Professor, advogado, político.
Nasceu no sítio Itapinima, Manicoré (AM), no dia 21 de agosto de 1920, filho de Zacarias Afonso Lindoso e Zenóbia Pereira Lindoso, ambos maranhenses.
Fez os primeiros estudos com a própria mãe, no seringal, vindo para Manaus aos 12 anos de idade, quando foi matriculado no grupo escolar Marechal Hermes, fazendo os preparatórios de admissão sob a orientação do professor Vicente Blanco, classificando-se em primeiro lugar no concurso para o Ginásio Amazonense Pedro II.
De pendor jornalístico, já no Ginásio, fazia um jornal de classe, manuscrito, fundou o Grêmio Humberto de Campos e integrou o grupo redacional do jornal Labor Amazônico, dirigido por Rafael Galloti. Ao ingressar no colégio Dom Bosco, onde foi fazer o curso Complementar, foi trabalhar em O Jornal, de Manaus.
Seu ingresso na política deu-se pelas mãos de Álvaro Maia (deputado federal, governador, interventor e senador da República, no Amazonas), ainda no PSD – Partido Social Democrático, figurando nas listas de candidatos a deputado estadual. Neste tempo foi professor de língua portuguesa no colégio Dom Bosco e em sua residência.
Ainda como estudante foi contrário à era Vargas, liderando movimentos estudantis na União dos Estudantes do Amazonas (UEA), sendo inclusive secretário geral
do 1º Congresso de Estudantes da Amazônia.
Na Faculdade de Direito do Amazonas, onde formou-se em 1946, foi orador da turma em que figuravam, dentre outros, Áureo Bringel de Melo, depois deputado federal e senador da República, Mário Ypiranga Monteiro, o mais respeitável historiador e folclorista do Amazonas, Mário Silvio Cordeiro de Verçosa, desembargador e presidente do Tribunal de Justiça em plena revolução de 1964, a qual se opôs na defesa do Tribunal.
Em junho de 1950 era professor da Faculdade de Direito do Amazonas, ministrando a aula inaugural, integrando o Conselho Técnico da Faculdade, por nomeação ministerial de março de 1952, ao lado de Lúcio Fonte de Rezende, depois desembargador e governador em exercício; Sadoc Pereira, Henoch da Silva Reis, depois ministro do Tribunal Federal de Recursos e governador; Benjamin Magalhães Brandão e David Alves de Melo.
Concorreu à cadeira de Economia Política, em concurso de 1954, sendo a banca composta pelos professores Análio de Rezende, David Mello, João Ricardo de Araújo Lima e Adriano Queiroz, do Amazonas; Ernesto Chaves Neto, do Pará; Antônio Martins Filho, João Perboyre e Silva e Magdaleno Girão Barros, do Ceará; José Salgado Martins do Rio Grande do Sul; e o desembargador João Rebelo Corrêa e promotor Domingos Alves Pereira de Queiroz, de Manaus. Nesta cátedra, foi aprovado Samuel Benchimol, sendo que José Lindoso foi designado o único Livre Docente da história da faculdade, vindo a reger também a cadeira de direito civil.
Foi secretário de estado da Educação do governo trabalhista de Plínio Coelho (1962/64), em curto período, e candidato a deputado federal em 1962 pela coligação UDN-PSD, quando ficou como primeiro suplente.
Com o movimento de março de 1964 foi novamente secretário de Estado da Educação e Cultura, no governo Arthur Cézar Ferreira Reis (1964/1967), por apenas 40 dias, manifestando-se contrário ao fechamento da Assembleia Legislativa do Estado. Por tal posição, perdeu a vaga para a candidatura a deputado federal pela Aliança Renovadora Nacional, conseguindo na Justiça a inscrição em sublegenda com apoio do grupo pessedista que se acomodara no partido do governo federal. Ao final foi eleito deputado federal, sendo então vice-líder do governo e membro da comissão de Constituição e Justiça.
Em 1970 foi eleito senador da República, contrariando a orientação local do governador João Walter de Andrade, com quem disputara, na intimidade do Palácio do Alvorada, a indicação para o cargo. No Senado foi vice-líder do governo, membro da Comissão de Constituição e Justiça, da comissão de Redação e de Segurança Nacional, chegando a 1º vice-presidente do Senado.
Foi admitido na Ordem do Rio Branco (1978)no grau de Grande Oficial, na Ordem do Congresso Nacional, no grau de Cavaleiro, a medalha José Bonifácio do Senado Federal, tendo ainda recebido as medalhas Mérito Tamandaré, Terceiro Centenário da Cidade de Manaus (1969), Cinquentenário da faculdade de Direito do Amazonas, 60 Anos da faculdade de Direito do Amazonas, Centenário de Clóvis Bevilacqua, Sesquicentenário da Independência do Brasil, Sesquicentenário da Instituição do Poder Legislativo e o título de sócio Grande Benemérito do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, fundado em 1917.
Integrou o Movimento Escoteiro, do qual foi entusiasta quando dirigente do SENAC, em Manaus, e depois como vice-presidente do Senado, apoiando as iniciativas da Região Escoteira do Amazonas
Governador do Estado do Amazonas (1979/1982), ao lado do vice-governador Paulo Pinto Nery, afastou-se do cargo para concorrer ao Senado da República, não logrando êxito. Sua proposta de governo cristão não foi bem implementada pela máquina administrativa e a enorme confiança dos políticos e intelectuais, foi cedendo espaço a desencontros políticos. Exerceu o cargo com retidão.
Seu governo foi marcado por inicaitivas de planejamento moderno e participativo que animou os municipios do interior, inclusive com tentativas de ampliação das atividades da zona franca parea municiípios do interior. por meio de lei específica que estimulava invesntimentos privados neste sentido, a criação do Tribunal de Contas dos Municipios, depois extinto, anos mais tarde, políticas sociais de amparo aos mais humildes, como hansenianos e com doenças nervosas, além de medidas no campo da cultura com a criação de Conselho Estadual de Defesa do patrimõnio Histórico, os tombamentos de bens imóveis e as primeiras restaurações técnicas feitas pelo governo, por meio do gabinete do vice-governador, modernização da Lei de Proteção dos Bens Históricos, oficialização de novo hino para o Estado, mediante concurso público de música e letra, regulamentação do brasão do Estado, conforme as descrições originais dos anos 1900 e a regulamentação da Banderia do Estado, também conforme os municipios existentes em 1897, quando de sua criação.
Na eleição seguinte, fez inscrever sua mulher – Amine Daou Lindoso – personalidade de grande trabalho social ao longo de muitos anos e com grande identificação popular -, como candidato a Prefeito de Manaus, sem êxito, e depois a deputado estadual em chapa a que concorreu a deputado federal, sem conseguir novo êxito político.
Integrou a Academia Amazonense de Letras.
Ele mesmo se definia como de linha filosófico cristã, inspirada em Jacques Maritain, desenvolvendo no plano prático de economia e humanismo pregado por Lebret.
Faleceu em Brasília.
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