Nascido no Amazonas, em 7 de abril de 1866, era filho de José Cardoso Ramalho (português) e Maria Francisca da Conceição (brasileira). Estudou em Manaus e Portugal. Concluídos os estudos, retornou a Manaus iniciando-se no comércio no apoio aos serviços de mestre de obras realizados pelo pai, especialmente na prestação de contas dos contratos.
Pouco depois ingressou na política pelo Partido Democrata. Foi deputado estadual e deputado constituinte em 1892, ano em que foi secretário da Santa Casa de Misericórdia, Administrador das Capatazias da Recebedoria, Redator-Chefe do jornal Amazonas do Partido Republicano Democrata. Em 1896 foi eleito vice-governador ao lado de Fileto Pires Ferreira, reconhecidos pelo “Congresso Foguetão” (1896), para o período de 1896-1900.
Exerceu o governo em 1898 em razão de afastamento do titular, mas pouco depois se tornou governador por renúncia de Fileto, apresentada quando em viagem a Paris. Em decorrência disso cumpriu o restante do mandato (1898-1900), mesmo que a renúncia tenha resultado de falsificação e apesar dos recursos apresentados por Fileto Pires.
Em sua administração transcorreu parte da Revolução do Acre quando apoiou forças de resistência em defesa do território amazonense e reagiu ao esbulho do Governo Federal contra o Amazonas ao tomar-lhe imensa faixa de território. Concluiu a obra e inaugurou o Palácio da Justiça (1900), e finalizou a construção do Teatro Amazonas, inclusive do Salão Nobre, mas não se demorou na vida pública.
Seu terceiro matrimônio foi com Leonarda Antônia Malcher, filha de Leonardo Malcher, o que deve tê-lo aproximado do Movimento Espírita e principalmente da Federação Espírita Amazonense (FEA), sabido que seu sogro foi dos maiores patrocinadores da FEA. Teve três filhas: Judith, casada com Manoel Esperança Vianna; Magnólia, casada com Júlio José da Silva Nery, filho de Silvério Nery, e Myosotis, casada com José Victor Sobrinho.
Anos depois passou a residir no Rio de Janeiro, em cuja cidade desencarnou em 18 de setembro de 1952.
Pesquisas de Josie Nobre indicam dois registros da presença de Ramalho Júnior em atividades do Movimento Espírita: na sessão inaugural das atividades mediúnicas do Grupo Espírita “Filhos da Fé”, na residência do sogro, na Rua 24 de Maio, atual Edifício “Cidade de Manaus” (1889), no qual sua esposa Leonarda atuava como médium; e, na inauguração da sede da FEA, doada por Leonado Malcher, assinando a ata do evento.
Pode-se considerar que, por sua projeção social, ao participar de tais eventos, sinalizava pelo menos sua simpatia por tais atividades ou se envolvera nas suas práticas motivado por Leonardo Malcher, o que autoriza a sua inscrição entre os precursores do Movimento Espírita em terras amazônicas.
Referências:
BITTENCOURT, Agnello. Dicionário amazonense de biografias. Vultos do passado. Rio de Janeiro: Ed. Conquista, 1973, p. 419-420.
CAMPOS, José Cunha História do Espiritismo no Amazonas. 1.° ed. Manaus: FEA /UFAM, 1984, p. 5.
PEIXOTO. Ronney César Campos Peixoto. José Cardoso Ramalho Júnior: um político na seara espírita. In: Anais do IV Simpósio FAK, 2015, p. 120.
Vou ver a ata da FEA, do dia 02/10/1904.
« Back to Glossary Index