastante discutidos, a época, na bandeira criada pelo governo que iniciou a nova era política para o Brasil, e, sabe-se que, entre os digladiadores de considerações especificamente técnicas, temos o dr. Prado, e Teixeira Mendes, além de L. Cruls, mas, sempre as estrelas, que desde o antigo Egito, pela Sirius, anunciava o transbordamento do Nilo e deram origem aos 365 dias do ano, vem tendo importância na história da Bandeira Nacional.
A Bandeira Nacional tem sido e o será por sempre, tremulando pelos céus da terra brasileira toda, nos mastros pequenos das embarcações da nossa Amazônia, nos topos gigantes dos transatlânticos; nas baionetas, em plena luta; ao sol de verão na capital da República onde permanentemente está gigantesca e bela, o símbolo maior do céu que nos cobre e protege, ilumina e fulgura; das matas verdejantes a jorrar toda dos minérios que brotem das águas, rolam dos barrancos, surgem do subsolo, estouram nas minas, tudo enfim, em perfeita ordem, para o alcance do progresso maior, como previram seus idealizadores, e que nos assistem, como continuadores do hoje, da obra que com luta, ardor e sacrifício conseguiram legar a outros, a nós e muitos mais futuros filhos da terra-mão, Brasil.
Admirá-la com amor e fazê-la cada dia mais trêmula de ardor patriótico, e forte pelo progresso da terra, é dever de honra de todos nós.
Caridosas irmãs, carinhosas estudantes.
Não conhecer o que se passou no mundo antes de nós é permanecer na infância, no dizer de Cícero, e nós, cremos, que agora, pelo muito que antes conhecíamos de nossa história, acrescido do pouco de contribuição que pudemos trazer a todos pacientes no ouvir, podemos partir em ritmo mais acelerado para o conhecimento mais profundo, de nossos fatos históricos, minucioso até, por ser, creiam todos, deveras interessante. Esperamos ter alertado os que dormiam no deleite do estudo somente em classe pela ministração das aulas de História do Brasil, fazendo com que eles partam para a pesquisa mais acurada que revelará quanto valiosos é nosso passado.
Somos grandes pelo Brasil, que é grande, grande no seu início, grande no seu envolver, grande nas suas idéias, progresso, um composto enfim de grandezas e que será ainda maior na amplidão dos séculos provindouros, mas que, muito dessa grandeza, conhecemos apenas na expressão gramática.
O Direito, sustentado na Justiça, na Liberdade que se prega, desenvolve no país; o amor e a democracia que no sangue nosso, bem demonstram a brasilidade do brasileiro, formam os alicerces de nossa história, e o continuísmo disto tudo, acontece, embora alguns contestam no ontem, no hoje, e como acontecerá no sempre, porque os descontentes existem e feridos na sua descontência, proclamam feridas as justezas políticas de qualquer governo. Estejamos todos tranqüilos na certeza de não sermos nós os poucos descontentes, mas os muitos que trabalham e acreditam no Brasil.
Jovens somos todos herdeiros de preciosos legados que devemos nos orgulhar e pesando a responsabilidade que o presente por si só deposita em nossos ombros, cultivar o carinho, a honestidade e as qualidades generosas de nossos avós, desenvolvendo as energias do corpo e sublimando as da alma, não vacilante em conservar e ampliar o patrimônio fulgurante que caracteriza nossa nacionalidade, porque amanhã como hoje, todos precisamos de bons exemplos; da lição dos mortos na vereda do bem: precisamos de estímulos para preservamos na virtude e não descrermos do porvir; precisamos de alentos, porque já temos sede de justiça, ouvindo Theodoro Sampaio.
Agora sou grato porque como Castro Alves: uma noite sonhei que, em minha vida, Deus acendia a estrela prometida, que leva os Reis ao berço da ventura, mas, em nenhuma noite sonhei enquanto bem seria recebido e ouvido nesta casa de Educação.
Por fim, um conselho aos que incentivo dei com as palavras de pesquisa histórica; que seja a de que entre as excelsas qualidades que muito recomendam o historiador no conceito público, nenhum o eleva mais, do que o respeito a verdade na apreciação dos fatos a transmitir à posteridade. Este um lema de que jamais se devem afastar e que saibam, norteia meus estudos, minha vida.
Façam dela prumo para o timão pesado pelas agruras que a surpresa trazida pelo futuro sempre nos apresenta e a vida vossa toda, será do prumo o exemplo mais correto.
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