Visitou Manaus em 2 de janeiro de 1881, viajando a bordo do vapor “Javary D. Antônio de Macêdo Costa, Bispo da Diocese do Para e Amazonas. Na oportunidade visitou o Solimões.
Cópia do Dicionário Blake (vol.1)
Bispo do Pará – Nasceu na província da Bahia a 7 de agosto de 1830, sendo seu pai José Joaquim de Macedo Costa, proprietário de engenho no termo de Maragogipe.
Nascido e educado no seio de uma família eminentemente católica, muito criança votou-se ao estado sacerdotal; começou seus estudos no seminário da Bahia e foi concluir-os no de S. Sulpicio, na França, em cuja igreja paroquial recebeu as ordens de presbitero, qeu lhe foram conferidas pelo arcebispo Marlot a 19 de dezembro de 1855, e dali partindo para Roma, fez o curso e recebeu o grau de doutor em direito canonico, entretanto sempre relações de amizade com diversos cardeais qeu lhe reconheciam a grande ilustração e raras virtudes, de que é dotado.
Já na França vultos das ciências o haviam distinguido como tal. Um desses, perguntando uma vez ao bacharel Antonio Pinto da Rocha, talentoso jovem bahiano, qeu, sendo juiz na Bahia, foi para a campanha do Paraguai, como voluntário, e lá morreu – si conhecia o padre Macedo Costas, e tendo resposta afirmativa, disse-lhe: “Este padre deve ser bispo no Brasil”. E efetivamente, apenas de volta ao Brasil, foi eleito em Petropolis a 22 de abril pelo internuncio apostólico.
Foi segunda vez á Roma por ocasião do último concilio convocado por Pio IX, no qual foi o único bispo brasileiro que tomou a palavras, expremindo-se com sua babitual e admiravel eloquencia. Infelizmente suas idéias religiosas, excessivamente exageradas, o levaram a tomar parte ativíssima no conflito religioso de 1873 a 1875, pelo que foi responsabilisado de conformidade com a legislação do país, condenado pelo supremo tribunal de justiça no art. 96 do código criminal, a quatro anos de prisão, e recolhido á fortaleza da Ilha das Cobras, d’onde tirou-o, poucos meses depois, o perdão da corôa.
Grande literato, eximio teologo e também poeta, Antônio de Macedo Costa possue virtudes que o constituem uma das glórias do nosso clero, e do país. Há bem pouco tempo, a seu respeito escreveu um ilustre viajane americano, Herbert Smith: “O atual bispo do Pará é um daqueles homens que deve permanecer como marco miliário na história da igreja. Puro em sua vida, soube rodear-se de um grupo de jovens sacerdotes, que procuram igualar os sacrificios e virtudes dos primeiros missionários jesuitas. “É do conselho de sua majestade o Imperador, prelado, assistente do sólio pontificio, e escreveu:
– Pio IX, pontifice e rei: exame das principais objeções sobre o poder temporal. Bahia, 1860.
– Carta pastoral por ocasião de sua entrada na diocese no 1º de agosto de 1861. Pará, 1861, 14 pgs. in-4º.
– Instrução pastoral contra o protestantismo, prevenindo os fiéis contra a propaganda, que se tem feito na diocese, de biblias falsificadas e outros opusculos hereticos. Pará, 1861 – Esta obra foi refutada por um dos sacerdotes protestantes do Rio de Janeiro.
– Memória apresentada a sua majestade o Imperador acerca do decreto n. 3073 de 22 de abril último (1863), que uniformisa os estudos das cadeiras dos seminários episcopais, subsidiados pelo Estado do Pará, 1863, 30 pags. in-4º.
– Resposta ao exm. sr. ministro do império acerda da questão dos seminários. Pará, 1864, 18 pags. in-4º.
– As ordens religiosas julgadas pelos escritores protestantes: breve resposta a favor destas ordens. Belém, 1864, 26 pags. in-4º – A publicação desta obra, motivada por um discurso pronunciado na camara dos deputados pelo doutor Pedro Luiz Pereira de Souza, fez que surgissem na imprensa do Rio de Janeiro diversos escritos, quer pugnado pelas suas idéias, quer as contrariando.
– Carta pastoral mostrando a missão religiosa do clero e invocando a caridade publica em favor da alma da educação. Pará, 1865, 8 pags. in-4º.
– Instrução pastoral sobre a enciclica de 8 de dezembro último e o jubileu universal concedido pelo santissimo padre Pio IX, no corrente ano. Pará, 1865, 41 pags. in-4º.
– A resistência dos bispos, as suspensões extra-judiciais e os recursos á corôa: questões canonicas. Pará, 1866.
