As relações Brasil e Alemanha, com repercussão no Amazonas têm ligação com a política de governo do Segundo Império brasileiro, vínculos diversos daqueles que tivemos com a França e a Inglaterra.
Hamburgo tinha atenções voltadas para a América Latina e especialmente o Brasil. Os alemães queriam café, açúcar e tudo que o Brasil pudesse oferecer, e em troca ofereciam produtos industriais, pagando as diferenças em moeda corrente. Por isso já em 1822 a Câmara de Comércio de Hamburgo registrava excelentes condições de comércio com o Brasil.
Já em 1844, em viagem de Miguel Calmon – Visconde de Abrantes a Alemanha para tratar de assuntos comerciais e de cunho alfandegário, o Brasil sinalizava no sentido de estabelecer relações comerciais mais próximas. Possivelmente as relações diplomáticas com a Inglaterra, Holanda e França não eram, já naqueles anos, tão convidativas ao Brasil e embora a missão não tenha alcançado sucesso quando se encerrou em outubro de 1846, ficou registrado somente o interesse de curiosidade da Alemanha sobre as coisas do Brasil.
A sedução francesa sempre foi grande, reduzindo as possibilidades de uso da língua alemã, senão entre os filhos ou descendentes diretos da Alemanha. O que sobressai são as relações comerciais, certo porque a partir de 1870 a Alemanha assumia posição firme de concorrência com a Inglaterra, e o Brasil era campo propício para tais investidas.
A ação de unificação política teuta, o desenvolvimento da marinha mercante alemã, deu novos contornos a estas relações. Em 1871 era possível ver vapores com o nome de Hamburgo pelo Atlântico Sul. Em 1876 estendeu navegação para o Brasil o Norddeutscher Lloyd, fundado em Bremen, pelo cônsul H.H.Meyer, em 1857.
Os comerciantes alemães instalavam-se no Brasil com regularidade. Assim foi em vários lugares como Pernambuco, Santos, Rio de Janeiro, Sergipe, São Paulo, Bahia, ao mesmo tempo em que começava a chegar ao Brasil linho de Bielefeld, artigos de algodão de Augsburgo, musselina, rendas e roupas femininas de St. Gall.
Em Manaus, quando da primeira guerra mundial (1914-18), eram comerciantes na nossa praça, Waldemar Scholz, Max Holdun, Phelippe Schlee. E as firmas Ohliger & Cia, G. Deffner & Cia, Semper & Cia.
Foi um laboratório alemão que examinou a primeira partida de gutta-percha brasileira, enviada pela Associação Comercial do Amazonas, juntamente com um laboratório francês, permitindo que logo depois, em janeiro de 1923, partisse de Manaus a primeira exportação no navio Tamaris, para a Inglaterra.
Berringer, da firma Berringer & Cia era o representante da colônia alemã em Manaus quando em 1924 faleceu o dr Theodoro Kch Grunberg, antropólogo alemão que há anos estudava a vida amazônico e faleceu na selva.
O timbó, cuja comercialização foi incentivada no Amazonas passou a ter interesse comercial pelo decênio de 1931 a 1940, a partir do interesse manifestado pelo cientista, medico e botânico alemão N. Schimidt, de Wiesbaden, que examinou as raízes do vegetal para usá-lo como inseticida para as pragas da lavoura. O interesse local foi manifestado pela firma Booth & Cia Ltda.
Durante anos, mesmo com o decréscimo das exportações de borracha, as companhias de transporte marítimo ainda mantinha viagem para Manaus, como a Booth Line Limited, Lamport and Holt Line e Lloyd Alemão.
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