Nasceu em 9 de novembro de 1858,na rua da palma, depois rua de Saldanha marinho, em Manaus e falecido a 5 de fevereiro de 1931, no Rio de Janeiro. Foram seus pais Manoel da Silva Ramos (fundador da imprensa de Manaus) e Dona Jesuina Maria de Azevedo da Silva Ramos. Funcionário, peleógrafo, escritor e comerciante. “Fez seus estudos na Capital amazonense, tendo ficado órfão de pai muito cedo. Sendo como era, de uma família pobre, precisou trabalhar. Menino ainda foi chamado a exercer sua atividade no Correio local, quando este só possuia um emprego, passando a “corporação” a ter dois servidores. Contando já 21 anos de idade, deixa o serviço postal e passa a trabalhar como amanauense, na Comissão de Limites Brasil-Venezuela, chefiada pelo Barão de Parima, em 1879. Fazia parte da entidade o Capitão Gregório Thaumaturgo de Azevedo. Foi um soldado ilustre, trabalhador, competente; mas neurastênico e explosivo. Não havia navegação a vapor para Boa Vista do Rio Branco, hoje, Roraima, sede do acampamento da Comissão. O jovem Bernardo Ramos, é, em Manaus, encarregado de comandar a diligência’ que ia conduzir alimentos e dinheiro para os demarcadores e pessoal. Sabia dos perigos das cachoeiras de Carauarí, que a possante igarité ia transpor, perto do final da viagem de muitos dias. E, mais perigoso ainda, um provável assalto da guarnição aquele dinheiro, fato que tinha seus precedentes. Que fazer para evitá-lo? Bernardo, apesar de inexperiente, usa de um ardil: enrola as cédulas, mete-as em dois pequenos garrafões empalhados, completando o conteúdo com cavadinha. Depois, lacra-os, ligando-os por um forte cordel. Para a gente de bordo, quase todos caboclos amazonense, alí estava uma carga desinteressante. A embarcação, no vértice das águas do Rio Branco, ao vencer o último trecho da cidade cachoeira, sossobra não muito longe de Boa Vista. Os tripulante salvam-se a nado, alcançando a margem mais próxima. O chefe da expedição apanha com a mão esquerda, os garrafõesinhos e, com a direita, nada para terra. A jusante, a igarité vazia, flutua e encosta. Os náufragos vão buscá-la e, desarvorados, prosseguem viagem, chegando afinal ao seu término, em plena manhã de sol, depois de haverem remado a noite inteira. A bisonha cidadezinha já estava desperta. Chega Thumaturgo de Azevedo, irritado pela demora, no barranco do porto, e antes da troca de saudações, grita nervoso: “já sei, fingiram um naufrágio, para ficarem com o dinheiro”. Ao que prontamente retruca altivo, Bernardo Ramos erguendo e mostrando os objetos que salvara: “Não sr. Capitão, era mais fácil perder a vida do que este dinheiro que trago aqui!” Bernardo Ramos deu um raro exemplo de coragem, admiração e honestidade D. Pedro II foi informado desse episódio e, para premiar o gesto heróico, enviou-lhe um galardão que o agraciado, delicadamente, recusou, declarando que havia apenas cumprido seu dever de homem e de brasileiro, mas, no íntimo, por ser verdadeiro republicano. Trata-se de um cidadão de convicções políticas muito claras, adiantadas e destemerosas. Nunca foi na onda dos aproveitadores e oportunistas, como provam inúmeras atividade, tendo sido um dos fundadores do “Clube Republicano do Amazonas”. A frente do movimento republicano, foi signatário do veemente “Manifesto” lançado pelo Clube, em agosto de 1889, quando o Conde d’Eu, Principe Imperial esteve em Manaus, recebendo as homenagens tributada pelos madatários da Província, fazendo-lhe conhecer os sentimentos democráticos e republicanos dos seus componentes. Proclamada a República, Bernardo Ramos é eleito Intendente Municipal de Manaus. Ao estabelecer os vencimentos dos Intendentes, a Câmara Municipal, o edil Bernardo Ramos propõe que a função seja sem remuneração, pois não se trata de um empreço, mas uma prestação de serviços ao povo, que os tinha honrado com sua confiança. A proposição foi rejeita, mas, o proponente administrou a Cidade sem receber proventos, conforme declara as seus pares na Câmara. Fez-se comerciantes em Manaus no primeiro decênio do presente século, proprietário da casa de modas “A Noiva”, situada na esquina da Avenida 7 de Setembro com a Joaquim Sarmento. Como representante do Brasil, esteve presente na Exposição Universal realizada em Bruxelas, em 1910. Naquela grande certame internacional foi distinguido, sendo escolhido para compor o juri da promoção, no posto de 2º Vice-presidente, missão que cumpriu o com dignidade e honradez. Homem de grande empreendimentos, viajou pela Europa e Oriente Médio, percorrendo a Palestina e o Egito. Estudou monumentos e linguas antigas, como o hebreu, o fenício e o sânscrito. Tomou inúmeras notas e desenvolveu a sua valiosa Coleção de Numismática que organizou e, mais tarde apresentou na Exposição Nacional que festejou o 4º Cetenário do Descobrimento do Brasil, em 1900, no Rio de Janeiro, em cujo certame a Coleção foi considerada a 1ª do Brasil e, na época a 4ª do Mundo. Nessa ocasião o Governo da União ofereceu-lhe pelo rico Conjunto Numismático a importância de quatrocentos mil reis a vista, e mais o cargo de Diretor vitalício do Museu. Bernardo Ramos, preferiu mais uma vez servir a sua terra natal, preferindo vendê-la ao Governo do Estado pela importância de trezentos mil reis, pagos em suaves parcelas. Pensou com este gesto de abnegação à sua terra, que o Estado iria dar o mesmo valor e dedicação que ele dera a sua relíquia, inclusive aumentando – lhe os valores. Ficou frustrado ao vê-la abandonada. Fundou a Associação dos Proprietários de Manaus, de que foi presidente por vários anos. Dos grandes empreendimento de Bernardo Ramos, vale salientar a fundação do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, sodalício que até hoje reune os espoentes da cultura amazonese e oferece subsídios eficientes para o desenvolvimento cultural da terra onde nascera. Esta realização fê-la com a participação não menos ativa de Agnello Bittencourt e Vivaldo Palma Lima, outros abnegados servos da cultura amazonense. Dos trabalhos que resultou de pesquisas científicas a que se dedicou, aos legados da pré-história da América, principalmente do Amazonas, deixou escrita uma obra monumental: “Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica”, em dois grandes volumes, repletos de figuras.
Casou-se em 15 de agosto de 1894 com Euthalia Lopes Barroso. Foi 1 secertario do Clube Repoublicano fundado em Manaus em 19 de junho de 1889.
Ver a respeito a obra Um Caboclo Amazônico, de Julião e Mario Ramos, edição goerno do Estado, 1966.
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