1862.
Manaus vivia os primeiros anos com o nome dos fiéis da tribo originária de seu povo, era pacata, modesta, pouco mais que uma vila como as demais do interior amazônico, quando apareceu para diversão popular, o Cosmorama.
Pelo que se tem notícia da imprensa da capital amazonense, tal divertimento começou nos fins do ano de 1862, possivelmente com a chegada do ourives Cesário José de Mesquita.. Em 19 de novembro pode-se ver o anúncio comercial do Novo Cosmorama- com muito bonitas vistas, a 500 r$ a entrada, para a demonstração a ser feita no dia 20 de novembro de 1862, na rua Formoza, casa onde morou o alferes Galvão, que foi o primeiro professor de música da barra do Rio Negro.Na ocasião poderiam ser vistas imagens especiais da praça do Palácio e do Porto do Maranhão, Savoia no inverno, Grande Cidade de Roma, Caçada em Fontainebleau, entrada de S. Majestade a Rainha de Inglaterra em Paris, J.J.Russeau dando uma lição de Botânica a Ermeville. O espetáculo começava às 7.30 horas da noite, conforme o reclame fazia questão de frisar.
Junto estava o anúncio do ourives Cesário José de Mesquita & Cia, que chegara pelo vapor Ycamiaba, consertando relógios, caixas de música, realejos, e trabalhando com sua oficina na mesma casa em que funcionava o Cosmorama.
Para o sábado, dia 22, e domingo 23, outro anúncio dava conta de que seriam mostrados o palácio de Cristal em Nova Yorque, o mercado na Suíça, a Cidade de Viena, o porto de Marseille, a cidade de Havana, o castelo de Sant Cloude, a entrada da cidade de Lisboa, o porto de Alexandria, o porto de Suíça, registros da expedição de Napoleão III ao Báltico, vista geral de Milão, da cidade de Madri. Ao mesmo tempo anunciava que o divertimento passaria também a acontecer as quartas e sábados, todas as semanas.
Na semana seguinte anunciava-se a demonstração da Vista das cidades do Porto, de Bordeaux, de Alicante, de Toulon, de Grenade, da praça da Concórdia, de Nápoles, de Lisboa, de Tlemcem, do Imperador Napoleão III, e ainda as vistas dos campos Elísios e do castelo de Versailles. Na outra semana foram apresentadas vistas das cidades de Genova, Nova Yorque, Londres, Sacramento na Califórnia, Hamburgo, Versailles, Paris, Havre, Tulherias, Rússia, Sevilha, Florença, Chamony. Na semana seguinte seria possível ver Milão, a tomada da Torre de Malacof, o Congresso de Paris,o Palácio da Indústria, as cidades de Bruxelas, Fribourg, Lousanne, o castelo das Tulherias. Semanas depois era anunciada a apresentação da vista geral de Berna, Niagara, Barcelona, Anconer, Amsterdam, e o interior da igreja Magdalena, em Paris.
Era uma série de vistas que podiam ser observadas por instrumentos óticos de ampliação, e ao mesmo tempo o lugar onde elas estavam expostas, ou ainda, o aparelho com que poderiam ser observadas.
Para os dicionários mais clássicos, como o Antonio Morais, de 1877, editado em Lisboa, era uma espécie de ótica onde se vê uma vasta extensão do país e uma multidão de objetos, ou ainda, uma série de quadros representando cidades, edifícios notáveis, vistos por vidros que aumentam as proporções, e debaixo da luz que favorecem o efeito da perspectiva. A palavra tem origem em kosmos, que significa mundo e horama, que significa vista.
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