Trata-se de um dos mais importantes artistas brasileiros que, mesmo não sendo amazonense , merece registro neste Dicionário, pelas constantes visitas que fez a Manaus e pela existência de um importante acervo referencial de sua obra na Pinacoteca do Amazonas
Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo, nascido em Areia, na Paraíba em 3 de agosto de 1854, filho de Daniel Eduardo de Figueredo e Feliciana Cirne. Seus pais e avós eram músicos de conhecidas habilidades. Estudou o curso primário e latim no seu lugar de nascimento, seguindo depois para a capital onde matriculou-se no Liceu da Província e em 1868 estava no Rio de Janeiro acompanhado de seu irmão, o reconhecido artista Pedro Américo de Figueiredo, recém chegado da Europa e laureado em concurso com o qual obteve a cadeira de professor de desenho figurado na Academia de Belas Artes. Trabalhou na Paraíba, Rio de Janeiro e Pernambuco, e chegou a estudar em Florença, e colaborou para jornais e revistas como a Comédia Social, A Semana Ilustrada, A Vida Fluminense.
Em 1884 transferiu-se definitivamente para o Rio de Janeiro onde casou-se com Paulina Capanema, filha de Guilherme Schuch de Capanema, o barão de Capanema, com quem teve quatro filhos. Neste mesmo ano expôs 25 quadros na capital do Império.
Em 1888 veio a Manaus, atendendo convite do dr. Joaquim Cardoso de Andrade, presidente da Província, exatamente para contratar a execução do retrato à óleo da Princesa Isabel e o quadro comemorativo da redenção do Amazonas que, nos primeiros anos da República esteve exposto no quartel do Regimento Militar. Na ocasião, havendo grave pendenga entre o governo do Pará e o artista Domenico de Angelis sobre a pintura decorativa do Teatro da Paz, atendendo convite do presidente Miguel Pernambuco, serviu de árbitro para dirimir as questões.
Voltou a Manaus em 1907,e aqui esteve possivelmente nos meses de março e abril, quando foi homenageado com importante artigo de Cardoso Vieira na revista “A Ordem”, editada pela maçonaria amazonense, ocasião em que realizou exposição de 46 trabalhos no Grupo Escolar Silvério Nery, atual sede da Faculdade de Direito da Universidade do Amazonas, na praça de Torquato Tapajós, sob as benesses do governador Antônio Constantino Nery. Na passagem por Belém do Pará consta ter feito uma breve exposição e contratado o quadro sobre a Adesão do Pará ao regime republicano brasileiro.
Os registros da revista maçônica dão o tom da importante visita, “…. A sociedade (…) apreciou e aplaudiu os elevados méritos do nosso ilustre hóspede, que, animado por mais um merecido êxito no meio das injustiças comuns à vida dos grandes homens, irá, com a perseverança que o distingue, a fé que o enaltece e o gênio que o dirige, aumentar as suas glórias artísticas, ao lado dos imortais…..”
De sua passagem por Manaus restam no salão da diretoria do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas duas de suas importantes telas, exatamente as de Sua Majestade o Imperador D. Pedro II e da Princesa Isabel que recolhi e ali depositei com segurança; o prestigiado trabalho que registra a libertação dos escravos, posto em local de honra nos altos da Biblioteca Pública; o estudo do último baile da ilha Fiscal que, acervo da Pinacoteca Pública esteve em depósito por alguns anos no Instituto Histórico e o belo trabalho intitulado “Banho de Ceci ”, estes últimos já restaurados pelo ateliê da Secretaria da Cultura e Turismo, instalado no Centro de Artes Chaminé e que tive a honra e o privilégio de instalar e fazer funcionar com regularidade, treinando pessoal especializado e estimulando o idealismo de muitos jovens.
