Cópia do Dicionário Blake (vol.1)
Filho de Raymundo de Figueiredo Tenreiro e de dona Thereza Joaquina Aranha, ambos de família ilustre, nasceu na vila de Barcelos, no Pará, a 4 de setembro de 1769, e faleceu a 11 de maio de 1811.
Ainda criança, com sete anos de idade, viu-se orfão de pai e mãe, e entregue a um tutor, que deu-lhe apenas a instrução primária e ia acomodá-lo na lavoura, quando o menino, então com 12 anos, procurou seu padrinho o arcipreste e vigário geral José Monteiro de Noronha, qeu dele tomou conta, e de combinação com o juiz respectivo o recolheu ao convento de Santo Antonio. Ali estudou Bento Tenreiro todas as aulas secundárias, não podendo, como era seu desejo, ir para a Universidade de Coimbra por lhe serem sequestrados pela fazenda real todos os bens que herdara de seu avô.
Nomeado alferes milicias e diretor dos índios de Oeiras, foi mais tarde nomeado capitão de caçadores e escrivão da nova alfandega, lugar – de que foi exonerado por caluminas e perseguições, de que foi vítima, pelo simples fato de ser amigo particular do juiz de fóra Luiz Joaquim Frota de Almeida, qeu com o bispo e o governador vivia em discordia. O conde dos Arcos, porém, inteirado, quando assumiu o governo, da injustiça, que sofrera Bento Tenreiro, deu-lhe o lugar de escrivão da mesa grande do Pará, no qual foi confirmado pelo prinícpe regente, Dom João. Litterato e poeta, escreveu muitas composições, das quais publicou algumas e as outras deixou manuscritas. Delas posso mencionar:
– Melizo: idyllio feito ao ilustríssimo senhor Martinho de Souza e Albuquerque, governador e capitão general do estado do Pará. Lisboa, 1789, 10 pags. in-4º.
– Ode horaciana ao governador e capitão general Martinho de Souza e Albuquerque – “onde, diz seu biografo o cônego Januario da Cunha Barboza, a gratidão, de mãos dadas com a verdade, expressa louvores em sublime frase”.
– Soneto á promoção do ilustríssimo e excelentíssimo senhor dom Francisco de Souza Coitinho, governador e capitão general do Pará, a capitão de guerra por decreto de 15 de fevereiro de 1793 – Saiu avulso sem indicação do lugar e ano.
– Oração ou breve discurso feito por ocasião do felicíssimo nascimento da sereníssima princesa, dona Maria Izabel, infanta de Portugal. Lisboa, 1807, 26 pags. in-4º.
– Soneto a mamelluca Maria Barbara, casada com um soldado do regimento de Macapá, a qual preferiu a morte ao adultério, a que vil assassino queria forçá-la no caminho da ponte do Marco – Vem com sua biografia na Revista trimestral do instituto, n’outras revistas, e obras como o livro Brasileiras celebres.
– Obras poeticas de Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha que ao senhor Dom Pedro II. Imperador do Brasil, dedica e consagra João Baptista de Figueiredo Tenreiro Aranha. Pará, 1850 – Desta publicação posthuma, feita por um filho do autor, transcreveu o Visconde de Porto Seguro no seu Florilegio da poesia brasileira as seguintes:
– Ode ao general Manoel da Gama Lobo de Almeida – No tomo 3º, pags. 7 a 20.
– Ode ao senhor João de Mello Lobo, quando naufragou nos baixos da Tijuca ao entrar no Pará – Idem, pags. 20 a 22. Deste autor acham-se ainda inéditos:
– Dramas, idyllios, odes e outras composições poéticas, discursos alegorias dramáticas.