– Ofício ao exm. sr. ministro do império, indicando várias medidas importantes. Pará, 1866, 22 pags. in-4º.
– Carta pastoral sobre a unificação da Itália. Pará, 1867 – O bispo combate em sua pastoral a unificação da Itália.
– Carta pastoral dirigida a seus diocesanos por ocasiões de sua volta da cidade de Roma. Rio de Janeiro, 1867, 38 pags. in-8º.
– Notícia biografica do finado bispo de Pernambuco D. Francisco Cardoso Ayres, extraída de vários documentos. Roma, 1870, 36 pags. in-4º.
– Discurso recitado no ato solene da inauguração da sociedade promotora da instrução pública, no dia 24 de setembro de 1871. Pará, 1871, 16 pags. in-4º.
– Discurso pronunciado na solene inauguração da biblioteca pública, fundada na mesma província a 25 de março de 1871, 90 pags. in-4º.
– Carta pastoral publicando as constituições dogmaticas do sacrosanto concílio geral do Vaticano. S. Luiz do Maranhão 1871, 90 pags. in-4º.
– Carta pastoral premunindo seus diocesanos contra os erros de um papel espalhado ultimamente na diocese sob o título de Protesto do partido liberal. Belém, 1872, 63 pags. in-4º.
– Instrução pastoral sobre a maçonaria, considerada sob o aspecto moral, religioso e social. Belém, 1873, 131 pags. in-4º – Terceira edição. Rio de Janeiro, 1874, 103 pags. in-8º.
– A maçonaria em oposição á moral, á Igreja e ao Estado: pastoral. Recife, 1873, 72 pags. in-8º gr.
– Carta do bispo do Pará acompanhada ao bispo de Olinda na medida que tomou em relação á maçonaria – Saiu no Apostolo de 9 de março de 1873.
– Carta do senador Ambrosio Leitão da Cunha. Recife, 1873, 16 pags. in-4º.
– Carta pastoral explicando a razão do atual conflito. Rio de Janeiro, 1873, 55 pags. in-8º – Foi publicada primeiramente no Pará.
– Resumo da história biblica ou narrativa do velho e novo testamento ás famílias brasileiras. New-York, 1872 – Esta obra foi aprovada por todos os bispos da Suissa, muitos da França e da Itália.
– Direito contra o direito ou o estado sobre tudo: refutação da doutrina dos políticos na questão religiosa, seguida da resposta ao supremo tribunal de justiça. Rio de Janeiro, 1874, 274 pags. in-8º – Esta obra motivou a publicação de alguns artigos na imprensa diária, e teve nova edição, Porto, 1875, 266 pags. in-8º Apareceu depois, contestando-a “O Brasil e a curia romana ou análise e refutação do Direito contra o direito de ser d. Antonio de Macedo Costas, bispo do Pará, pelo canonista. Rio de Janeiro, 1876”. (Veja-se Joaquim do Monte Carmello).
– Carta pastoral publicando o jubileu em sua diocese, no ano de 1875, data de sua prisão na Ilha das Cobras. Rio de Janeiro, 1875.
– O christianismo e o progresso. Lisboa, 1875.
– Deveres da família – Tinha com este título um opusculo do sábio e virtuoso prelado e não sei si o perdi ou confiei a alguém que deixou de restituir-no.
– Resposta do bispo do Pará a seus acusadores na camara dos deputados. Belém do Pará, 1879, 77 pags. in-4º – Neste volume justifica-se o autor de diversas acusações que sofrera, como: de entender que não deve sujeição ao governo, não é subordinado á constituição e ás leis do país; de promover uma conflagração em sua diocese; de infligir a lei provincial que manda fazer-se a procissão de Corpus Christi; de não querer colar vigários, etc.
– Compendio da civilidade christã, oferecido às famílias e ás escolas brasileiras. Pará, 1880 – Neste livro, de 250 páginas, o autor procura conciliar as regras de civilidade com as da religião.
– Carta pastoral aos habitantes de Belém, 1882 – Refere-se a agressões deploraveis do povo paraense contra a assembléia por uma questão de trilhos urbanos nos dias 16 e 17 de outubro.
– O Amazonas e os meios de desenvolver a sua civilização: conferência feita em Manáos a 21 de março. Pará, 1883.
D. Antônio de Macedo Costa tem publicado outras pastorais em sua diocese e ainda estudante de preparatorios na Bahia escreveu diversas poesias no periodico Noticiador Catholico, ao lado das de seu pai (veja-se José Joaquim de Macedo Costa) e também artigos em prosa.