Esteve em Manaus para nova exposição, aberta às 13 hortas, de 17 de fevereiro de 1910, aberta até o dia 27 do mesmo mês, foi realizada no salão da biblioteca Pública. Foram quadros a óleo, representando paisagens da Alemanha onde ele havia residido desde 1907 a 1909. No convite veiculado pela imprensa o artista deixava clara a intenção da exposição,
Previno em tempo que não venho oferecer primores à contemplac
Ao do iluystrado público, tanto mais que a despretenciosa coleçoa que eora submeto a sua esclarecida apreciação é insiginificante em numero e nula em valor intrínseco, mas ainda assim consiero de tanto alcance para a formação e educação do gosto nacional, o espetáculo continuo das belas artes que ano hesito em realizar a presente exposição certo de que ninguém poderá ac usar , com jutiça, de haver deste modo prestaod um mau serviço à futura granbdeza artisitca desta porçoa da aptria brasileira.
Motivando a preencá da colônia alea residente em Manaus o autor dava-se por agradecido ao governador Antonio Bittencourt, a imprensa e aos que o fossem ver.
De sua bibliografia como romancista e poeta, podem ser destacados os seguintes trabalhos : O Missionário, romance, (1889); Projeto de Reforma no ensino das artes plásticas apresentado ao Ministro do Interior pelos cidadãos Montenegro Cordeiro e Aurélio Figueiredo, Rio (1890); Lágrima rerum, (1908), em homenagem a Carlos Gomes.
Faleceu no Rio de Janeiro em 9 de abril de 1916.
ARQUIVO NOVO PARA CONFERÊNCIA
AURÉLIO DE FIGUEREDO EM MANAUS
ROBÉRIO BRAGA
A grande paixão pela Amazônia movia, como ainda move, cientistas, escritores, poetas, artistas, políticos nacionais e estrangeiros. Aurélio Figueredo curvou-se também a esta grandiosidade, visitando Manaus e deparando-se com a natureza esfuziante e bela de suas cercanias.
Francisco Aurélio Figueredo, nascido em Areia, na Paraíba, em agosto de 1954, estudou no Liceu da capital e já em 1868 estava no Rio de Janeiro, ao lado de seu famoso irmão Pedro Américo de Figueredo, reconhecido artista plástico, então recém chegado da Europa. Laureado em concurso, para logo obter a cadeira de Desenho e figurado na Academia de Belas Artes.
Com o retorno do irmão para a Europa, Aurélio segue viagem a Paraíba para retornar ao Rio em 1870, matriculando-se na Academia de Belas Artes, sendo premiado ao final com a requisitada Medalha de Ouro da escola, entregue pelo Imperador D. Pedro II.
Passou a contribuir na imprensa com obras de desenho, em a Comédia Social, A Semana Ilustrada, A Vida Fluminense, enquanto seu irmão executava na Europa, o famoso “A Batalha de Avahy”.
Desiludido com aceno imperial em mandar-lhe para Europa às custas dos cofres reais, pouco depois foi a Florença, estudando na Academia de Belas Artes lado do irmão, nela formando-se.
Voltando, residiu em Pernambuco, por dois anos, desenhando para o jornal humorístico “Diabo a quatro”, dirigido por Souza Pinto e Aníbal Falcão, colaborando também em O Democrata, jornal abolicionista e republicano.
Em 1884 estava com residência definitiva no Rio de Janeiro, casando-se com Paulina Capanema, filha do Barão de Capanema, com quem teve quatro filhos, ano em que expôs 25 quadros, depois expostos em Montivideu e Buenos Aires, escrevendo no retor, ao passar recolhimento de 15 dias no Lazaredo da Ilha da Madeira, o romance O Missionário premiado depois pelo Correio do Povo, no Rio, em banca composta por Machado de Assis, Silvio Romero e Aluízio Azevedo.
Em 1884 veio a Manaus, atendendo convite dr. Joaquim Cardoso de Andrade, governador interior da Província, para contratar a execução do retrato a óleo da Princesa Isabel D’Eu, o quadro comemorativo da Redenção do Amazonas, exposto no Quartel do Regimento Militar do Estado.
De passagem contribuiu na solução impasse do governo do Pará e Domenico de Angelis, ao tempo do governador Miguel Pernambuco sobre a pintura decorativa do Teatro da Paz, onde fez uma exposição recebendo encomenda para produção de quadro sobre a Adesão do Pará à forma republicana em nova vista, em torno de 1906.
Aqui esteve em 1907, possivelmente pelos meses de março e abril, merecendo importante artigo na revista A Ordem, editada sob a responsabilidade da Maçonaria local, da lavra de Cardoso Vieira.