Dramaturgo.
Nasceu em Manaus em 20 de julho de 1951, Álvaro foi repórter de jornal, ator, diretor e autor de teatro, fundando o Teatro de Cultura Popular, em outubro de 1974, depois denominado de Grupo de Teatro Paschoal Carlos Magno, onde trabalhou com Washington Alves e Carlos Aguiar.
Não conheço as razões – se é que cabem razões – que o levaram aos palcos, a conhecer os cenários, as luzes e os segredos da arte cênica. Nem sei também como surgiram os primeiros textos e a organização do grupo de teatro, com artistas jovens a desafiar a tudo e a todos, numa época em que pouco ou quase nada se conseguia fazer na velha cidade de Manaus. Por certo a alma e o sentimento, a dor e o sofrimento, as alegrias e esperanças que o nutriam.
São dele os textos Ciranda do Desamor (1975); Retrato de um Camarim (1977) , Final de Expediente (1980); E Agora José, livre adaptação (1980); A Ultima dança de Cátia Bolerão (1983); e as obras para o publico infantil, A procura de um Sorriso (1977), Um Fantasma para Sua majestade (1978); A Onça e o Bode, uma livre adaptação, (1978), O macaco que queria ser gente (1979), todos de considerável nível, levados a cena com boa acolhida do público. Parece que fugia das redações dos jornais para oferecer seu tempo aos palcos. Desde 1972 varreu a cena dos poucos espaços existentes, lançando seus próprios dramas, que eram sem o saber, dramas iguais de outros tantos caboclos e brasileiros.
A partir de 1975 sentou-se para escrever textos para teatro, para confrontar com o Repiquete, texto claramente regionalista, impregnado de caboclitude, que Francisco Carlos trazia da cidade de Itaquatiara, chegando a capital para marcar passagem.
Estreou com Ciranda do Desamor, para cuja encenação convocou Pedro Amorim para os trabalhos de direção, o mestre Álvaro Páscoa para a composição dos cenários, deixando os figurinos a cargo de Carlos Aguiar. Disputando os prêmios literários oferecidos à época pela Prefeitura Municipal de Manaus, quando Josué Filho era Secretário de Educação do Município e cuja banca julgadora integrei, defrontou-se com o texto Folias do Látex, de Márcio Souza, já então experimentado escritor, muito mais amadurecido do que o autor de A Ultima dança de Cátia Bolerão. Mesmo assim Álvaro conseguiu o segundo lugar.
Viveu a rivalidade entre os grupos locais, porque era o único artista local a ter acesso livre no Teatro Amazonas, para ensaios e apresentações. Desta rivalidade sacou o texto que apresentaria a seguir: Retrato de um Camarim, procurando mostrar os mais diversos problemas que feriam fundo os grupos de teatro amador que, sem trégua, persistiam com forte dose de heroísmo e quase irresponsabilidade. Tudo desabava sobre ele e seu grupo, designado de Teatro de Cultura Popular. Com ele o ator assumia o personagem. Na preparação de jovens atores foi auxiliado, aqui e ali, pouco depois, por José Corrêa que trazia para Manaus suas primeiras experiências, curtas experiências aliás, recolhidas no Rio de Janeiro.
Pensando na massa escreveu a sua Ciranda, enquanto discutia sobre as linhas mais técnicas ou filosóficas do teatro no Brasil; procurava as razões do sucesso do grupo do TESC, ou do GRUTA, ou ainda as razões do êxito do espetáculo Corpo a Corpo com Moacir Bezerra, que de tanto viajar por aí, perdeu o rumo de Manaus e nos deixou.
A peça A Procura de um Sorriso, foi mesmo a liberação dos seus sonhos infantis, e deixou a promessa de escrever um trabalho regionalista, forte, natural. Já então clamava todos os artistas a que enterrássemos a província, em clara alusão a forma de ver e de ser, dominante, naqueles anos. Participou de vários festivais de teatro como o III Festival de Inverno de Campina Grande, de 1979; o VIII Festival de Arte de São Cristóvão em 1980 e o V Festival de Inverno de Campina Grande em 1981.
Na ânsia de fazer arte para e com o povo, aproveitando as lições mais singulares e a realidade amazonense dirigiu o grupo de teatro da fábrica SHARP, trabalhando com operários, levando várias peças como A Bruxinha que era Boa, de Maria Clara Machado, As Aventuras de um Diabo Malandro, de Maria Helena Kunher, e Quem foi ao vento perdeu o assento, de Aníbal Beca, além do texto de sua autoria E Agora José, baseado no grande Carlos Drumond.
O palco era pequeno para seus sonhos e na televisão, em rápida carreira, foi produtor do programa Nosso Encontro, de Baby Rizzato.O tempo era pouco e o mundo pequeno.
Após seus falecimento, quando o autor foi ´residente da Empresa Amazonense de Turismo, criou o Teatro Caixa dá Agua, ao qual depois denominou de Teatro Álvaro Braga, teatro de bolso, que funcionava no reservatório do Mocó, em Adrianópolis.
Faleceu em Manaus em 7 de maio de 1983.
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